“A Ortodoxia manifesta-se, não dá prova de si”

ok

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Santo Apóstolo e Evangelista, Lucas(+séc.I) – 18/31 out

Lucas nasceu em Antioquia. Na juventude, brilhou em seus estudos de filosofia grega, medicina e arte. Durante o ministério do Senhor Jesus na terra, Lucas foi a Jerusalém, onde viu o Salvador face a face, ouviu Seu ensinamento salvífico e testemunhou Suas obras miraculosas. Passando a crer no Senhor, São Lucas foi contado entre os Setenta Apóstolos e partiu para pregar. Com Cléofas, viu o Senhor ressuscitado no caminho para Emaús (Lucas 24). Depois da descida do Espírito Santo, Lucas voltou a Antioquia, onde se tornou um colaborador do Apóstolo Paulo e viajou a Roma com este, convertendo judeus e pagãos à Fé Cristã. Saúda-vos Lucas, o médico amado, escreve o Apóstolo Paulo aos Colossenses (Colossenses 4:14). A pedido dos cristãos, escreveu seu Evangelho por volta do ano de 60. Depois do martírio do grande Apóstolo Paulo, São Lucas pregou o Evangelho pela Itália, Dalmácia, Macedônia e outras regiões. Pintou ícones da Santíssima Deípara (não apenas um, mas três) e ícones dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo. Daí ser São Lucas considerado o fundador da iconografia cristã. Na velhice visitou a Líbia e o Alto Egito. Do Egito retornou à Grécia, onde continuou a pregar e a converter muitos com grande zelo, apesar de sua idade avançada. Além de seu Evangelho, São Lucas redigiu os Atos, dedicando ambas as obras a Teófilo, governador da Acaia. Contava Lucas oitenta e quatro anos de idade quando os pérfidos idólatras o torturaram por causa do Cristo e o enforcaram numa oliveira, na cidade de Tebas, na Boécia. As relíquias miraculosas desse santo maravilhoso foram trasladadas a Constantinopla no reinado do Imperador Constâncio, filho de Constantino.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

OrtoFoto

Igúmeno Jerzy, Mosteiro de Santo Onofre - Polônia
autor: Tadeusz Żaczek

“Sobre as chagas corruptas do pecado”

As minhas chagas cheiram mal e estão corruptas, por causa da minha loucura (Salmo 38:5)
O profeta fala das chagas do pecado que ele mesmo cometera e das quais sentia vir de si mesmo o mau-cheiro do pecado. Tal como esse reconhecimento revela a impureza dos pecados anteriores, assim também se revela a pureza subseqüente do arrependido. Pois enquanto o homem segue a trilha corrupta do pecado, não sente seu mau-cheiro sufocante; mas quando se retira desse caminho e envereda pelo caminho puro da retidão, sente a inexprimível diferença entre pureza e impureza, entre o caminho da virtude e o caminho do vício. Imaginai um homem que passa a noite numa taverna fétida e, na manhã seguinte, se encontra num jardim de rosas. Antes havia fedor, veneno, degradação da alma e do corpo, ira, discórdia e tormenta para si mesmo e para o próximo. Depois, há o grande sol de Deus no céu, belas flores por toda parte, ar fresco, uma fragrância adorável, serenidade e saúde. Imaginai isso e compreendei que há uma diferença ainda maior entre o caminho do pecado e o caminho de Deus. As minhas chagas cheiram mal e estão corruptas. Assim o grande rei descreve os frutos de seu passado pecaminoso. Nada é tão fétido quanto o pecado, nada supura tanto e nada se espalha tanto quanto o pecado. O fedor das chagas corporais sugere, apenas numa escala menor, o insuportável mau-cheiro de uma alma pecaminosa. É por isso que todas as coisas santas se distanciam de tal alma. Os puros espíritos celestiais se escondem dela e os espíritos impuros do hades buscam a sua companhia. Qualquer pecado novo é uma chaga recente sobre a alma; qualquer pecado é corrupção e mau-cheiro. Como surge o pecado? Da minha loucura, explica o profeta. Uma mente extraviada de seu rumo divino leva o homem ao pecado. Antes que a mente se purifique, o homem não pode se purificar. Mas nós temos a mente de Cristo (I Coríntios 2:16), diz o Apóstolo. Em outras palavras, temos uma mente posta de volta em seu rumo, como a mente de Adão antes do fedor pecaminoso. É por isso, irmãos, que todo ensinamento ortodoxo sobre o ascetismo concentra-se num único ponto principal: a mente do homem, a purificação e correção da mente.
Senhor Jesus Cristo, Pureza e eterna Fonte de pureza, ajuda-nos a rejeitar nossa loucura; ajuda-nos a raciocinar segundo a Tua mente.
A Ti sejam a glória e o louvor para sempre. Amém.

