“A Ortodoxia manifesta-se, não dá prova de si”

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quinta-feira, 31 de julho de 2008

OrtoFoto

Polônia
autor: o.Serafim Telep

Patriarcas Bartolomeu I e Alexis II buscam melhorar relações entre Constantinopla e Moscou

Kiev, 30 jul (RV) - Foram dados passos avante no caminho para a unidade da Ortodoxia. Bartolomeu I e Alexis II, em colóquio em Kiev, na Ucrânia, estabeleceram aliança para melhorar as relações entre Constantinopla e Moscou e superar as divisões entre os ortodoxos ucranianos.

“Decidimos trabalhar juntos para melhorar as relações entre as duas Igrejas ortodoxas, a da Rússia e a de Constantinopla, porque ambos somos responsáveis pela unidade da ortodoxia.” Assim se expressou o patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, após o encontro com o patriarca de Moscou e de todas as Rússias, Alexis II. O colóquio, realizado a ‘portas fechadas’, teve lugar no domingo passado em Kiev, na residência do metropolita Vladimir, na conclusão das celebrações pelos 1020 anos de cristianismo na Ucrânia.

Se, por um lado, os festejos foram precedidos de dissabores e incompreensões entre Moscou e Constantinopla, por outro, o êxito dos eventos satisfez ambas as partes. Bartolomeu I defendeu a utilidade de “análogos encontros” “para fins de um diálogo construtivo, especialmente se existem problemas entre as Igrejas ortodoxas irmãs”. A afirmação refere-se às divisões existentes e crescentes entre os ortodoxos ucranianos.

Hoje em Kiev _ disse Alexis II _ “foram aprofundadas as questões controversas e concordamos sobre o fato de que as delegações das nossas comunidades devem dar respostas a esse respeito”.

O clima positivo foi coroado com uma Liturgia ecumênica presidida por Bartolomeu I e concelebrada por Alexis II juntos aos arcebispos ortodoxos de Atenas (Grécia), Hieronymos, e de Tirana (Albânia), Anastasios, ao metropolita de Kiev, Vladimir, e aos representantes das Igrejas ortodoxas locais.

Em sua homilia, o patriarca de Constantinopla chamou a atenção para a questão da unidade da Igreja e sobre o perigo de divisões que ofendem a Deus e tornam “os dons do Espírito Santo ineficazes para aqueles que são causa da divisão ou para aqueles que são indiferentes a ela”.

Em sua saudação, Alexis II declarou que “a unidade da ortodoxia russa não pode evitar que os Estados soberanos sucessores da Rus’ de Kiev vivam plenamente a sua existência”, ressaltando que a Igreja de Moscou “respeita a sua soberania e está interessada em incrementar o bem-estar de seus povos”.

No final dos festejos o patriarca de Moscou e de todas as Rússias fez um anúncio importante: o de querer participar do Sínodo pan-ortodoxo previsto para se realizar em Istambul em outubro próximo, após uma ausência de 8 anos. (RL)

quarta-feira, 30 de julho de 2008

OrtoFoto

Polônia
autor: Piotr Sterlingow

Antigo manuscrito da Bíblia estará disponível na Internet

Por Dave Graham
BERLIM (Reuters) - Mais de 1.600 anos depois de ser escrita em grego, uma das cópias mais antigas da Bíblia se tornará globalmente acessível via Internet pela primeira vez esta semana.

A partir de quinta-feira, partes da Codex Sinaiticus, que contém o Novo Testamento mais velho e completo, estarão disponíveis na Internet, afirmou a Universidade de Leipzig, um dos quatro conservadores do texto antigo.

Imagens em alta resolução do Evangelho de Marco, diversos livros do Velho Testamento e observações dos trabalhos feitos ao longo de séculos estarão em www.codex-sinaiticus.net, num primeiro passo para a publicação online integral do manuscrito até julho próximo.

Ulrich Johannes Schneider, diretor da Biblioteca da Universidade de Leipzig, afirmou que a publicação online do Codex permitirá que qualquer um estude uma peça "fundamental" para os cristãos.

Alguns textos estarão disponíveis com traduções em inglês e alemão, acrescentou.

Especialistas acreditam que o documento, datado de aproximadamente do ano 350, possa ser a cópia mais antiga conhecida da Bíblia, junto com o Codex Vaticanus, outra versão antiga da Bíblia, colocou Schneider.

"Acho que é fantástico que graças à tecnologia agora podemos tornar acessíveis os artefatos culturais mais antigos -- aqueles que de tão preciosos não poderiam ser vistos por ninguém -- numa qualidade realmente alta", explicou Schneider.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Restos descobertos em 2007 são dos filhos do tzar Nicolau II

MOSCOU (AFP) — Os restos humanos descobertos em 2007 na região de Ekaterinburgo (Urais) são do filho do tzar, o tzarevich, e de sua irmã Maria, assassinado com toda a família imperial há 90 anos, concluiu a promotoria russa citada nesta quarta-feira pela agência Interfax.

A promotoria confirmou que todos os resultados científicos de um teste de DNA coincidem com a hipótese de que esses fragmentos de corpos são do filho e de uma das quatro filhas do último tzar da Rússia, Nicolau II.

A família imperial russa foi executada na madrugada de 17 de julho de 1918 na região de Ekaterinburgo por ordem dos bolcheviques, que tomaram o poder na revolução de outubro de 1917.

Os resultados publicados hoje foram obtidos graças a três análises na Rússia, no Instituto de Genética Vavilov, nos Estados Unidos, em um laboratório do Pentágono, e na cidade austríaca de Innsbruck, informou Vladimir Soloviev, pesquisador da promotoria russa à televisão Rossia.

Os corpos dos demais membros da família Romanov - os do tzar, sua esposa e suas outras três filhas -, extraídos de uma vala comum de Ekaterinburgo em 1991, foram oficialmente identificados em 1998 pelo governo russo e enterrados com grande pompa na antiga capital imperial de São Petersburgo.

Então ocorreu uma forte polêmica sobre a autenticidade dos corpos. A Igreja ortodoxa russa colocou em dúvida os resultados dos exames de DNA.

Centenas de fiéis russos ortodoxos se preparam em Ekaterinburgo para comemorar o 90º aniversário da morte de Nicolau II e sua família.

Aumentou a visita de seus seguidores a Igreja do Sangre Derramado, o santuário erguido no local onde Nicolau II, sua esposa e seus cinco filhos foram executados.

"Nicolau amava seu povo. Ele levantou a Rússia e fez da Rússia uma grande potência", declarou religiosa Nina, de 71 anos.

A imagem da família do tzar mudou depois da queda da União Soviética e quando a Igreja Ortodoxa canonizou seus membros.

Ekaterinburgo é o lugar central das comemorações, cujo momento mais importante será na quinta-feira, data exata dos 90 anos da execução.

Não está prevista a presença do presidente russo Dimitri Medvedev, levando em conta a atitude prudente a respeito dos temas soberanos de seu predecessor Vladimir Putin.


segunda-feira, 28 de julho de 2008

OrtoFoto

Polônia
autor:Adam Falkowski

Patriarcas ortodoxos de Constantinopla e da Rússia celebram liturgia em Kiev

KIEV (AFP) — O patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, líder espiritual dos ortodoxos, e o patriarca ortodoxo russo, Alexis II, celebraram juntos neste domingo, em Kiev, uma liturgia, num clima de tensão eclesiástica entre Rússia e Ucrânia.

Os dois religiosos participaram na Ucrânia nas celebrações dos 1020 anos da cristianização da Rússia de Kiev (principado eslavo situado na atual Ucrânia e uma parte da Rússia ocidental).

A liturgia foi realizada ante o monumento de São Vladimir, o príncipe que impôs o cristianismo de rito grego à Rússia de Kiev.

O presidente ucraniano, Viktor Iuchtchenko, aproveitou as festividades para pedir ao patriarca de Constantinopla a bênção para a criação na Ucrânia de uma Igreja ortodoxa unida, independente do patriarcado de Moscou, que considera esta ex-república soviética sob sua jurisdição.

domingo, 27 de julho de 2008

História Resumida do Patriarcado de Constantinopla

Calendário Litúrgico da Igreja Ortodoxa da Polônia de 2003
Tradução do Rev. Ighúmeno Lucas

O fundador da primeira comunidade cristã em Bizâncio (pequena cidade junto ao estreito de Bósforo, no local onde o Imperador São Constantino, o grande construiu no século IV a cidade-capital de Constantinopla) foi o apóstolo André. Como cita o texto “Milagres de Santo André” de autoria de São Gregório de Tours (538-594) ele sagrou como bispo seu discípulo Eustáquio e seguiu para o norte para os lados das terras da futura região de Kiev.

As regiões do posterior patriarcado foram cristianizadas, também, por outros apóstolos. Por lá seguiram os caminhos missionários da viagem apostólica de São Paulo e Barnabé. A Igreja de Éfeso por vários anos foi dirigida pelo apóstolo João , o teólogo. Para o desenvolvimento da Igreja contribuíram, também, fatores de natureza político-econômica. No século IV Constantinopla tornou-se a capital do império, graças a isso cresceu também significativamente o papel da Igreja local e seu bispo. A nova capital era chamada “Nova Roma” e no 2° Concílio Ecumênico (381) foi concedida ao bispo de Constantinopla a primazia de honra depois do bispo de Roma.

A Igreja de Constantinopla conquistou no mundo cristão daquele tempo ampla autoridade graças a notáveis personalidades que ocuparam sua cátedra.

Foram bispos de Constantinopla, entre outros: São Gregório de Nazianzo (379-381), São Nectário (381-397) e São João Crisóstomo (398-404).

No tempo do patriarca Nectários foram tomadas as primeiras iniciativas com o objetivo de concessão ao bispo de Constantinopla autoridade jurisdicional sobre um território maior, porque até este tempo sua jurisdição abrangia exclusivamente a região da cidade de Constantnopla,. Foi criado um sínodo fixo junto à cátedra patriarcal chamado sínodo endymes. Em sua composição entravam bispos presentes, no momento, na capital do império sem importar qual a sua jurisdição.

