“A Ortodoxia manifesta-se, não dá prova de si”

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quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Ciclos Litúrgicos

O Grande Ciclo da Vida
A vida de um cristão ortodoxo pode ser vista como sendo composta de 5 ciclos. O primeiro de todos abrange a vida inteira do homem, do nascimento à morte e que consiste de ações litúrgicas que não podem ser repetidas, ocorrendo apenas uma vez no período da vida de uma pessoa, são: o Santo Batismo, o Santo Crisma e o Ofício fúnebre. Em acréscimo, também pertencem a este grande ciclo, os sacramentos ou bênçãos sacramentais, que conferem uma graça especial para um ofício particular ou vocação com a comunidade. São eles o Santo Matrimônio, a Tonsura monástica e as Santas Ordens.


O Ciclo Diário
Um outro grande ciclo que envolve a vida inteira de um cristão ortodoxo é o ciclo diário de orações e louvores oferecidos pela Igreja uma vez a cada 24 horas. Estes ofícios expressam nossas lembranças de eventos que aconteceram em determinadas horas e contém petições relevantes a essas memórias. Na antiguidade considerava-se que o dia começava com o pôr-do-sol de acordo com a seguinte ordem. A noite começava às 18:00 h e era dividida em quatro partes (chamadas de ‘horas’ ou ‘turnos’ – hora das mudanças das guardas): noite - de 18:00 h até as 21:00 h; meia-noite - das 21:00 h até as 24:00h; madrugada - das 24:00 h até as 3:00 h e manhã - das 3:00 h até às 6:00 h. O dia começava às 6:00 h e também era dividido em quatro partes ou ‘horas’. Primeira hora (6:00 h até às 9:00 h); Terceira hora (9:00 h até às 12:00 h), Sexta hora (12:00 h até às 15:00 h) e Nona hora (15:00 até às 18:00 h). Os ofícios ficariam, assim, divididos para cada parte do dia:

- noite: Completas
- madrugada: Ofício da Meia-noite, Matinas, e 1ª Hora canônica.
- manhã: 3ª e 6ª Horas canônicas, Sagrada Liturgia (ou Típika).
- tarde: 9ª Hora canônica e Vésperas.


Seguindo este padrão antigo, os cristãos ortodoxos começam cada parte do dia com oração em comum, o que resultou no agrupamento dos nove ofícios, normalmente divididos em dois grupos:

(1) Ofício da meia-noite, Matinas e primeira hora; terceira hora, sexta hora e Sagrada Liturgia (ou Típika).
(2) Nona hora, Vésperas e Completas.


A divisão acima é a mais comum nos Mosteiros ortodoxos, concentrando na madrugada (manhã) e ao cair da noite ofícios deixando o dia para os trabalhos rotineiros. Entretanto, cada mosteiro ou paróquia pode estabelecer sua rotina de ofícios.


A Sagrada Liturgia freqüentemente é incluída neste ciclo diário, sendo normalmente celebrada após a Sexta hora. Freqüentemente tratada como parte deste ciclo diário, a Sagrada Liturgia em um sentido teológico e místico, na realidade fica fora do tempo cronológico, uma vez que também serve como ponto de contato com o eterno, onde seus participantes são transportados a um ponto fora do tempo “onde não há passado, presente nem futuro, mas apenas o eterno Agora”. Nos dias em que não se celebra a Sagrada Liturgia, o Ofício de Típika é celebrado em seu lugar após a Sexta hora, formando, assim, parte do terceiro grupo de Ofícios Diários junto com a Terceira e a Sexta hora.


O Ciclo Semanal
Cada dia do ciclo semanal é dedicado a certas memórias e comemorações especiais:

  • O domingo é dedicado à Ressurreição de Cristo (pequena Páscoa).
  • A segunda-feira honra os Santos Poderes Celestes Incorporais (Anjos, Arcanjos, etc).
  • A terça-feira é dedicada aos profetas e especialmente ao maior dos profetas, São João Batista, o Precursor.
  • A quarta-feira é consagrada à Cruz e a lembrança da traição de Judas.
  • A quinta-feira venera os Santos Apóstolos e Hierarcas, especialmente São Nicolau, bispo de Mira em Lícia.
  • A sexta-feira também é dedicada à Cruz e rememora a Crucifixão de Cristo.
  • O sábado é dedicado a Todos os Santos, especialmente a Mãe de Deus, e à memória todos aqueles que partiram desta vida na esperança da ressurreição e da vida eterna.

O Ciclo Anual das Festas Móveis
O ciclo anual das Festas Móveis está centrado na Festa da Páscoa e é chamado móvel por que a data da Páscoa, a Festa das Festas, desloca-se para frente ou para trás a cada ano. As Festas que estão incluídas neste ciclo são: o Domingo de Ramos (o Domingo anterior à Páscoa), a Festa da Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo (40º dia após a Páscoa) e a Festa do Pentecostes (Descida do Espírito Santo sobre os apóstolos - 50º dia após a Páscoa).


O Ciclo Anual das Festas Fixas
Cada dia do ano é dedicado à memória de um evento particular ou de Santos e estas memórias sempre caem na mesma data a cada ano. Assim, em honra de cada evento ou Santo, cânticos especiais são acrescentados aos hinos usuais e orações do dia.


As Grandes Festas
Entre as Festas anuais da Igreja, um lugar de honra especial pertence à Festa das Festas, à Santa Páscoa. A seguir em importância vêm as 12 Grandes Festas, que podem ser divididas em dois grupos: Festas do Senhor e Festas da Mãe de Deus.

Grandes Festas do Senhor:

  1. Exaltação Universal da Venerável e Vivificante Cruz - 27 de setembro.
  2. Natividade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Natal – 7 de janeiro.
  3. Teofania de Nosso Senhor Deus e Salvador Jesus Cristo – 19 de janeiro.
  4. Entrada de Nosso Senhor Jesus Cristo em Jerusalém (Domingo de Ramos, domingo anterior à Páscoa).
  5. Ascensão de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (40 dias após a Páscoa).
  6. Descida do Espírito Santo (Santo Pentecostes – 50 dias após a Páscoa).
  7. Transfiguração de Nosso Senhor Deus e Salvador Jesus cristo (19 de agosto).

Grandes Festas da Mãe de Deus:

  1. Natividade da Santíssima Theotokos - 21 de setembro.
  2. Apresentação da Santíssima Virgem Maria no Templo - 4 de dezembro.
  3. Santo Encontro ou Apresentação de Nosso Senhor Jesus Cristo no Templo - 15 de fevereiro.
  4. Anunciação da Santíssima Virgem Maria, a Theotokos - 7 de abril.
  5. Dormição da Santíssima Virgem Maria, a Theotokos - 28 de agosto.