Santo Profeta Oséas (+c.820 a.J.C) – 17/30 out

Oséias era filho de Beeri, da tribo de Issacar. Oséias viveu e profetizou mais de oitocentos anos antes do nascimento de Cristo. Suas palavras divinamente inspiradas encontram-se em seu livro, que contém catorze capítulos. Repreendeu rigorosamente Israel e Judá por sua idolatria e também predisse a punição de Deus pelos seus pecados, a destruição da Samaria e Israel pela sua apostasia e a misericórdia de Deus pela tribo de Judá. Previu a abolição e o fim dos sacrifícios do Antigo Testamento. Previu a vinda do Senhor e a riqueza dos dons que Ele traria consigo à terra. Viveu até idade muito avançada e repousou em paz.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Dias da Rússia na América Latina

Mensagem do Patriarca Alexis, de Moscou e toda a Rússia
Queridos pais, irmãos e irmãs!
A Rússia, no decorrer do século XX, sobreviveu os tempos duros do ateísmo e da discórdia civil. Por obra e graça Divina, agora ultrapassamos esses tempos. O testemunho do ressurgimento espiritual do nosso povo é a recuperação da unidade eclesiástica quebrada nos tempos malvados. A Igreja Ortodoxa Russa igualmente valoriza a todos os seus filhos, onde quer que vivam: na Pátria ou na dispersão. De todo o coração espero que a Jornada de cultura espiritual na América Latina sirva para a coesão de nossos compatriotas naquela região e para o fortalecimento dos seus laços espirituais com a Pátria. Que Deus abençoe esta boa iniciativa.

Texo enviado pelo Igúmeno Pedro de autoria do Sr. Felipe Ortiz
A Igreja Ortodoxa Russa, cruelmente perseguida durante a era soviética, vem passando por um processo miraculoso de recuperação desde o final dos anos 1980. Em 1987, havia menos de sete mil paróquias em funcionamento em todo o país e o número total de mosteiros não chegava a vinte. Apenas vinte anos depois, já são quase trinta mil as paróquias em atividade, enquanto os mosteiros são mais de setecentos.

Essa ressurreição da Igreja Ortodoxa na Rússia foi recentemente acompanhada por um outro evento não menos admirável: a reconciliação entre o Patriarcado de Moscou, que atua principalmente dentro do território russo, e a Igreja Ortodoxa Russa no Exterior, formada pelas comunidades da diáspora russa espalhada principalmente pela Europa Ocidental, Américas e Oceania. As duas partes da Igreja Russa, que não mantinham relações uma com a outra desde a década de 1920, voltaram a se reconhecer mutuamente em 2007. Nessa ocasião, a Igreja Ortodoxa Russa no Exterior reintegrou-se ao Patriarcado de Moscou, como uma parte autônoma da Igreja Ortodoxa Russa.

A fim de celebrar esses eventos e, ao mesmo tempo, tornar a Ortodoxia russa mais conhecida e forte na América Latina, a Igreja Ortodoxa Russa, com o apoio do governo da Rússia (que atualmente colabora com a Igreja, em vez de persegui-la) , realizará o evento Dias da Rússia nos Países da América Latina. Trata-se da excursão de uma grande comitiva de representantes da Igreja e da cultura russa, durante um mês (17 de outubro a 17 de novembro), por vários países latino-americanos.

O Brasil, que será visitado de 24 de outubro a 31 de outubro. De 24 a 26 de outubro, a delegação estará no Rio de Janeiro; em 27 e 28 de outubro, em São Paulo; e de 29 a 31 de outubro, em Brasília

Os integrantes da comitiva incluirão: o Bispo João de Caracas, titular da Diocese Sul-Americana da Igreja Ortodoxa Russa no Exterior, consagrado recentemente (em junho) e que fará, nessa ocasião, a sua primeira viagem pastoral pela sua diocese; o Metropolita Platão de Buenos Aires, titular da Diocese Sul-Americana do Patriarcado de Moscou, que também aproveitará a mesma ocasião para uma nova viagem pastoral pela sua diocese; o Metropolita Hilarião de Nova York, primaz da Igreja Ortodoxa Russa no Exterior, em sua primeira visita à América do Sul depois de sua entronização como Metropolita, em maio deste ano; o Metropolita Cirilo de Smolensk, chefe do Departamento de Relações Eclesiásticas Externas do Patriarcado de Moscou, representando o Patriarca Aleixo II; e outros.

Fotos da Celebração da Divina Liturgia na Paróquia de Santa Zenaide, dia 25 de outubro.