No 4º Concílio Ecumênico em Calcedônia (451) ratificaram finalmente o lugar da Igreja de Costantinopla entre as outras igrejas locais. Os padres do concílio com o cânon geral, deliberaram: “...reunidos no Concílio do tempo do piedoso imperador Teodósio decidimos quanto aos privilégios da Santa Igreja de Constantinopla, Nova Roma e deliberamos o mesmo. Visto que os Padres concederam privilégios à cátedra da antiga Roma, porque era a cidade do imperador. Por estes mesmos motivos 150 bispos concederam privilégios iguais à cátedra da Nova Roma, justamente tendo ponderado, que a cidade, que elevou-se em dignidade ser cidade do imperador e do Conselho Superior, assim como possui os mesmos privilégios que o antigo império romano, ficará também elevada em questões eclesiásticas de igual modo a Roma, e será a primeira imediatamente após ela...”. Este cânon provocou forte oposição da parte dos bispos de Roma, que não queriam aceita-la vendo nele ameaça à Igreja de romana. O imperador Justiniano querendo regularizar a situação entre os patriarcados (Roma e Constantinopla) e definir sua hierarquia emitiu um édito especial: “Em concordância com as decisões (dos concílios) decidimos que Sua Santidade o Papa da antiga Roma é o primeiro entre todos os bispos, enquanto o Santo Arcebispo de Constantinopla, Nova Roma, ocupa a segunda capital em hierarquia, depois da santa capital apostólica em Roma, mas que tenha primazia ante todas as outras capitais”. Finalmente afirmaram, então, que alegrando-se com a mesma honra que Roma nos dípticos eclesiásticos, Constantinopla passa a ocupar o lugar após ela.

No século VII na composição do patriarcado de Constantinopla entravam 418 bispados, 33 metropolitas e 34 arcebispos. Importantes papéis na vida da Igreja desempenharam, também, os monges. Em 536 somente em Constantinopla havia 68 mosteiros, enquanto em Calcedônia (parte da cidade do lado asiático do Bósforo) havia em torno de 40. De igual modo aconteceu em todo o território do patriarcado.

Constantinopla desenvolveu-se como centro cristão de ciência, cultura e arte, aqui ocorreram os debates do 2º, 5º e 6º Concílios Ecumênicos.

Infelizmente, também, em Constantinopla tiveram lugar os mais tristes acontecimentos da história da Igreja. No dia 16 de julho de 1054 representantes do papa Leão IX – o cardeal Humberto, o arcebispo Pedro de Analfia e Frederico de Lotaríngia excomungaram o patriarca Miguel Celulário e a Igreja do oriente. O sínodo patriarcal respondeu com igual decisão. Este cisma do ano de 1054 não foi ainda a separação definitiva da Igreja oriental e ocidental. A separação definitiva ocorreu depois da 4ª cruzada, que ao invés de libertar a Terra Santa, em 1204 invadiu e saqueou Constantinopla. Seus templos foram profanados. Milhares de moradores sucumbiram, outros tiveram que fugir da cidade. De parte do império bizantino criaram o “Império Latino do Oriente”, com patriarca latino subordinado ao papa.

O patriarca ortodoxo e autoridades civis do império transferiram-se para Nicéia. O imperador Miguel VIII Paleólogo em 25 de julho de 1261 derrotou os cruzados e recuperou Constantinopla. No renovado patriarcado foram criadas 35 metropolias, 7 arcebispados e dezenas de bispados. Havia chegado o tempo chamado de “Renascença dos Paleólogos”, que caracterizou-se não apenas por excepcional desenvolvimento da vida monástica (hesicasmo) mas também por sua influência na cultura, arte e mesmo na política. Os mais eminentes nomes deste período foram São Gregório Palamas, São Gregório, o Sinaíta, e São Nicolau Cabasilas. Não foram, entretanto, anos felizes para o império. DE todos os lados os inimigos ameaçavam-no. Os imperadores tentando salvá-lo voltavam-se com pedido de ajuda até mesmo para a cavalaria do ocidente. Em suas tentativas até mesmo concordaram com o conteúdo das decisões dos Concílios Uniatas (visavam a reunificação da Igreja) de Lion (1274) e de Florença (1431). Além da confusão religiosa e intranqüilidade interna não trouxeram nenhum efeito.

No dia 29 de maio de 1453 os turcos ocuparam Constantinopla e Bizâncio deixa de existir. A Igreja, entretanto, não foi destruída, pois as autoridades turcas permitiram às minorias religiosas conservar sua autonomia interna, e isto abrangia também os cristãos. O sultão Maomé II passou a autoridade patriarcal às mãos de Genádio II. Os patriarcas pessoalmente responsabilizaram-se pela lealdade dos cristãos face às autoridades turcas e às suas decisões no território de todo o império otomano.

Depois da mal-sucedida insurreição grega em 1821, na noite de Páscoa enforcaram o patriarca Gregório V, 14 arcebispos – membros do Santo Sínodo, importantes fanares (gregos ricos do bairro de Fanar em Constantinopla), assim como limitaram os direitos do patriarca e a liberdade dos cidadãos cristãos.

Apesar de tais terríveis repressões as insurreições não eram raras. As autoridades turcas locais as provocavam porque muito frequentemente violavam os direitos dos cristãos. Felizmente, com o passar do tempo os cristãos conquistaram cada vez maior simpatia das potências européias. Em conseqüência da ação comum dos países europeus (particularmente a Rússia) e insurrectos em 1830.

A Grécia consegue a independência. Isto forçou o sultão a reformas nas relações internas dos países. Os cristãos conseguiram mais direitos e liberdade. Em 1920 termina a guerra grego-turca. Como resultado do acordo de Lausane em 1923 a população grega foi expulsa. O patriarcado perdeu em torno de 1,5 milhões de fiéis, o que levou à extinção de muitas dioceses asiáticas. A redução da Igreja de Constantinopla também estava relacionada com a independência de igrejas locais, que receberam o status de Igrejas autocéfalas - por exemplo, a Igreja da Polônia em 1925.

Os traços característicos do patriarcado de Constantinopla nos tempos atuais são a abertura para o mundo e o movimento ecumênico. Este processo foi iniciado pelo patriarca Atenágoras I. Em 1965 isto levou à remoção recíproca da excomunhão de 1054 (encontro do patriarca Atenágoras I e do papa Paulo VI em Jerusalém em 1964).

Atualmente o patriarcado compõe-se de 5 dioceses na parte européia da Turquia (aproximadamente 30 mil fiéis), 35 dioceses no norte da Grécia, ao nas ilhas gregas, assim como muitas fora da Europa, por exemplo, em ambas as Américas (acima de 2 milhões de fiéis), Austrália, Nova Zelândia, Grã-Bretanha, França, Áustria, Bélgica e Suécia. O patriarcado também possui numerosos centros monásticos, por exemplo: Athos, Pamos. Em Chambes perto de Geneve possui um centro no qual executa atividades educativas e ecumênicas. O patriarcado possui suas próprias escolas teológicas (a maioria fora da fronteiras da Turquia), editora e centros eclesiástico-ecumênicos. No mundo todo existe em torno de 5 milhões de fiéis do patriarcado de Constantinopla. Sob sua jurisdição permanece também a Igreja Autônoma da Finlândia.

Os patriarcas de Constantinopla usam o tradicional título bizantino – “Arcebispo de Constantinopla, Nova Roma e Patriarca Ecumênico”. O patriarca atual é Bartolomeu I que é o 232º patriarca de Constantinopla. Nasceu a 12 de março de 1940 na ilha de Imbros (Turquia). No dia 25 de dezembro de 1973 ocorreu a sua quirotomia parta bispo. A eleição de Bartolomeu para chefe da Igreja de Constantinopla se deu em 22 de outubro e sua entronização no dia 2 de novembro de 1991.

A residência do patriarca e sua cátedra na Igreja de São Jorge, grande-mártir situam-se em Fanar (bairro de Istambul).

No ano de 1987 o patriarca Demétrio I realizou uma visita oficial à Igreja da Polônia. O atual patriarca ecumênico Bartolomeu I visitou a Igreja da Polônia duas vezes, em 1998 2 2000.



S. Santidade BARTOLOMEU I
Arcebispo de Constantinopla - Nova Roma
Patriarca Ecumênico

sábado, 26 de julho de 2008

Comemoração de São Gabriel,Arcanjo - 13/26 jul


São Gabriel é um dos poucos arcanjos mencionados pelo nome na Bíblia. Existem quatro aparições suas: no Antigo Testamento em Daniel 7 e 9 e no Novo Testamento anunciando o nascimento de São João Batista para Zacarias e anunciando a Maria a vinda de Jesus. Não é errado supor que fosse São Gabriel quem apareceu para São José e os pastores.

Ele é o anjo da Encarnação e da Consolação. Na tradição Cristã, Gabriel sempre aparece como anjo do perdão enquanto que Miguel é o anjo julgador. Simultaneamente, inclusive na Bíblia, Gabriel é, segundo seu nome, o anjo do Poder de Deus. Para os Judeus, no entanto, Gabriel é que é o julgador e Miguel o anjo do perdão.

Entre todos os anjos, foi Gabriel o escolhido para anunciar a Maria os desígnios de Deus e saúda-la com a oração "Ave Maria, cheia de graça; o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres" (Lucas I, 28). Esta oração se tornou uma das orações mais repetidas pelo povo Cristão.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

História Resumida do Patriarcado de Jerusalém

Calendário Litúrgico da Igreja Ortodoxa da Polônia de 2003
Tradução Igúmeno Lucas
A Igreja de Jerusalém é a mãe de todas as Igrejas. Em Jerusalém foi realizada a obra de nossa salvação e no dia de Pentecostes nasce a Igreja de Cristo. Por primeiro bispo da Igreja de Jerusalém considera-se São Tiago, irmão de nosso Senhor Jesus Cristo.