Santo Mártir Longino o Centurião, Testemunha da Crucifixão (+séc.I) - 16/29 out

O divino Mateus, o Evangelista, ao descrever a paixão do Senhor Jesus Cristo, diz: Quando o centurião e aqueles que estavam com ele, vendo Jesus, viram o terremoto e as coisas que aconteceram, tiveram grande medo, dizendo, Verdadeiramente este era o Filho de Deus (Mateus 27: 54). Esse centurião era o bem-aventurado Longino, que com outros dois soldados vieram a crer em Jesus, o Filho de Deus. Longino era o chefe dos soldados que testemunharam a Crucificação do Senhor no Gólgota e chefe dos vigias que guardaram o túmulo. Quando os anciãos judeus souberam da Ressurreição de Cristo, subornaram os soldados para difundir as falsas notícias de que Cristo não ressuscitara, mas que Seus discípulos roubaram o corpo. Os judeus também tentaram subornar Longino, mas ele não se deixou levar pelo suborno. Os judeus, portanto, fizeram uso de sua estratégia usual: decidiram matar Longino. Tomando conhecimento disso, Longino retirou seu cinto militar, foi batizado junto de dois companheiros seus por um apóstolo, partiu de Jerusalém secretamente e mudou-se para a Capadócia com seus companheiros. Lá, ele se devotou ao jejum e à oração; como uma viva testemunha da Ressurreição de Cristo, converteu, pelo seu testemunho, muitos pagãos à verdadeira Fé. Depois disso, retirou-se numa vila da propriedade de seu pai. Mesmo naquele lugar, a malícia dos judeus não o deixou em paz. Por causa das calúnias dos judeus, Pilatos despachou alguns soldados para decapitar Longino. São Longino pressentiu, em espírito, a aproximação dos executores e saiu para encontrá-los. Levou-os à sua casa, não lhes revelando quem era. Foi um bom anfitrião aos soldados e, em pouco tempo, eles caíram no sono. São Longino, no entanto, levantou-se para orar e orou a noite inteiro, preparando-se para a morte. De manhã, chamou seus dois companheiros, vestiu-se em brancas indumentárias fúnebres e instruiu os demais membros de sua família a enterrá-lo numa pequena colina particular. Então, ele se dirigiu aos soldados e revelou-lhes ser a pessoas que eles procuravam. Perplexos e envergonhados, os soldados não puderam sequer pensar em decapitar Longino, mas este insistiu que os soldados cumprissem a ordem de seu superior. Longino e seus dois companheiros, portanto, foram decapitados. Os soldados levaram a cabeça de Longino a Pilatos, que a entregou aos judeus. Os judeus jogaram-na num amontoado de esterco fora da cidade.


Hino de Louvor
De pé, São Longino contemplava a Cruz,
Quando, sobre ela, Cristo deu Seu último suspiro.
Longino viu a ira do suave céu,
Testemunhou a terra tremendo,
O brilhante sol quando perdeu seus raios
E revestiu todo o mundo de escuridão.
Abriram-se os túmulos de muitos,
E ressurgiram muitos dos mortos.
Bravo Longino, de temor, encheu-se,
E bradou com um suspiro de remorso:
"Este homem era o Filho de Deus!
Pecadores crucificaram o Inocente!"
Perto deles, dois outros soldados
Ecoaram o brado de seu centurião.
Testemunha da Ressurreição, foi Longino,
E também podia atestar de Sua humilhação.
Testemunha oracular, verdadeira,
Longino não desejava ocultar a verdade,
Mas proclamou-a em todas as partes que ia,
E glorificava o ressuscitado Cristo Deus!
Até a morte, manteve-se soldado de Cristo;
E, por Cristo, Longino entregou sua cabeça.


Reflexão
A primeira aparição do Santo Mártir Longino foi assim: passado muito tempo desde seu martírio, aconteceu que uma viúva da Capadócia ficou cega. Os doutores eram incapazes de fazer qualquer coisa por ela. De repente, veio-lhe a idéia de ir a Jerusalém e venerar os Lugares Santos, onde ela esperava encontrar ajuda. Ela tinha um único filho, um garoto, que lhe serviu de guia; mas, assim que chegaram a Jerusalém, o garoto morreu de uma enfermidade. Oh, quão enorme era seu desespero! Perdera seus olhos, agora seu único, cujos olhos a guiaram. Todavia, em sua dor e desespero, São Longino apareceu-lhe e confortou-a com a promessa de que ele restauraria sua visão e revelou à mulher a glória celestial na qual seu filho agora habitava. Longino contou-lhe tudo sobre si mesmo e mandou que ela saísse dos muros da cidade a um amontoado de esterco, que escavasse sua cabeça e que ela mesma veria o que aconteceria depois. A mulher levantou-se e, tropeçando, conseguiu de algum modo sair da cidade. Ela gritava para que alguém a conduzisse ao amontoado de estrume e a deixasse lá. Conduzida ao montão de estrume, ela ajoelhou-se e começou a cavar com suas mãos, com forte fé de que encontraria o que o santo lhe pedira. Escavando, tocou a santa cabeça do mártir. Seus olhos voltaram a enxergar, e ela viu a cabeça de um homem em suas mãos. Transbordando de gratidão a Deus e em imensa alegria, ela levou a cabeça de São Longino, lavou-a, incensou-a e depositou-a em sua casa como o mais precioso tesouro sobre a terra.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

OrtoFoto

Bielsk Podlaski - Polônia
autor: Partizan

"Sobre como os anjos batalham pelos justos "

O anjo do Senhor acampa ao redor daqueles que O temem e os liberta (Salmo 34:7).

O anjo do Senhor fará batalha por aqueles que temem a Deus. Isso tem sido claramente demonstrado muitas vezes, conforme registrado, e têm ocorrido em inúmeras ocasiões que não foram registradas. O Arcanjo Miguel pegou em armas por Josué, filho de Nun. Um anjo batalhou pelo justo Rei Ezequias e, numa noite, destruiu o exército dos caldeus. Quantas vezes os anjos visitaram os apóstolos e mártires cristãos na prisão, fortalecendo-os e fazendo-os regozijar? A consolação do justo vem de saber que Deus é Onividente e vê seu infortúnio; que Deus é Onipotente e tem poder de salvá-lo do infortúnio; e que Deus é Todo-Misericordioso e o salvará do infortúnio. Deus enviará Seu anjo radiante em auxílio do justo. O justo não terá que lutar contra seu tirano, pois o anjo de Deus batalhará em seu lugar. Quando o anjo de Deus pega em armas, que exército se atreve a confrontá-lo? Que império moverá guerra contra ele? Num Salmo anterior, diz o Profeta Davi: Nenhum rei é salvo pela multidão de um exército; um forte não é salvo por sua grande força. Um cavalo é uma esperança vã de segurança (Salmo 33:16-17).

Daí que não os ajuda em nada se os injustos, os mundanos, forem aliados. Quando o anjo de Deus pegar em armas, tudo rebentará como bolhas na água. Mesmo já rei, Davi se lembrava de como, sendo um simples menino pastor, ele matou com uma funda Golias, um gigante armado até os dentes. Em muitas ocasiões, Davi sentia a assistência do anjo de Deus. Eis por que ele podia, com confiança, consolar o oprimido justo com aquelas palavras de conforto e força: o anjo do Senhor acampa ao redor dos que O temem e que O servem, e um anjo de Deus os libertará.
Irmãos meus, não duvidemos dessas palavras, mas com coração ponderemos, no dia a dia, como o anjo de Deus nos abandona com tristeza quando pecamos e como ele se apressa ao nosso auxílio com alegria e inefável poder, quando nos arrependemos e imploramos a misericórdia de Deus.
Senhor Deus, nosso Criador, Rei de miríades de anjos: perdoa-nos, salva-nos e proteja-nos pelos teus santos anjos.
A Ti sejam a glória e o louvor para sempre. Amém.

SS. Márts. Nazário, Gervásio, Protásio e Celso, de Milão (+c.54-68) - 14/27 out

Nazário nasceu em Roma de pai judeu e mãe cristã. Sua mãe, Perpétua, fora batizada pelo próprio Apóstolo Pedro. Confessando a Fé de sua mãe, Nazário cumpria de coração todos os preceitos da Igreja. Pregando destemidamente o Evangelho, Nazário foi a Milão. Lá encontrou os cristãos Gervásio e Protásio na prisão e pregou a eles com grande amor. Sabendo disso, o eparca local ordenou que Nazário fosse flagelado e banido da cidade. Sua mãe apareceu a ele numa visão e lhe disse para ir à Gália e pregar o Evangelho lá; e isso foi o que Nazário fez. Após vários anos, Nazário retornou a Milão, desta vez com um discípulo, o jovem Celso, a quem batizara na Gália. Ali encontrou os irmãos Gervásio e Protásio ainda na prisão, à qual ele mesmo foi pouco depois lançado junto com eles, por ordem do governador Anulino. Os mártires de Cristo alegraram-se com essa reunião promovida pela providência de Deus. O imperador Nero ordenou que Nazário fosse morto; o governador retirou Nazário e Celso da prisão e os decapitou. Pouco tempo depois, o General Astásio, passando por Milão a caminho da batalha contra os morávios, decapitou São Gervásio junto com São Protásio. Tendo ouvido que esses dois irmãos não sacrificariam aos ídolos e temendo que pudesse perder a batalha por cair no desfavor dos falsos deuses, mandou que os dois fossem executados imediatamente. Gervásio e Protásio eram gêmeos, nascidos de seus beatos pais Vitálio e Valéria, que também foram martirizados pela Fé. As relíquias de São Nazário foram trasladadas por Santo Ambrósio de um jardim fora da cidade à Igreja dos Santos Apóstolos. As relíquias de São Gervásio e São Protásio lhe foram reveladas numa visão miraculosa.

Santa Eremita Parasceva de Ternov – Sérvia (+séc.XI) - 14/27 out

Essa gloriosa santa era de ascendência sérvia e nasceu na cidade de Epivate, entre Selímbria e Constantinopla. Os pais de Santa Parasceva eram cristãos abastados e devotos. Tinham também um filho, Eutímio, que foi tonsurado monge enquanto os pais ainda viviam e tornou-se, mais tarde, o famoso Bispo de Maditos. A virgem Parasceve sempre aspirou pela vida ascética por amor a Cristo. Depois da morte dos pais, ela deixou o lar e partiu primeiro para Constantinopla e depois para o deserto do Jordão, onde levou uma vida ascética até a velhice. Quem pode exprimirr todas as lutas, sofrimentos e tentações demoníacas que Santa Parasceva suportou no decurso de seus longos anos? Em sua velhice, apareceu-lhe uma vez um anjo de Deus e disse: "Deixa o deserto e retorna à tua terra; é necessário que rendas teu corpo à terra lá e a tua alma à casa do Senhor." Santa Parasceva obedeceu e voltou a Epivate. Ali viveu por dois anos em incessantes jejuns e orações, entregando, finalmente, sua alma a Deus e tomando posse de sua morada no Paraíso. Santa Parasceva repousou no século XI. Ao longo do tempo, suas relíquias foram trasladadas a Constantinopla, a Ternov, depois de volta a Constantinopla e, então, para Belgrado. Suas relíquias agora repousam na Romênia, na cidade de Iasi. Em Belgrado, o poço de Santa Parasceva cura miraculosamente os enfermos que dele se aproximam com fé em Deus e amor a essa santa.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