O desenvolvimento local do Cristianismo não foi um processo tranqüilo, desde o começo foi acompanhado de perseguições – deram suas vidas por Cristo o santo Arcediago Estevão (At. 6,8 – 7,60) e o apóstolo Tiago. Em 51 teve lugar aqui o chamado Concílio de Jerusalém no qual foi resolvida a questão sobre a forma de recebimento dos pagãos na Igreja. No ano de 70, depois da insurreição judia contra o poderio dos imperadores romanos, Jerusalém é destruída e seus moradores são obrigados a abandonar as ruínas da cidade. As relações entre cristianismo e judaísmo são finalmente rompidas. Em 135 o imperador Adriano, sobre os escombros da antiga cidade de Jerusalém, constrói nova cidade chamada Aelia Capitolina. Para a cidade voltam os cristãos, sobre os quais o cuidado espiritual exercia o bispo Marcos. Os cristãos passam a proteger os lugares santos e a organizar missões entre as populações das redondezas. A Igreja de Jerusalém começa a desenvolver-se dinamicamente e a obter importância cada vez maior em toda a região.

O bispado de Aelia (Jerusalém) apesar do status particular e significância espiritual, administrativamente estava subordinado ao Metropolita da cidade de Cesárea Palestina, que era a capital da província.

Os primeiros séculos para os cristãos de Jerusalém assim como para os cristãos de todo o império romano, foi um tempo de perseguições da parte dos imperadores pagãos. As perseguições cessam apenas no governo de Constantino, o Grande que restituiu à cidade o seu nome e esplendor antigo. Limpou-a de todos os templos pagãos e construiu novas igrejas relacionados com a vida e atividade do Salvador. Destacava-se entre outros o templo da Ressurreição do Senhor, que junto com outras construções sagradas constituía o conjunto da Basílica do Túmulo do Senhor. Nestes tempos também surge o dinâmico movimento do monasticismo. Surgem vários mosteiros os mais famosos são o Mosteiro de Santa Catarina, no monte Sinai e o mosteiro de São Sava, o iluminado. A Igreja de Jerusalém conseguia prestígio cada vez maior e fica elevada acima de todas as Igrejas locais das redondezas.

Os bispos de Jerusalém envidavam esforços para a concessão à Igreja Santa e a dignidade de patriarcado tanto no século IV como no século V. Isto foi causa de vários conflitos com o Metropolita de Cesárea Palestina a quem Jerusalém era subordinada. No III Concílio Ecumênico em 431, o bispo de Jerusalém, Juvenal, exigia o desligamento da Igreja de Antioquia: Palestina, Fenícia, Arábia e ainda subordinação deles ao novo Patriarcado com sede em Jerusalém. Opuseram-se a isso tanto, o então, Patriarca de Antioquia João como seus sucessores. Esta questão permaneceu sem solução até o IV Concílio Ecumênico em 451. Neste concílio o bispado de Jerusalém foi elevado à dignidade de patriarcado sendo concedido a ele o quinto lugar na hierarquia das Igrejas da antiguidade, depois de Roma, Constantinopla, Alexandria e Antioquia.

Heresias afligindo toda a Igreja Cristã da antiguidade não evitaram a Palestina também. Contra a heresia do arianismo foi convocado aqui, em 335, o Concílio de Tiro. O maior defensor foi, então, São Cirilo bispo de Jerusalém. No período de querelas monofisitas, em defesa da fé, participou ativamente o Santo Patriarca Juvenal e sofreu no exílio por seu fervor ortodoxo. Depois do retorno do exílio em 457 convocou um concílio, que ratificou as decisões do IV Concílio Ecumênico da Calcedônia. Do mesmo modo em fases posteriores da luta contra o monofisismo, o patriarcado de Jerusalém e seu patriarca Elias, inflexivelmente defenderam a pureza da fé. Opuseram-se aos pedidos de união dos imperadores Zenon e Anastácio. Continuaram a luta com a heresia monofisita os patriarcas de Jerusalém até o fim das querelas, o que ocorreu apenas no governo do Imperador Justino (518-527). Durante todo o período das desavenças dogmáticas, a Igreja de Jerusalém foi apoiada pelos monges palestinos. Grandes monges como Santo Eufêmio (+473) e São Teoctisto (+464) deram começo a uma linhagem de monges cultos e instruídos chamados “teólogos do deserto”.

No período das desavenças dogmáticas surge um significativo esfriamento das, até então, amistosas relações entre a Igreja de Jerusalém e a de Roma. Contribuiu para isso o Papa Hormisda (514-523), que desejou a exclusão dos dípticos das igrejas de todos os patriarcas de Constantinopla que (de Acácio a Timóteo) que assinaram a união com o Imperador Zenon. O Patriarca de Jerusalém, afirmou que tais patriarcas fizeram isto com o objetivo de manutenção da paz na Igreja e não porque fossem heréticos.

Depois do Imperador São Constantino, o Grande os seus sucessores protegeram Jerusalém. O maior período de florescimento da Igreja de Jerusalém deve-se ao Imperador Justiniano (527-565). Seu excepcional interesse pelo patriarcado mostra-se pela construção de templos e mosteiros, como por exemplo a Igreja da Mãe de Deus junto ao templo de Salomão (543). Com igual preocupação distinguiram-se imperadores de períodos posteriores. Heráclito, em resposta à ofensiva persa na Palestina no começo do século VII, não só organizou uma expedição, que em 614 libertou Jerusalém. Como também resgatou o Patriarca Zacarias raptado pelos persas, assim como reconstruiu templos destruídos por eles.

Em 637 Jerusalém foi conquistada pelo califa Omar. Oficialmente o patriarcado não perdeu os direitos sobre os lugares santos. Os soberanos reconheceram o estatuto interno e específico do culto do patriarcado. Apesar disso, a ocupação da Cidade Santa foi o começo de sua lenta queda. No período da dominação árabe a maioria dos califas desejava a islaminização das nações dominadas por eles. Grandes perseguições tiveram lugar na época do califa Omar II (711-720) e intensificaram-se ainda mais na 2ª metade do século X, quando o Patriarca João VII (964-966) foi assassinado. Neste período, na gestão do califa Al-Hakima (966-1020) foi incendiado o templo da Ressurreição do Senhor. Apesar de tão duro jugo a Igreja de Jerusalém permanecia o centro da Ortodoxia. Isto foi particularmente visível durante a luta iconoclasta, tempo no qual um dos mais famosos defensores do culto aos ícones foi São João Damasceno (+749).

A dominação árabe e as perseguições iconoclastas não foram, entretanto, as maiores atribulações do patriarcado. Seu destino tornou-se ainda mais amargo quando os turcos tomaram o poder sobre a Palestina em 1078. Eles praticamente não tinham idéia de tolerância religiosa e os tempos cristãos foram fechados. Cessaram todas as peregrinações. Isto levou à uma efervescência em toda a Europa e foi a causa direta da organização das cruzadas. Em 1099 os cavaleiros da primeira cruzada conquistaram Jerusalém e fundaram aí um estado latino. Simão o patriarca grego de Jerusalém foi exilado e morreu na ilha de Chipre. Para o trono patriarcal foram nomeados latinos, forçando o clero grego a submeter-se a eles. Os latinos também tomaram posse da maior parte dos lugares santos. Aos gregos restou o direito a apenas parte do templo da Ressurreição do Senhor, do túmulo do Senhor e de alguns mosteiros próximos ao rio Jordão. Nesta época os patriarcas de Jerusalém eram escolhidos e conduziam sua atividade pastoral em Constantinopla.

O período de dominação doa cruzados sobre os lugares santos, entretanto, não durou muito. Mamelucos, bárbaros de procedência turca, que assumiram o poder sobre o Egito por volta de 1254, e em 1268 assumiram o controle sobre a Palestina e Síria. Depois da expulsão dos cruzados de Jerusalém, os gregos novamente tomaram posse dos lugares santos. Lentamente foi verificada a tradição ortodoxa aqui. Ainda assim, neste período não faltaram perseguições.

Em 1517, assumiram o poderio sobre Jerusalém os sultões de Constantinopla (Selim I). Isto significava a diminuição da já limitada tolerância religiosa. Sério problema, também, constituía a falta de meios materiais para a reconstrução dos templos destruídos. Ajuda ocorreu procurar fora das fronteiras do império otomano. Foram estabelecidas, então, relações bastante próximas com a Rússia. Estas relações foram tão importantes, que neste período da história da Igreja de Jerusalém caracterizou-se por anos de disputas e lutas pela guarda dos lugares santos entre cristãos de diversas confissões. Diversas vezes tais disputas se agravaram a ponto de serem contestadas em fórum internacional. Apoio financeiro e diplomático de potências ortodoxas mostrou-se, então, indispensável. O problema foi resolvido, finalmente em Paris em 1856. Foi incluído então, um sistema tripartite entre a Turquia, França e Rússia, na força do quais todos os lados pretendentes do direito de guarda dos lugares santos, comprometeram-se com as reformas e reconstruções de templos destruídos. Tal sistema, com pequenas mudanças, mantém-se até hoje.

Em 8 de dezembro de 1917 os ingleses entraram na Palestina. Encontraram o patriarcado imerso em disputas entre ortodoxos de procedência árabe e grega. O problema árabe consistia das limitações ao acesso a funções eclesiásticas superiores. No ano de 1926 foi convocada uma comissão com objetivo de solucionar este conflito. A disputa entre os árabes e gregos foi amenizada pelo patriarca Timóteo (a partir de 1931). Lentamente ele aumentou a participação dos árabes no comando da Igreja. Já no seu tempo foram restaurados uma série de templos assim como foi organizada a solenidade dos 1500 anos de existência do patriarcado.

Em 1957 sobe ao trono o patriarca Benedito I. Em sua versátil atuação conseguiu grande reconhecimento por dois acontecimentos. Graças a seus esforços em 1958 o rei Hussein da Jordânia editou resolução que obrigava o seu governo a dar plena proteção ao patriarcado. Em 1964, em Jerusalém, ocorreu o encontro do patriarca de Constantinopla Atenágoras com o papa católico Paulo VI. Infelizmente, tais promissoras relações com a Igreja Católica Romana não foram duradouras. Em 1989 o patriarcado de Jerusalém afastou-se do movimento ecumênico em sinal de protesto em face o crescente proselitismo por parte da Igreja Católica Romana. Depois da morte do patriarca Benedito I, a partir de 1981 o patriarca de Jerusalém passa a ser Diódoros I.