OrtoFoto

Mosteiro de Dejani - Romênia
autor: Mihai Fătuşanu

Santa Virgem e Mátir, Pelágia de Antioquia (+ 303) - 08/21 out

Pelágia foi uma pecadora penitente. Nasceu em Antioquia, de pais pagãos, e foi-lhe dada por Deus uma grande beleza física. Pelágia usou sua beleza para a destruição de sua própria alma e da dos outros. Como resultado de sua prostituição, ficou muito rica. Certa vez, caminhando atrás da Igreja do Santo Mártir Juliano, na qual o Bispo Nono estava pregando, ela parou e ouviu o sermão sobre o Temível Julgamento e a punição dos pecadores. Aquelas palavras tanto a impressionaram e transformaram, que ela sentiu na hora repulsa por si mesma, adquiriu o temor de Deus, arrependeu-se de todos seus pecados e caiu aos pés de São Nono, implorando para que este a batizasse. "Tem piedade de mim, uma pecadora, santo padre. Batiza-me e ensina-me a penitência, pois sou um mar de iniqüidade, um abismo de destruição, um ninho e arma do demônio." Deste modo, implorou essa penitente, com lágrimas, ao hierarca de Cristo, e ele a batizou. No seu batismo, a Bem-aventurada Romana, diaconisa da Igreja, foi sua madrinha. Romana, na qualidade de mãe espiritual de Pelágia, fortaleceu-a firmemente na Fé Cristã. Mas Pelágia não se satisfez unicamente com o batismo. Estava mordazmente consciente da multidão de seus pecados e, atormentada pela consciência, decidiu-se pela imensa labuta ascética. Doou sua imensa riqueza, luxuriosamente adquirida, aos pobres e secretamente partiu para Jerusalém como monge Pelágio. Lá, trancou-se numa cela no Monte das Oliveiras e iniciou uma penosa ascese de jejum, oração e vigílias noturnas. Passados três anos, o diácono de São Nono, Tiago, visitou-a e encontrou-a ainda viva, mas, ao visitá-la novamente vários dias mais tarde, foi-lhe dito que ela repousara e que veneravelmente enterraram seu corpo. Santa Pelágia entrou no repouso em torno do ano 461. Assim, essa ex-terrível pecadora agradou a Deus com seu arrependimento e labor, foram perdoados seus pecados e santificou-se. Sua alma purificada e iluminada foi digna do Reino de Deus.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

OrtoFoto

Grécia
autor: Aleksa Stojkovic

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

“Sobre a ira útil”

Irai-vos, mas não pequeis (Sl. 4:4)
Irai-vos convosco mesmo, irmãos, e não pequeis mais. Despertai a ira pelos vossos pecados dos pensamentos e obras. Irai-vos com Satanás, pai das mentiras (João 8: 44), e não façais mais a vontade dele. Irai-vos com o pecado do mundo e a humilhação da santa igreja de Deus por homens iníquos, mas acautelavai-vos para não curardes o pecado pelo pecado. Irai-vos com vossos amigos quando pecarem, mas com a intenção de corrigi-los, não enfurecê-los ainda mais. A ira de um amigo para com o outro, de um pai com os filhos – de Deus para com os homens – não é uma tempestade que arranca uma árvore pelas raízes, mas um vento que retorce a árvore e arranca dela os frutos podres, para que abundem, em quantidade e beleza, frutos sadios. Mas, que vossa ira tenha medidas, para ser curativa, não venenosa. Para que adquirais esse tipo de controle, sempre mantende Deus diante de vossa ira. Não há maior refreio à ira do que Deus. Toda ira que não seja no nome de Deus e da retidão de Deus é pecado. Não vos ireis pelo bem da insolência, mas irai-vos pelo que Deus está irado. Se vossa vontade estiver solidamente edificada na lei de Deus, sabereis quando e como será necessário irardes. Não se pode expressar isso inteiramente em palavras, nem sequer pode-se explicá-lo aos não-educados. Ira, em seu lugar, age como a misericórdia age em seu lugar. Ó irmãos meus, vedes como vários poderes são postos em nossas almas, e o homem, pela sua livre vontade, pode utilizá-los para a vida ou à morte? A ira para consigo mesmo nunca é demais de ser recomendada. Este é um maravilhoso exemplo: quanto mais o homem aprende a irar-se consigo mesmo, menos ele se ira com os demais. Tomado pela ira com sua própria fraqueza, ele nem sequer percebe a fraqueza dos demais ou, quando o vê, julga-os humildemente.

Senhor Deus, único Justo, planta em nós a lembrança do Dia de Tua justa ira, para que nos protejamos do pecado espiritual.

A Ti, sejam a honra e a glória para sempre. Amém.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

OrtoFoto

Romênia
autor: Lazar Lekovic

"Sobre o temor e a alegria em Deus"

Servi ao Senhor com temor e alegrai-vos com tremor (Sl. 2,11)

O profeta de Deus profere essas palavras aos reis e juizes terrenos, pois estes são inclinados ao orgulho e à lascívia, provenientes do poder e das riquezas que lhes são dadas. Ó reis e juizes – nuvens de poeira sob os pés de Deus – não vos esqueçais de que não passais de servos de Deus, assalariados por hoje até amanhã! O que pensa um assalariado, cavando o campo por todo o dia? No pagamento que receberá à noite. Do que se orgulha o assalariado? Não do trabalho, mas do pagamento. Em quê se alegra o assalariado? No trabalho, no suor, ou no pagamento? Naturalmente, no seu pagamento. Ó reis e juízes, vosso serviço no campo desta vida é o trabalho de um assalariado. Portanto, com temor servi vosso Senhor que vos contratou, pois não sabeis como vosso Senhor avaliará vosso trabalho no final e que pagamento Ele vos dará. Servi com grande humildade, dizendo a si mesmos: Somos servos inúteis (Lucas 17:10). Se recebereis uma recompensa ou uma punição quando descerdes ao túmulo e vos apresentardes diante do Rei e Juiz, não se sabe. Logo, o temor deve ocupar todos os dias de vosso serviço.