O patriarcado de Jerusalém conta hoje com 16 metropolitas, dois arcebispos e dois bispos. A fraternidade do Túmulo do Senhor é um órgão colaborador do patriarcado. Sua composição compreende aproximadamente 130 pessoas; patriarcas, arcebispos, sacedortes, diáconos e monges. A Igreja de Jerusalém tem aproximadamente 300 mil fiéis. Parte deles vive na Jordânia, assim como na diáspora; na América, África e Austrália.

Oficialmente o título de patriarca é: “Beatíssimo Patriarca da Cidade Santa de Jerusalém e Toda a Palestina”. A residência do patriarca de Jerusalém situa-se em Jerusalém e a cátedra patriarcal é a catedral da Ressurreição de Cristo.

Em 22 de Agosto de 2005, o Santo Sínodo elegeu por unanimidade um novo patriarca, Theófilos III como novo Patriarca de Jerusalém. Pela primeira vez na história moderna do Patriarcado de Jerusalém um patriarca foi eleito de forma unânime".

Sua Beatitude THEOPHILOS III

terça-feira, 22 de julho de 2008

OrtoFoto

Tonsura Monástica
Mosteiro de São Nicolau
Vila do Conde, Paraíba

"Como Devemos Confessar"

Antes de ir confessar, cada um de vós, ortodoxos, deve tentar se lembrar de todos os seus pecados, voluntários e involuntários, deve atentamente perscrutar a sua vida para, se possível, se lembrar de todos os seus pecados, cometidos não só após a última confissão, mas de outros, antigos, não confessados por esquecimento. Depois, com humildade e sinceridade, deve se aproximar à Cruz e ao Evangelho, e começar a confessar os seus pecados.

1. Confessa os seus pecados com sinceridade, se lembrando que você está contando-os não à uma pessoa, mas ao próprio Deus, Que mesmo antes de você contar tudo, já conhece todos os seus pecados e tão somente quer a sua confissão do cometido. Também, não tenha vergonha do padre; ele também é homem como você, ele conhece perfeitamente as fraquezas dos homens e a propensão do homem ao pecado e por isso o padre não pode ser o seu juiz severo na confissão. - Mas, será que você está envergonhado e tem medo de perder a sua boa imagem perante ele? Pelo contrário, se você está procurando de impressioná-lo pela sua perfeição, o padre, vendo e ouvindo a sua sincera confissão, sentirá por você um amor ainda maior. Além disso, se você está envergonhado de abrir os teus pecados perante um padre, como você suportará esta vergonha, quando aparecerás no Último Juízo onde, se você não se livrar dos pecados mediante penitencia, todos eles se revelarão perante Deus, Seus anjos e todos os homens conhecidos e desconhecidos ? - Então, desejando se livrar dos pecados aqui e do sofrimento eterno lá, você deve obrigatoriamente contar abertamente ao padre todos os seus pecados. Porém confessando perante padre tudo abertamente, você não deve adicionar nada e não se deve culpar por atos não cometidos por você, como aliás muita gente faz; algumas pessoas, mesmo não tendo cometido certas coisas, sempre respondem "pequei" - e isto é muito mal.

2. Conta detalhadamente todos os seus pecados. Há muitas pessoas, que ao confessar dizem só: "Pequei, pequei contra tudo, por atos, palavras e pensamentos." Não é esta a confissão, exigida pela Santa Igreja. Na confissão, você deve abrir-se ao seu padre de tal forma, que ele entenda você; mas, quando você só diz: "pequei contra tudo por atos, palavras ou pensamentos," ele não poderá entender você; mesmo sem esta confissão, ele já sabe que você é pecador e não é um santo. Também, há outros que dizem: "pequei em cada meu passo." Isto também não está certo: nem sempre a pessoa peca em cada passo; há casos em que a pessoa andando faz boas ações - como, por exemplo, se com empenho cristão e alegria no coração se dirige à igreja para rezar, ou então para um outro lugar em busca de um bom conselho, ou para fazer algo de bom; nestes casos, cada passo é dirigido à um bom ato. Isto significa, que quando a pessoa, ao confessar, diz que "peca em cada passo," ela não fala verdade. Precisamos confessar cada pecado em separado. São João Crisóstomo diz: "Devemos não só dizer: pequei, ou sou um pecador, mas devemos mencionar todas as espécies do pecado," isto é, devemos mencionar cada pecado em separado. "A revelação dos pecados," diz São Basílio Grande, "é subordinada à mesma lei que a revelação das doenças do corpo." O pecador é uma pessoa, que tem a alma doente e o padre é o médico; portanto, devemos contar os nossos pecados ao nosso padre da mesma forma que um doente, que está procurando a cura, conta tudo sobre as suas dores ao médico.

3. Na sua confissão, não fale sobre outras pessoas, como o faz muita gente: muitas vezes, na confissão os pais reclamam dos filhos, a sogra - da nora, o marido culpa a mulher de infidelidade, a mulher - do mesmo o marido, que confissão é esta? Isto não é uma confissão, isto é uma condenação e significa um novo pecado. Você deve falar exclusivamente dos seus própios pecados, sem envolver outras pessoas, Também, se o padre faz uma pergunta e a pessoa responde: "nisso, todo mundo peca," tais palavras são erradas; o que você tem com isso? Irmãos, na confissão devemos falar dos nossos pecados, e não dos de outras pessoas.

4. Não tente se justificar de alguma forma como, por exemplo, pela doença ou pelo costume, etc. Na confissão, quem mais se justifica, menos será justificado por Deus e quem mais se culpa, mais será perdoado. Portanto, não nos devemos justificar na confissão e pelo contrário, mais nos culpar, para sermos dignos de receber perdão de Deus.

5. Não responda a uma pergunta do padre: "Não sei, não me lembro, talvez até pequei contra isso." Deus mandou que nós nos sempre lembremos dos nossos pecados; e para não se justificar pela falta de memória, devemos confessar com a maior freqüência possível. Os antigos cristãos confessavam e comungavam todo domingo, ou pelo menos 1 vez por mês; e agora a Santa Igreja ordena, que todos confessem 4 vezes por ano nos jejuns, e obrigatòriamente pelo menos 1 vez por ano, na Santa Quaresma. Isto significa, que se algumas pessoas, por sua comodidade, não confessam durante vários anos e desta forma esquecem os seus pecados, nisto só elas mesmas são culpadas e por isso não podem esperar, que os pecados não confessados sejam perdoados. Por isso, obrigatòriamente devemos tentar nos lembrar de todos os pecados e não dizer: "Não me lembro, talvez até pequei contra isto." Quando alguém nos deve algo, nós nos sempre lembramos desta dívida, e mesmo assim esquecemos as nossas dívidas a Deus ! Será, que isto não é da nossa parte o máximo desleixo e a máxima falta de interesse pela nossa alma?

6. Sem ser perguntado pelo padre, nunca mencione aquilo, em que você não pecou, ou o que você não fez. Há muita gente que confessa assim: "Eu não matei ninguém, não roubei nada de valioso e também não cometi nenhum outro grande pecado." Isto significa, que você se vangloria igual ao fariseu da parábola do Evangelho e isto não é nenhuma confissão e portanto, você só aumenta a sua condenação. Ainda mais: como você pode dizer: "eu não cometi nenhum grave pecado"? Você se irritou com o seu irmão sem motivo algum, portanto, isto é um pequeno pecado? Isto, conforme a palavra de Deus é igual ao assassinato (1 João 3:15). Você criticava o outro, portanto, isto é um pequeno pecado? Mesmo, se você fosse um grande penitente, mesmo se você cumprisse a risca todos os mandamentos de Deus, mesmo assim você merece tormenta eterna por uma só condenação. Você invejou o outro? Mas a inveja, conforme a palavra de S.Basílio Grande, é uma grave falta, "inventada por demônios, é um obstáculo para uma vida pura, é o caminho direto para o fogo infernal e é a exclusão do reino de Deus." Daí, veja como são sérios os pecados: ira, crítica, inveja e outros tantos, que nos cometemos a todo dia e a toda hora.

7. Devemos confessar com humildade e tristeza no coração os nossos pecados, com os quais insultamos Deus. Está totalmente errado, quando alguém confessa os seus pecados com indiferença e sem qualquer arrependimento, como se fosse uma conversa qualquer, e pior ainda, quando uma pessoa - e há muitas assim - até acha graça nisso. Tudo isto é um sinal da falta de arrependimento e confessando assim, nos não nos livramos dos pecados, mas ao contrário, ainda aumentamo-los.

Finalmente, confessa os pecados com a fé em Jesus Cristo e com a esperança na misericórdia Dele. Pois, só tendo fé em Jesus Cristo e tendo esperança Nele, podemos receber o perdão dos nossos pecados e sem fé, nunca receberemos o perdão. Como exemplo, temos o Judas traidor: ele se arrependeu do que fez e não só perante uma pessoa, mas perante todos: "pequei, entregando o sangue inocente!" e até devolveu as moedas de prata. Mas, como ele não acreditou em Jesus Cristo, não procurou a misericórdia Dele e se desesperou, então não recebeu o perdão e morreu horrìvelmente (Mateus 27:3-6). Assim, na penitencia, é imprescindível ao homem pecador ter fé e esperança.

É assim, meus caros irmãos, que devemos confessar, para Deus nos perdoar todos os nossos pecados. "Se confessarmos nossos pecados, fiel e justo é Ele para perdoar-nos e purificar-nos de toda iniqüidade" (1 João 1:9) e isto tudo conseguiremos pela graça e amor de Jesus Cristo a Quem, junto com o Pai e o Espírito Santo, glória e adoração de nós, pecadores, sempre e por séculos e séculos.

Prot. A. Nikolski
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segunda-feira, 21 de julho de 2008

OrtoFoto

Bulgária
autor: Atanas Dimitrov

"A Necessidade da Igreja"

A floresta não pode produzir Newtons ou Einsteins, Apóstolos Paulos ou reverendos Serafins. Entretanto, mesmo dotado, ou até mesmo um gênio, um homem não consegue compreender tudo sobre si próprio, e precisa de família e sociedade para o seu desenvolvimento. Até a pessoa mais talentosa, não se torna um excelente violinista se se der para ela um violino e partituras de música. Alguém tem que ensinar e passar experiência para ela. O progresso visível da humanidade, o avanço da civilização tem lugar pela experiência anteriormente ganha. As gerações precedentes servem como base para o crescimento intelectual das gerações que se seguem. Quando um estado ou império entra em colapso como resultado de algum desastre, a cultura colapsa com ele. Esforços de muitas gerações serão necessários posteriormente para o restauro do conhecimento e experiência.

Para o desenvolvimento de habilidades mentais e progresso geral harmonioso um homem necessita de professores, escolas e uma estrutura muito complexa da sociedade humana. O homem cresce, melhora e se torna útil como um membro da comunidade. Sem ela, o homem se torna um selvagem, não adaptado à vida. Em resumo, o homem foi criado de modo tal que não pode viver fora da comunidade.

Idealmente, a família e a comunidade tem que formar não só as habilidades mentais e práticas de um homem, mas construir seu ser espiritual também. Foi assim que Deus projetou. O mundo angélico celestial é a comunidade ideal de bondade e verdade, fundado nos princípios do amor divino, onde seres inocentes vivem não para si próprios, mas para cada um dos outros, com um alegre louvor do Autor.

O pecado se introduziu na ordem inteira da vida humana, perverteu a natureza espiritual do homem, e a vida social como um todo. A comunidade, que por projeto de Deus, teria que facilitar o correto desenvolvimento espiritual dos humanos, na prática perdeu a capacidade para isto. Sem os pontos de conferência espiritual, a comunidade dirigiu todos os esforços no desenvolvimento de avanços exteriores, coisas materiais, resultando isto na visão unilateral de seus membros, e às vezes resultando em frieza, crueldade, brutalidade e outras coisas que nós vemos diariamente no mundo que nos cerca.

Por isso, para a salvação de nossas almas, e para a elevação e desenvolvimento espiritual do homem, Deus estabeleceu outra comunidade: a Igreja. "mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes Daquele Que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz; vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus" (I Pe. 2:9).

A Igreja é uma comunidade peculiar, estabelecida e santificada por Deus. A Igreja é diferente de qualquer outra sociedade ou estado humano, pis ela é o Reino de Deus na Terra, e seus objetivos são a renovação moral dos humanos e a condução para a salvação. Cristo deu para a Igreja tudo que era necessário para a realização deste propósito, que pode ser posto em duas palavras: graça e verdade. Estes são os tesouros espirituais dela Igreja os quais ela é chamada a guardar, e enriquecer os fiéis com eles. Mas nem mesmo a maior jóia não será de nenhuma valia para o homem se ele não fizer uso dela. Por esta razão é que é necessário para todos se enriquecerem com os tesouros espirituais da Igreja: apreender com a verdade que ela guarda, receber a santificação através dos dons de graça dela, absorver a experiência do povo justo dela.
Um homem tem um corpo e uma alma, e similarmente a Igreja tem uma parte visível e uma parte invisível. Sua parte invisível é a ação da graça de Cristo, a melhoria espiritual dos fiéis, e sua porção celeste — a Igreja Triunfante. A Igreja é uma comunidade celeste-terrestre, encabeçada por Cristo. Eis porque muito da vida eclesiástica não pode ser assunto de estudo. A parte visível da Igreja é seu ensinamento, sua hierarquia eclesiástica, concílios ecumênicos e locais, templos, ofícios divinos, festas e tradições, leis canônicas e assembléias religiosas.
Muitos Cristãos contemporâneos não compreendem para que existe a Igreja. Eles acham que é suficiente ler os Evangelhos e creditar em Cristo. Mas, primeiro, o Evangelho não caiu do céu. Alguém teve que coletar os livros escritos pelos apóstolos conferi-los in totum, e incorporá-los no corpo das Escrituras. Alguém teve que tirar das Escrituras qualquer escrito falso ou herético. A Igreja fez isto nos três primeiros séculos. Segundo, não se pode apreender somente por livros. Mesmo na ultra precisa e lógica ciência da matemática, um estudante precisa de alguém que lhe explique o que não está claro para ele, confira seus acertos, e lhe de orientação para futuro aprendizado. Do mesmo modo, a educação espiritual do homem requer guias espirituais para explicar o que não está claro, e preveni-lo contra falsos professores e falsos profetas que sempre foram abundantes.

Prestando atenção no ensinamento do Salvador e de Seus Apóstolos, nós podemos entender que, de acordo com o plano Divino, as pessoa não são chamadas ao acaso e isoladamente; ao contrário, elas podem ser salvas em seu estar-juntas, como membros de uma grande família. Os fiéis não são chamados somente para utilizar o que a Igreja dá, mas também para assistir uns aos outros quanto à salvação. Pecado e egoísmo são fontes de desintegração, enquanto caridade e carinho iniciam integração.

Nenhum homem pode atingir a perfeição num piscar de olho. A vida Cristã é um processo de auto-melhora. É, portanto natural que a Igreja consista de pessoas de diferentes estágios de desenvolvimento espiritual. Aqueles que atingiram um maior grau de perfeição, deveriam ajudar seus companheiros mais fracos. O próprio Senhor estabeleceu a ordem que uns ensinem e outros sejam ensinados.

Na Igreja um Cristão apreende a verdade e recebe santificação pela graça do Espírito Santo. No Santo Sacramento da Eucaristia, ele entra em real comunhão com Cristo, Filho Encarnado de Deus, e através Dele torna-se partícipe da Divina natureza. Nesta misteriosa comunhão com Deus o homem recebe poderosas forças espirituais, que o ajudam a crescer e melhorar espiritualmente. Perfeição moral é o objetivo de nossa vida: "Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai Que está nos céus" (Mt. 5:48).

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Bispo Alexander (Mileant).
Tradução: Rev. Pedro Oliveira Junior

Oração à Mãe de Deus

Ó Toda-Santa Soberana, Mãe de Deus, luz de minha alma tenebrosa, minha esperança, meu Sustento, meu Refúgio, minha Consolação e minha Felicidade, eu Te dou graças por me teres tornado digno, ainda que indigno, de comungar ao puríssimo Corpo e ao Sangue preciosíssimo de Teu Filho. Tu que deste a luz à Luz verdadeira, ilumina os olhos espirituais do meu coração. Tu que trouxeste à vida a Fonte de imortalidade, restaura-me a vida, a mim que o pecado fez morrer. Tu que és a Mãe compassiva do Deus de misericórdia, tem compaixão de mim e enraíza a contrição e a compunção em meu coração, a humildade em meus pensamentos e a reflexão em meu raciocínio. Torna-me digno, até meu último sôpro, de receber, sem condenação, a santificação destes puríssimos Mistérios para a cura da minha alma e do meu corpo. Concede-me as lágrimas da penitência e da confissão afim de que Te cante e Te glorifique todos os dias de minha vida, pois Tu és bendita e coberta de glória pelos séculos. Amém.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Sto. Igúmeno e Místico, Atanásio, o Atonita (+ 1003) - 05/18 de julho

Santo Atanásio, o Atonita, introduziu grandes mudanças na vida dos monges do Monte. Era oriundo de Trebizond e foi professor em Constantinopla. Santo Atanásio seguiu para o Monte Atos, provavelmente em 957, com o objetivo de tornar-se eremita. Posteriormente, participa com seu amigo Nicéfor Focas, na campanha militar na ilha de Creta, nos anos 960-961, amealha algum dinheiro e consegue organizar um pequeno grupo de anacoretas, que rapidamente transforma-se em uma comunidade de 80 monges. Seu amigo Nicéfor II Focas torna-se imperador, reinando de 963 a 969, e o ajuda financeiramente a construir a chamada Grande Lavra. Esta Grande Lavra destacava-se, em comparação com outros mosteiros, principalmente por tratar-se da primeira comunidade cenobítica, isto é, de vida em comunidade contrapondo-se à vida nos eremitérios, à vida anacorética, isto é, em solidão e em isolamento.

OrtoFoto

Liturgia na Capela dos Apóstolos São Pedro e São Paulo
Primeiro local de celebração Ortodoxa do Brejo Paraibano
Pipiri, Paraíba

"O Essencial da Espiritualidade Ortodoxa"

O fim e os meios da Vida Cristã

O objetivo da vida do homem é a união (Sinergia) com Deus e a deificação (théosis).

Os Padres gregos deram ao termo “deificação” uma conotação mais ampla que aquela conferida pelos Latinos, não no sentido de uma identidade panteísta, porém no sentido de participação na vida divina através da graça. “...Por elas, as maiores e mais preciosas promessas nos foram dadas, afim de que vós vos tornásseis também partícipes da natureza divina...” (2P1,4)

A participação introduz o homem na própria vida íntima das Três Pessoas divinas e o coloca nessa corrente incessante e transbordante de amor que vai do Pai ao Filho e ao Espírito. Nessa corrente que expressa a verdadeira natureza de Deus. Ali encontra-se a verdadeira felicidade do homem. Sua felicidade eterna.

A união com Deus é a realização perfeita do Reino anunciado pelo Evangelho. A realização perfeita dessa caridade e desse amor que resumem a Lei e os Profetas. É quando une-se à vida das Três Pessoas que o homem pode amar a Deus com toda a sua alma, com todo o seu coração, com todo seu espírito e ao próximo como a si mesmo.

A união entre Deus e o homem não pôde ser realizada sem um mediador: O Verbo feito carne, Nosso Senhor Jesus Cristo. “Eu sou o caminho... Ninguém vai ao Pai, a não ser por mim” (Jo 14,6)

No Filho nós nos tornamos filhos. “Nós somos feitos filhos de Deus” disse Santo Atanásio.

Essa incorporação no Cristo é a única maneira de alcançarmos nosso fim sobrenatural. O Espírito Santo opera e aperfeiçoa essa incorporação. Santo Irineu escreveu: “É pelo Espírito que se vai ao Filho e pelo Filho, vai-se ao Pai”.