Alegrai-vos n'Ele com tremor. Alegrai-vos com um júbilo puro e santo, como os anjos se alegram no Deus Vivo e inacessível. O júbilo do Paraíso tem o odor da pureza e da santidade, mas o júbilo malicioso do Hades é acompanhado da gargalhada rebelde. Portanto é eterno o júbilo do Paraíso, ao passo que a gargalhada do inferno transforma-se em grunhidos e rangidos.

Servi com temor, pois o Senhor é justo; alegrai-vos com tremor, pois o Senhor é excelso e santo.

Ó Senhor nosso Deus, justo e exaltado, temível e santo: toda nossa vida sobre a terra é serviço a Ti e alegria em Ti. Se não Te servimos, servimos nossa própria destruição; e se não nos alegramos em Ti, alegramo-nos em nossas próprias obras malignas. Adoramos-Te e oramos a Ti que nos ajudes, para que nosso serviço seja guiado pelo temor de Ti e que nossa alegria seja purificada pelo tremor perante de Ti.

A Ti sejam a glória e o louvor para sempre. Amém.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

História Resumida do Patriarcado da Bulgária

Calendário Litúrgico da Igreja Ortodoxa da Polônia de 2003
Tradução do Rev. Ighúmeno Lucas

O cristianismo no território da atual Bulgária surgiu muito cedo. O apóstolo Paulo durante sua segunda viagem missionária em torno do ano 52 visitou esta região. Relembra isso em sua Epístola aos Romanos: “...pela força de sinais e prodígios, na força do Espírito de Deus: como de Jerusalém e arredores até a Ilíria, eu levei a termo o anúncio do Evangelho de Cristo,...” (Rm 15, 19). De acordo com a Santa Tradição, também o Santo Apóstolo André pregou no litoral do Mar Negro, na foz do rio Dunai.

O rápido desenvolvimento do cristianismo ocorreu particularmente nos séculos III e IV. Depois do édito de Milão do ano de 313, existia aqui, uma estrutura eclesiástica já bastante organizada. Em 343 em Sardyka (Sófia) teve lugar um Concílio Local em defesa da ortodoxia de Nicéia e a condenação do arianismo. O traço característico do cristianismo nos Bálcãs foi seu caráter nacional. Os cristãos desta região não foram forçados nem à cultura romana nem à helenística. Ainda antes do século VII eram usados aqui os idiomas litúrgicos nacionais.

No começo do século V a Igreja Búlgara enfrentou o problema de invasões de povos bárbaros: hunos, visigodos, ostrogodos e tribos eslavas. No ano de 681 o soberano Asparuch (Isperych 681-702), filho de Kubrata, depois da ocupação de Dobrudja e do baixo Mezja fundou o primeiro país búlgaro-eslavo com capital em Pliska. Os novos soberanos intencionavam a total dominação dos povos nativos dos Bálcãs. Destruíram sua cultura e tradições. Muitas igrejas e mosteiros forma destruídos. Com o tempo, entretanto, os invasores depois de familiarizaram-se com a cultura local eles mesmos renderam-se à cristianização.

Em 865 (ou como citam outros historiadores, em 25.05.866) o soberano búlgaro Boris I aceitou o batismo, em Bizâncio, e com a ajuda de clérigos gregos iniciou a cristianização do país. Em 870 o Concilio em Constantinopla estabeleceu no território da Bulgária um arcebispado autônomo, cujo primeiro bispo foi José. Esta independência parcial favoreceu um desenvolvimento dinâmico da Igreja.

No tempo do filho de Boris, Simeão o Grande (893-927), a Bulgária tornou-se uma potência no caráter político e militar. O exército búlgaro conquistou quase toda a Península Balcânica. Simeão proclamou-se, então, “czar–imperador dos Búlgaros”.

Em 919 aconteceu o Concilio de todos os bispos búlgaros, no qual foi anunciada a Autocefalia da Igreja Búlgara. O arcebispado foi elevado à dignidade de patriarcado com sede na capital PresBavie. O primeiro líder tornou-se Leôncio. Apesar dos protestos da parte de Bizâncio, no reinado de filho mais jovem de Simeão foi assinado um acordo búlgaro-bizantino, à força do qual foram aceitas as conquistas territoriais da Bulgária, ratificado o titulo imperial de seus soberanos, confirmada a independência da Igreja e ao patriarca foi concedido o título de seu líder. Como primeiro patriarca foi reconhecido, entretanto, não Leôncio, mas seu sucessor Demétrio.