Nunca poderemos insistir o bastante sobre o fato de que o objeto da espiritualidade cristã é a vida sobrenatural da alma. Ela não é responsável por efeitos naturais normais ou sobrenaturais, obtidos por discípulos humanos, mesmo aqueles “ditos” religiosos. Trata-se aqui da ação de Deus (e não de ações humanas) sobre a alma. A essência da vida espiritual não é psicológica. Ela é ontológica. É por isso que um relato sobre a espiritualidade não consiste em descrever certos estados de alma, sejam eles místicos ou outros, ou a ver como, certos princípios teológicos, definidos podem aplicar-se a cada alma em particular. A ação salvadora de Nosso Senhor é o Alfa e o Ômega, e o centro da espiritualidade cristã.

Graça divina e vontade humana.

A incorporação do homem em Cristo e sua união com Deus requerem a cooperação de duas forças desiguais mas igualmente necessárias: a graça divina e a vontade humana.

A vontade (e não o entendimento ou o sentimento) é o instrumento humano da união com Deus. Não pode haver união íntima com Deus se nossa própria vontade não estiver submetida e conformada à Sua Vontade: “Tu não quiseste nem sacrifício, nem oblação... Vêde, eu venho para fazer, ó Deus, a Tua Vontade” (Hb 10, 5-9).

Nossa fraca vontade permanece impotente se não for informada e sustentada pela graça de Deus. “É pela graça do Senhor Jesus que seremos salvos” (Atos 15,11). Sua graça aperfeiçoa em nós a vontade e a ação.

O Oriente Cristão não precisou suportar as controvérsias que sublevaram no Ocidente as noções de graça e predestinação.

Na Igreja Ortodoxa, a idéia de graça guardou o frescor primaveril que a palavra charis evocava nos gregos. Beleza luminosa... Presente... Complacência... Harmonia.

Os Padres gregos enfatizam a importância do livre-arbítrio na obra da salvação. Contraste chocante com Santo Agostinho. São João Crisóstomo escreveu: “Cabe a nós adentrar o reto caminho e a Deus nos ajudar nessa caminhada. Sua graça não impede nem força nossa liberdade, pois se assim fosse não gozaríamos de nosso livre-arbítrio”. Palavras que poderiam parecer tingidas de um semi-pelagianismo. Todavia, lembremo-nos que os Padres gregos nada tinham a ver com a heresia pelagiana. Ao contrário, combateram fortemente uma gnose fatalista oriental. São João Crisóstomo reconhece plenamente a graça amorosa e a sua necessidade. Ele escreveu: “Por vós mesmos, nada valeis: vós tudo recebestes de Deus. Dele, vós tendes recebido tudo o que possuis; sim, não isso ou aquilo, mas tudo aquilo que tendes. Vós não o deveis aos vossos próprios méritos, mas à graça de Deus. É inútil atribuí-lo à vossa fé, pois é à Sua graça que deveis fazê-lo”. Orígenes já havia dito que a graça reforça a energia da vontade, sem destruir a liberdade. Santo Efrém escreveu sobre a necessidade da ajuda de Deus.

Clemente de Alexandria inventou a palavra “sinergia” (cooperação), para exprimir a ação dessas duas energias combinadas: a graça e a vontade humana. Ainda hoje o termo e a idéia de sinergia resumem a doutrina da Igreja Ortodoxa sobre esse tema.

Ascetismo e Misticismo

A distinção entre a vontade humana e a graça divina, e sua interpretação nos ajudam a compreender como, na vida espiritual, o elemento ascético e o elemento místico podem, ao mesmo tempo, divergir e convergir.

Por ascetismo entende-se, geralmente, um “exercício” da vontade humana sobre ela mesma. Quanto ao termo “misticismo”, é lamentável que seja freqüentemente tão mal utilizado. “Místico” é confundido com “obscuro”, “poético”, “irracional”, etc. Psicólogos incréus (Delacroix, Janet), escritores cristãos (Von Hügel, Evelyn Underhill) permanecem bastante vagos em suas definições de misticismo. Definir o termo como o conhecimento experimental das coisas divinas é apenas uma aproximação. Os mestres da vida espiritual e, após eles, escritores católicos romanos (Garrigou-La-Grange, Guibert, Maritain) tiveram o mérito de precisar um pouco esses termos, dando às palavras “ascético” e “místico” um significado estritamente técnico. A “vida ascética” é uma vida na qual as virtudes dominantes são virtudes “adquiridas”. Por “virtudes adquiridas” entendo as virtudes resultantes de um esforço pessoal, acompanhado apenas pela graça que Deus concede a cada boa vontade. A “vida mística” é uma vida na qual os dons do Espírito Santo sobrepujam os esforços humanos. É uma vida na qual as virtudes “infusas” sobrepujam as virtudes “adquiridas”: a alma torna-se, aqui, mais passiva que ativa.

Tomemos uma comparação bastante básica. Entre a vida ascética (onde prevalece a ação humana) e a vida mística (onde prevalece a ação divina) há a mesma diferença que entre o remo e a vela. O remo representa o esforço ascético, a vela simboliza a passividade mística, que temos que desfraldar para poder gozar do vento divino.

Paralelo que se coloca bem na linha da Teologia dos Padres gregos. Esses nunca nos deram definições técnicas para o ascetismo ou o misticismo. Eles, no entanto, fazem uma distinção muito clara entre o estado onde o homem está “ativo” e aquele onde ele “sofre a ação”. O pseudo Diniz sublinha que o amor divino caminha na direção do êxtase, e faz o homem sair de si próprio, de sua condição normal.

Evitemos, porém, separar de maneira drástica a vida mística da vida ascética. A predominância dos dons não exclui a prática das virtudes adquiridas, assim como a predominância dessas virtudes não exclui os dons. Um desses dois elementos, é claro, será o predominante. A vida espiritual é, em geral, uma síntese entre o “ascético” e o “místico”.

Os carismas e os fenômenos extraordinários que acompanham alguns estados de oração (vozes interiores, visões, os estigmas, permanecem atributo dos ocidentais) fazem parte da via mística. Nem tais fenômenos, nem os carismas constituem a essência desta. Não importa quão grande o seu significado, não passa de um acidente. A via mística consiste na plenitude dos dons do Espírito Santo na alma.

Os carismas de ordem mística não são indispensáveis à salvação. A vida mística não é um sinônimo de perfeição cristã. A perfeição é feita de caridade e de amor. Ela pode ser conseguida por almas que nunca conhecerão nada além da observância simples e amorosa dos mandamentos. A maioria dos Padres gregos, com o seu santo otimismo, parecem favorecer a tese defendida pelos dominicanos e maritanos. Segundo esta tese, as graças místicas, longe de serem um privilégio da elite, são oferecidas a todas as almas de boa vontade. Sua raridade empírica vem do fato de que poucos respondem ao apelo. Elas são o desabrochamento normal, mas não necessário, da autêntica vida cristã. O Rei deseja que todo tomem faça parte no festim messiânico. Nosso Senhor veio para acender uma luz sobre a terra.. Que mais poderia ele querer, senão ver suas chamas acesas, e queimando em cada um de nós.

Oração e Contemplação.

A oração é um instrumento necessário à salvação. Cassiano, que fez eco aos Padres do deserto, distingue três graus ascendentes na oração cristã: súplica (por si), intercessão (pelos outros), ação de graça ou louvor. Esses três graus na oração reproduzem o itinerário completo da vida espiritual. Pouco importa se a oração é verbal ou mental, o essencial é que ela seja feita com amor.

Por outro lado, a contemplação não é necessária à salvação. Mas, de maneira geral, a oração assídua e fervorosa torna-se contemplativa.

Mas o que é a contemplação ? Ela não é sinônimo de especulações intelectuais muito elevadas, nem de uma interiorização extraordinária que pertença apenas a umas poucas e raras almas, previamente escolhidas. De acordo com os “clássicos” da vida espiritual, a contemplação começa pela “oração de simplicidade” ou “oração de olhar simples”. A oração de simplicidade consiste em se colocar na presença de Deus e a permanecer um momento em sua presença, guardando um silêncio interior tão perfeito quanto possível, concentrando-se inteiramente no objeto divino. Devemos nos esforçar para unificar a multiplicidade de pensamentos e sentimentos, para permanecermos calmos, sem palavras ou discursos interiores. A oração de simplicidade é a fronteira da contemplação. Ela é o seu degrau mais elementar. Ela não é difícil. Aquele que possui o hábito de orar, pelo menos um pouco, certamente já fez a experiência desta forma de contemplação, ainda que apenas por alguns instantes. Ela é portadora de frutos maravilhosos. É como uma chuva que cai sobre o jardim da alma. Ela reforça nossos esforços de ordem moral a fim de evitar o pecado e realizar a vontade de Deus.

Os atos de contemplação são benéficos, mas ainda melhor é ainda viver em estado de contemplação. Não pensemos, porém, que vida contemplativa signifique uma vida onde não se faz nada além de contemplar. Se assim o fosse, a vida contemplativa só seria possível no deserto, ou no interior de um claustro - e, no entanto, ela está disponível a todos. A vida contemplativa é simplesmente uma vida orientada para a contemplação. Uma vida ordenada à volta de freqüentes atos de contemplação, que constituem seu apogeu. Se a cada dia você conceder alguns minutos à oração de simplicidade, se você aprender a fazer abstração das pessoas e das coisas de forma a não se deixar agarrar por elas, se em seus pensamentos e em suas leituras você guarda sempre dentro de si a lembrança de Deus, a atenção à Sua presença, você está no caminho da vida contemplativa, mesmo que ainda viva no mundo.

O estado de contemplação é conseguido se os atos de contemplação forem resultado de um esforço pessoal. Ela é infundida se esses atos são produzidos pela graça divina, sem nenhum - ou quase nenhum - esforço humano. A contemplação adquirida releva da vida ascética. A contemplação infundida, da vida mística. Esta última é o ponto culminante da vida contemplativa.