No ano de 979, o imperador bizantino João Tsimski invadiu e conquistou a Bulgária oriental, e posteriormente a subordinou a si, politicamente e eclesiasticamente. Neste mesmo ano o patriarcado e a independência eclesiástica foram liquidados. Apenas na parte ocidental e independente da Bulgária foi conservada a independência política e eclesiástica. Foi transferida a cátedra patriarcal para Triadic, capital do país búlgaro-ocidental do czar Samuel (976-1014). Nesta parte da Bulgária conseguiu-se preservar a autocefalia, mas apesar disso a Igreja estava bastante enfraquecida.

Em 1018, Bizâncio sob a autoridade de Basílio II, o Matador de búlgaros (976-1025), finalmente conquistou e subordinou toda a Bulgária a si. Destronado o patriarca Davi. João tornou-se líder de toda a Igreja Búlgara, com o título de arcebispo de Ochryd. Em 1020 foi anulado o patriarcado. O imperador Basílio conservou, entretanto, a independência da Igreja Búlgara. Ratificou as leis que a Igreja obteve de soberanos anteriores. Os búlgaros não queriam concordar com a perda da independência. Desejavam a autonomia política e eclesiástica. Em 1186 explodiu a insurreição dos irmãos Pedro e Asen Asenow, que abrangeu praticamente todo o território da Bulgária. Depois de alguns meses chegaram à assinatura de um armistício. O país búlgaro renasceu parcialmente. Em 1187 Asen é aclamado czar. Renasce, então, também a Igreja Búlgara independente. Para além de suas fronteiras permaneceram, entre outros, o arcebispado de Ochryd. As relações com Constantinopla eram bastante tensas. Nessa situação o czar Kalojana (1197-1207) começou a buscar apoio no papa. O papa Inocente III aproveitando-se desta situação ofereceu ao czar a coroa real, e ao arcebispo concedeu o título de primaz. Desta maneira a Igreja Búlgara tornou-se dependente de Roma.

O rompimento dos contatos com Roma ocorreu no governo do czar Ivan Asen II (1218-1241), que em 1235 estabeleceu um acordo com o imperador bizantino João III Vatatzes (1222-1254). Por força deste acordo, o bispo Joaquim II obteve o título de patriarca búlgaro.

Em 1393 os turcos dominavam a Bulgária, e negativamente relacionaram-se com os cristãos locais. Foram destruídas tanto as estruturas estatais como eclesiásticas, então existentes. Sob pressão das autoridades, muitos cristãos aceitaram o islamismo. Igrejas e mosteiros foram demolidos ou transformados em mesquitas. Os cristãos foram obrigados a pagar altos impostos. Todas as manifestações de rebelião eram sufocadas sangrentamente. A Igreja Búlgara foi privada do patriarcado e autocefalia e ficou subordinada em parte ao patriarca de Constantinopla e em parte ao arcebispo de Ochryd. Em 1767 quando a independência do arcebispado de Ochryd foi aniquilada toda a Igreja ficou subordinada à jurisdição de Constantinopla.

Na interface dos séculos XVIII e XIX começou a surgir um forte sentimento de distinção nacional nos búlgaros. Como precursor do renascimento búlgaro é considerado o monge Paísios do mosteiro Chilander do Monte Atos, que escreveu “História eslavo-búlgara do país, dos czares, dos santos, e de todos os acontecimentos da história búlgara”. A obra foi escrita no idioma nacional com incrível fidelidade à verdade histórica sobre o país, a nação e a Igreja Búlgara. Neste livro foram relembradas a glória e a independência do patriarcado e ao mesmo tempo era um apelo à preservação das tradições nacionais e à luta pela independência. O processo de renascimento da Bulgária não se seguiu imediatamente. A idéia desenvolveu-se aos poucos. No começo desejava-se a independência da Igreja. Graças à firmeza dos búlgaros, em 1848, o patriarca de Constantinopla sagrou quatro bispos de nacionalidade búlgara. Em 1851 Hilarion, líder do movimento nacionalista búlgaro, foi sagrado como bispo titular.

No dia 28 de fevereiro de 1870 o sultão, com decreto, estabeleceu o Exarcado Autônomo Búlgaro. Sua liderança era exercida pelo Sínodo Búlgaro. Em importantes questões dogmáticas ele tinha que consultar Constantinopla de onde obtinha o santo óleo, assim como era obrigado comemorar o nome do patriarca de Constantinopla nos ofícios litúrgicos. Em 1872, Antym I foi escolhido como primeiro exarca. O patriarca de Constantinopla opôs-se duramente à esta decisão, que estava em acordo apenas com o sultão e sem a aprovação do patriarca ecumênico e excomungou o episcopado. Iniciaram-se, assim, 73 anos de cisma.

Em 1878, depois da guerra turco-russo, a Bulgária obteve independência como principado, e em 1908 foi proclamada a restauração da monarquia. O príncipe Ferdinando foi aclamado como czar e proclamado o terceiro reino búlgaro.

Não se encerrava, entretanto, o processo de formação da moderna nação búlgara. Em conseqüência da guerra do Bálcãs no começo do século XX, apesar da conquistas à custa da Turquia, o país perdeu parte de seus territórios para a Romênia, Grécia e Sérvia. Durante a I Guerra Mundial a Bulgária lutou do lado das potências centrais (Alemanha e Itália). Em 1917 ocorre a revolução bolchevique. De modo a não permitir a propagação no ocidente das tendências comunistas, foi assinado em Tessalônica um acordo de paz por força do qual a Bulgária recuperava as fronteiras anteriores à guerra. Entretanto, o país encontrava-se a beira de uma crise econômica. Até o momento da eclosão da II Guerra Mundial a Bulgária lutava pela recuperação da economia do país.