Existe uma correspondência entre a classificação dos graus da contemplação no Ocidente e sua classificação no Oriente. Santa Tereza d’Ávila estabeleceu a classificação dos estados de contemplação que prevalecem no Ocidente. Ela distingüiu 4 aspectos:

1. A oração de concentração calma e silenciosa da alma em Deus, que ainda não exclui toda distração.
2. A união total na qual não há mais distrações. Ela é acompanhada de um sentimento de “união de forças da alma”.
3. A união extática, na qual a alma “sai de si própria”.
4. A união transformadora ou casamento espiritual.

Nos Padres gregos, nós encontramos talvez algo não tão preciso, mas algumas distinções análogas.

A oração de olhar simples, a oração de quietude e a união total são os degraus da “hésychia”, ela mesma - de uma forma ou outra, uma introdução à contemplação oriental. Para além da “hésychia” vem a união extática da qual encontramos exemplos no Novo Testamento. Ela é ainda bem descrita pelos Padres do deserto e pelo pseudo-Dinis (em sua teoria do êxtase e do movimento circular que conduz a alma a Deus). A união transformadora ou o casamento espiritual é descrita por aqueles que concebem a vida espiritual como uma deificação e também por aqueles que insistem na relação nupcial entre a alma e o seu Senhor. Uma transição imperceptível, um encadeamento de tintas e meias-tintas liga esses estados entre si. Eis porque, com os Ortodoxos, o nome de Jesus torna-se não somente o ponto de partida, mas também o suporte e o fim dos estados místicos que vão da “hésychia” à “ekstasis”.

Aquilo que falamos da vida mística pode ser repitido em relação à vida contemplativa. Ela não é um privilégio reservado a algumas poucas almas excepcionais. É verdade que o monaquismo oferece condições especialmente favoráveis ao seu exercício. Ainda assim, a contemplação está aberta a todos. O casamento, a vida familiar ou profissional não excluem de nenhuma maneira, nem a oração, nem as graças místicas. Ao contrário, o contemplativo ou o místico é uma benção para o seu meio-ambiente, que, no entanto, não deixa de lhe causar sofrimentos, deixando de lado os estados místicos mais elevados (como o êxtase e o casamento espiritual), lembremos que os estados hesicastas iniciais (a oração de simplicidade e os estados místicos que a seguem, principalmente a oração de quietude e a oração não extática de união) são o fim normal de toda e qualquer vida orante e cuidadosa, guardar e respeitar os preceitos do Senhor. A contemplação é freqüentemente a melhor maneira de Lhe ser fiel, pois ela faz crescer nosso amor e é o amor que nos auxilia na observância dos mandamentos - e não o contrário.

Não podemos deixar de insistir no fato de que nem a contemplação nem o misticismo devem ser identificados com a perfeição. A perfeição é caridade, amor. Uma vida contemplativa que desenvolve o exercício da caridade, no seu mais elevado grau, culmem caritatis, será igualmente o supremo grau da perfeição, culmen perfectionis. Ela será um fim em si própria e merecerá a oferenda de toda uma vida humana.

Extraído de Introduction a la spiritualité Orthodoxe, por “um monge da Igreja do Oriente”
Ed. Desclée de Brouwer
Bolertim Interparoquial, agosto de 2003

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Inauguração da Capela dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo em Pipiri, Paraíba

No domingo passado, dia 13, em Pipiri, arredores da cidade de Guarabira-PB, foi inaugurada a capela de uma Missão dedicada aos SS Apóstolos Pedro e Paulo.

Antes da Sagrada Liturgia o Hieromonge Jerônimo foi exaltado Arquimandrita e Abade do Mosteiro de S. Nicolau da Vila do Conde, na mesma oportunidade foi acolhido ao serviço do Santuário, como ceroferário, o Sr. Emiliano Camilo, líder do grupo de 22 pessoas que se converteram à Ortodoxia.

A referida capela foi construída com recursos e pelas próprias mãos das pessoas da região. Gente humilde e simples, mas com um magnífico tesouro em seus corações. Todos os presentes aos festejos saíram com a alma rejubilando com tal exemplo de amor a Cristo e Sua Igreja.








Tonsura no Mosteiro de São Nicolau

No ofício das Grandes Vésperas da última festa dos Corifeus dos Apóstolos SS. Pedro e Paulo, no mosteiro de S. Nicolau da Vila do Conde-PB, se entregou para se submeter à tonsura monástica o Igúmeno Lucas. Ao receber o pequeno hábito o professo tomou o nome de Jerônimo.

O ofício foi presidido pelo Sr. Dom Chrisóstomo coadjuvado pelo Bispo do Recife, o Sr. Dom Ambrósio presentes na assistência estavam fiéis do Recife e de João Pessoa e ainda o Seminarista Emanuel.

Que o Senhor conceda ao Arquimandrita Jerônimo ser salvo na ordem angélica!











OrtoFoto

Ucrânia
autor: Igor Sadowski

Oração de São Simeão o Novo Teólogo

De lábios imundos, de um coração impuro, de uma língua profanada e de uma alma maculada acolhe a oração, ó meu Cristo. Não me repulses em virtudes de minhas palavras e de minhas ações, nem mesmo porque não sei mais rugir. Antes, concede-me de Te dizer em toda a confiança o que desejo, ó meu Cristo; ou ainda, ensina-me o que devo dizer e fazer. Eu Te ofendi mais que a pecadora, ela que conhecendo onde Te encontravas, compra mirra e ousa vir ungir os Teus pés, ó meu Cristo, meu Senhor e meu Deus. Assim como não a repulsaste ao dirigir-se a Ti de todo o seu coração, não me afastes também, ó Verbo; dá-me os Teus pés para que eu os tenha, para que eu os beije e ouse banhá-los com minhas próprias lágrimas, no lugar de uma mirra preciosa. Lava-me com minhas lágrimas, purifica-me por elas, redime os meus pecados, e concede-me o perdão, ó Verbo. Tu conheces a multidão de minhas maldades, Tu sabes as minhas dores e vê as minhas feridas. Mas Tu conheces também minha fé, levas em conta o meu bem querer, e ouves os meus prantos. Nada Te é oculto, ó meu Deus, meu Criador e meu Redentor. Tu vês todas as minhas lágrimas, uma por uma e a menor parte de cada uma delas. O ato ainda não concluído Teus olhos já o conhecem, e o que ainda não realizado, sobre o Teu livro, já se encontra inscrito. Vê a minha humilhação, vê qual é a minha labuta, perdoa todos os meus pecados, ó Deus de todas as coisas, afim de que eu comungue aos Teus veneráveis e puríssimos Mistérios, com um coração puro, um espírito pleno de temor e uma alma contrita; pois aquele que Te come e Te bebe com um coração sem mancha é vivificado e divinizado. Tu disseste, em efeito, ó meu Mestre, “Aquele que come a Minha Carne e bebe o Meu Sangue permanece em Mim e Eu nele”. A palavra de meu Mestre é inteiramente verdade. Aquele que participa a estes dons divinos e deificantes, seguramente não mais está só, antes con’Tigo, ó meu Cristo, Tríplice Luz que ilumina o mundo. Afim de que eu não esteja mais só e nem separado de Ti, ó Doador da Vida, meu sopro, minha vida, meu júbilo, salvação do mundo, eu me aproximo de Ti, como vês, em lágrimas e com uma alma contrita. Concede-me o perdão das minhas faltas e faz-me participar, sem incorrer de condenação, aos Teus Mistérios vivificantes e imaculados afim de que, segundo a Tua palavra, permaneças em mim, três vezes infeliz que sou e que o enganador, encontrando-me excluído de Tua graça, não me tome perfidamente afastando-me de Tuas palavras deificantes. Eis porque eu me prostro diante de Ti e Te suplico humildemente: assim como acolheste o Filho Pródigo e a Pecadora que se aproximavam de Ti, recebe-me a mim, impuro e pródigo, com um coração contrito, ó Misericordioso. Eu o sei, ó Salvador, que ninguém pôde ofender-Te e nem pecar como eu o fiz. Mas, sei também que nem a gravidade de minhas faltas, nem a multidão de meus pecados, podem ultrapassar a grande paciência de meu Deus, bem como o Seu extremo amor pelos homens. Aqueles que ardem de arrependimento, Tu os purifica e tornando-os resplandecentes pelo óleo de Tua compaixão; Tu os fazes participar à Tua luz, e comungar à Tua divindade em plenitude, o que ultrapassa toda inteligência angélica ou humana; eis que geralmente Te relacionas com eles como que com Teus verdadeiros amigos: o que me torna audacioso, dando-me asas, ó meu Cristo. Confiando na riqueza de Teus benefícios, com júbilo e com temor juntamente, eu que sou palha recebo fogo, e milagre estranho, torno-me indizivelmente coberto de orvalho, como outrora a sarça que queimava sem ser consumida. Eis porque eu Te dou graças com o meu espírito e o meu coração, com todos os meus membros, com a minha alma e a minha carne, eu me prostro diante de Ti, ó meu Deus, e Te magnífico, Te exalto e Te glorifico, Tu que és bendito, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Mosteiro de Konstamonitou - Monte Atos

O mosteiro de Konstamonitou fica a 20 m de altitude na costa sudoeste do Monte Ato. Segundo a tradição o mosteiro foi fundado por Constâncio, filho do Imperador Constantino, o Grande. Outras versões dizem que o mosteiro foi fundado por certo eremita da cidade de Kastamou na Panflagôna. Dados históricos informam que o mosteiro surgiu no século X. No começo do século XIV os catalães destruíram o mosteiro, mas logo foi restaurado. O mosteiro incendiou-se pela primeira vez em 1433 e pela segunda vez em 1438. Até o final do século XVII o mosteiro ficou vazio.

Entre as relíquias do mosteiro encontra-se: pedaço da madeira da Cruz de Cristo, a mão direita de Santo Estevão, osso da face de São Basílio, partículas de ossos de São Constantino, o Grande.


segunda-feira, 14 de julho de 2008

Oração de São João Damasceno antes da Santa Comunhão

Ó Mestre, Senhor Jesus Cristo, nosso Deus, Tu que és o único com o poder de desligar os pecados dos homens, em Tua bondade e em Teu amor pelos homens, não leves em conta todas as minhas transgressões, cometidas com conhecimento ou por ignorância, e torna-me digno de comungar, sem incorrer de condenação, aos Teus santos, divinos, gloriosos, puríssimos e vivificantes Mistérios. Que eles não se convertam em meu castigo nem condenação, e não agravem os meus pecados, antes me purifiquem, me santifiquem, sejam uma garantia da Vida e do Reino futuros, uma proteção e um socorro, que eles dispersem os meus inimigos e aniquilem meus numerosos pecados. Pois Tu és um Deus bom, misericordioso e Amigo dos homens e nós Te damos glória com o Pai e o Espírito Santo, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

domingo, 13 de julho de 2008

O Centurião

Neste Domingo (4º após o Pentecostes) ouvimos São Paulo dizer-nos que somos “justificados pela fé”. O evangelho do 4º domingo após o Pentecostes (Mt.8,5-13) mostra-nos que fé é esta que justifica. Um centurião romano, em Cafarnaum, obtém de Jesus a cura de seu servo doente. Esta cura é uma reposta ao ato de fé do centurião: “Vai, e como creste te seja feito...” O centurião não é um filho de Israel. Por outro lado, Jesus não lhe pede nenhuma profissão de uma fé intelectual; não o submete a nenhum teste doutrinal. E, contudo, é no centurião e não nos judeus os mais “ortodoxos” que Jesus encontra a fé que Ele deseja: “Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé...”. Em que consiste a fé vivida, a fé salvífica do centurião? Ela não se identifica nem à adesão a um dogma, nem à realização de um rito ou de um preceito legal. Ele é, antes de tudo, fundamentada sobre uma profunda humildade: “Senhor... não sou digno que entres sob meu teto...” pois ela é toda voltada para a palavra do Senhor: “...mas diz uma só palavra...”. A palavra do Senhor, aqui, não é somente recebida com respeito e fé, mas também é desejada, buscada, como um princípio de fé e de salvação. Aquela palavra pela qual o centurião espera com todo o seu ser, ele não a coloca numa esfera “religiosa”, estranha à vida cotidiana. “Diz somente uma palavra e meu servo será curado”. O centurião crê que a palavra de Jesus vai entrar em sua vida, irromper entre as realidades domésticas e operar um resultado definido. Enfim, a fé do centurião é uma disposição de obediência. “Eu sou homem sob autoridade”, diz o centurião: comando soldados e servos; o que lhes ordeno fazerem, eles fazem. Ele próprio está sob as ordens de oficiais superiores e executa as ordens deles. Portanto, acha natural que Jesus ordene e que suas ordens sejam imediatamente realizadas. Ele espera a ordem de Jesus. Esta é a fé do centurião, a fé que Jesus elogia. E esta é a fé que Jesus pede de nós: um dom confiante de todo o nosso ser na palavra que salva e que faz viver. Esta fé não exclui nem uma crença precisa nas verdades reveladas, nem uma prática exata da lei divina. Mas uma fé que fosse somente uma crença ou uma prática, sem o elã interior que leva o centurião até Jesus, seria uma fé morta. A fé viva do centurião - “um subalterno”- implica uma submissão da vontade à palavra de Jesus; no momento em que o centurião dirige seu pedido a Nosso Senhor, coloca-se sob Sua autoridade, “entre as suas mãos”. Devo, eu também, tornar-me um “subalterno”, um homem que, tendo colocado toda a sua vida sob a direção do Senhor, encontra a cada instante, nesta obediência e nesta confiança, a segurança e a certeza que aqueles que são regra para si mesmos ignoram.

A espístola deste domingo (Rm.6,18-23) é, também, um comentário sobre a verdadeira natureza da justificação pela fé (sem que, aliás, a Igreja tenha buscado estabelecer uma concordância entre a epístola e o evangelho deste dia). São Paulo continua a expor aos Romanos o que é a nossa justiça em Cristo. “...Pois se outrora oferecestes vossos membros à impureza, oferecei-vos hoje igualmente à justiça para santificar-vos... libertos do pecado... fortificai para a santidade”. Somos justificados pela fé, mas a fé não é nada se não transformar a nossa vida, se ela não der frutos, se não conduzir à santidade. A justificação não deve estar separada da santificação. “Santidade”: São Paulo não exita em colocar esta grande palavra, esta grande coisa, diante do conjunto da comunidade de Roma; ele considera a santidade como natural do cristão, como acessível a todos os fiéis. Para ele, a santidade não consiste em explorações ascéticas extraordinárias: o “santificai para a santidade” é simplesmente o serviço atento a Deus, a conformidade de nossa vontade à Sua.
Extraído de L’An de Grâce du Seigneur, Ed. du Cerf – 1988
Boletim Interparoquial de julho de 2002

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Ícone da Mãe de Deus das “Três Mãos” - 28 jun/11 jul

É muito interessante essa devoção ao ícone da “Virgem das Três Mãos”, cujo culto nasceu de um ícone milagroso da Mãe de Deus, que teria intercedido em um milagre alcançado por São João Damasceno, no século VIII.

Considerado o último dos Santos Padres Orientais, mais tarde declarado Doutor da Igreja, passou sua vida inteira sob o governo de um Califa muçulmano. João nasceu numa família cristã, em 675, em Damasco, Síria. Nessa época as duas religiões ainda conviviam em relativa paz. Tanto, que seu pai, um cristão fervoroso, era um alto funcionário do Califa, o qual aprendeu a respeitar a sabedoria do pequeno João e acabou lhe dedicando uma sincera amizade. Devido a sua cidade natal, na juventude João era chamado de "o Damasceno" e se tornou um influente sacerdote da Igreja cristã da Síria. Foi um dos maiores e fortes defensores do culto das imagens sagradas (ícones) no difícil período dos hereges iconoclastas. Mesmo atacando abertamente o governo muçulmano, sempre foi protegido das vinganças, pelo próprio Califa.

Diz a tradição, que insuflado por uma mentira que tornava João Damasceno um conspirador do governo, o Califa se sentiu traído pelo velho amigo. Por isso, ordenou que lhe cortasse a mão direita, conforme a lei muçulmana. João Damasceno, porém, profundo devoto da Santíssima Virgem Maria, rezou com toda fé diante do seu ícone. No dia seguinte, a mão estava recolocada no lugar. Como prova de sua gratidão, ele pendurou uma mão de prata no ícone e mandou pintar um novo com esta mão votiva, diante do qual passou a fazer suas orações. Assim surgiu o ícone da "Virgem das Três Mãos" e sua devoção. Ao logo dos tempos o seu culto se difundiu e muitas cópias surgiram nos mosteiros e igrejas cristãs do Oriente.

No século XIII, São Sabas, filho de Estêvão I, fundador da dinastia e do Estado independente da Sérvia, antes de se retirar para o mosteiro do Monte Athos, esteve em Jerusalém e levou para seu país um ícone de Nossa Senhora das Três Mãos, para ser venerado na Catedral da capital Sófia. Mais tarde, seu pai abdicou o trono e se recolheu à vida religiosa. Então, juntos decidiram fundaram um mosteiro para os sérvios em Kilandar, chamado "Mosteiro da Santíssima Mãe de Deus" ou "Casa da Santíssima Mãe de Deus de Kilandar".

Em 1459, a Sérvia ficou completamente sob o domínio dos turcos muçulmanos. O ícone venerado em Sófia foi transferido para o Mosteiro de Kilandar, local que deu origem à outra tradição cristã. No início do século XVII, certo dia, os monges desse Mosteiro não conseguiam entrar em acordo para eleger o novo guia espiritual. Por isso, a Virgem das Três Mãos teria descido do altar para assumir essa função e comunicado os monges através de uma visão à um dos mais velhos. Daquela época em diante os religiosos de Kilandar rendem à Virgem das Três Mãos todas as honras devidas, especialmente no dia 28 de junho/11 de julho sua festa anual.

Com base nessas e outras tradições, a terceira mão que aparece no ícone foi interpretada como: mão auxiliadora da Mãe de Deus que sempre intercede pelos fiéis junto ao Senhor.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Santo. Presbítero e Anárgiro, Sansão, o Hospitaleiro de Constantinopla (+ c. 530) – 27 jun/ 10 jul

São Sansão, o Hospitaleiro foi filho de pais romanos ricos e ilustres que lhe deram uma educação excelente que o fizeram médico.Depois da morte do pais ele distribuiu os bens herdados entre os pobres e liberou os escravos. Logo depois se dirigiu para Constantinopla onde se estabeleceu numa pequena casa onde alojava viajantes, pobres e doentes. Pela sua vida ascética e de entrega ao próximo, Deus lhe deu o poder da cura,não só pelo conhecimento médico mas por suas virtudes. Sua fama se espalhou e o Patriarca resolveu ordená-lo presbítero.

Quando o imperador Justiniano (527-565) ficou doente, pediu que São Sansão o curasse. O santo impôs suas mãos sobre a área afetada e imediatamente ele se curou. Em gratidão o imperador ofereceu ouro e prata, mas o santo recusou e pediu a Justiniano que construísse uma casa para pobres. O imperador cumpriu o pedido prontamente.

São Sansão dedicou o resto de sua vida a servir o próximo. Ele sobreviveu até idade avançada e partiu pacificamente para Deus.

Mosteiro de São Pantaleão - Monte Atos

O mosteiro de São Pantaleão fica no litoral sudoeste do Monte Ato a pequena distância do mar. Em todos os manuscritos do século XIV e posteriores o mosteiro é mencionado como o mosteiro russo de São Pantaleão. No começo do século XIV um incêndio o destruiu, mas graças a doações de imperadores bizantinos e soberanos da Sérvia foi reconstruído. As instalações atuais do mosteiro foram feitas durante as duas primeiras décadas do século XIX e patrocinadas por soberanos da Moldávia e Valáquia (região atual da Romênia).

Entre as principais relíquias encontra-se: partícula da pedra do túmulo de Cristo, osso da face de São Pantaleão, partículas de relíquias dos santos apóstolos Pedro, André, Mateus, Lucas, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Barnabé e Prócoro.