Em 1941, sob pressão alemã, a Bulgária desistiu da posição de país neutro e partiu para a guerra ao lado da Alemanha. Porém, não se subordinava à ideologia fascista. Graças a protestos conseguiu-se deter totalmente a propaganda anti-semita. A Bulgária foi um dos poucos países onde os judeus escaparam de perseguições abertas.

No dia 22 de fevereiro de 1945, por iniciativa da Igreja Russa deu-se a reconciliação da Igreja Búlgara com o patriarcado de Constantinopla. O patriarca retirou o anátema da Igreja Búlgara e novamente concedeu-lhe a autocefalia. A restituição do patriarcado seguiu-se, com a aprovação de Constantinopla, no Sínodo Búlgaro de 1953 em Sófia. O primeiro patriarca, depois de vários séculos de intervalo, foi Cirilo.

Em 1992 ocorre um cisma na Igreja Búlgara. Quatro bispos do Metropolita Estevão questionaram a canonicidade da eleição de Máximo, patriarca em exercício, e acusaram-no de atividades prejudiciais à Igreja. Com apoio do departamento búlgaro de questões religiosas criaram uma hierarquia paralela. O conflito durou até outubro de 1998. Nos dias 30 de setembro e 1º. de outubro de 2001 teve lugar em Sófia, um encontro dos líderes de todas as Igreja Ortodoxas Autocéfalas. Em conseqüência das conversações, três bispos cismáticos com o patriarca de Sófia à frente, em nome dos demais apresentaram um ato de arrependimento. Foram recebidos de volta à unidade canônica, entretanto, os bispos cismáticos de novo opuseram-se ao patriarca Máximo e queriam sua demissão. O cisma na Igreja Búlgara dura até hoje.
A Igreja Búlgara conta com 8 milhões de fiéis, 26 bispos e 2300 clérigos. Em 123 mosteiros vivem 500 monges e monjas. A Igreja possui 3200 igrejas e 500 capelas (dados de 1995). Além das dioceses nacionais a Igreja possui duas dioceses nos Estados Unidos e uma na Europa Ocidental. A formação dos futuros clérigos se dá em dois seminários clericais e em duas Academias Teológicas.

Na liderança da Igreja Ortodoxa Búlgara está Máximo, o 21º. patriarca búlgaro. O patriarca Máximo nasceu a 29 de outubro de 1914. Em 30 de dezembro de 1950 foi elevado à dignidade de bispo. A eleição de Sua Beatitude Máximo, como Chefe da Igreja Búlgara teve lugar a 4 de junho de 1971 e sua entronização neste mesmo dia.

O Chefe da Igreja Búlgara tem direito a usar o título de: “Sua Santidade Patriarca Búlgaro, Metropolita de Sófia”.

A residência e cátedra patriarcal dedicada a Santo Alexandre Newski situam-se em Sófia.


Sua Santidade MÁXIMO
Patriarca da Bulgária
Metropolita de Sophia

sábado, 11 de outubro de 2008

História Resumida do Patriarcado da Romênia

Calendário Litúrgico da Igreja Ortodoxa da Polônia de 2003
Tradução do Rev. Ighúmeno Lucas

O cristianismo no território da atual Romênia surge já no tempo dos apóstolos. O apóstolo André e os discípulos do Santo apóstolo Paulo (Atos 16, 17 e 20; Rm 15, 19) proclamaram o Evangelho nesta região. A influência do cristianismo nesta região fortaleceu-se, particularmente, após a conquista da Dácia pelo imperador Trajano no ano 106. Colônias gregas de Schytia Menor (atual Dobrudja) mantiveram intensos contatos com as cidades do Oriente Próximo e conseqüentemente com os cristãos destas cidades. Isto nos confirma Tertuliano, que no ano de 196 escreveu: “...também povos e localidades distantes de Roma, na Gália e Bretanha, sarmaci e dakowie1, dobrudjanos, e muitas outras nações de províncias distantes são fiéis a Jesus e confessam o Seu nome”.

Depois da proclamação do Édito de Milão em 313 pelo imperador Constantino, o Grande, os bispos de Schytia Menor desenvolvem uma intensa atividade, cuja prova são as participações com delegações numerosas nos Concílios Ecumênicos (2o. em 381, 3o. em 431 e 4o. em 451).

Infelizmente, esta precoce organização da Igreja foi destruída no período das migrações das populações nos séculos VI e VII. O renascimento da Igreja inicia-se depois da missão na Moldávia de São Cirilo e Metódio, na segunda metade do século IX por intermédio da Bulgária. Por mais de 200 anos os cristãos locais, em questões administrativas, estavam subordinados à Igreja Búlgara. Emanciparam-se, parcialmente, em 1014 depois da derrota da nação búlgara pelo imperador bizantino Basílio II, o matador de búlgaros (976-1025). A diocese local da Valáquia ficou subordinada ao arcebispo de Orchryd e posteriormente ao arcebispo de Tyrnow, que usava, então, o título de “Arcebispo de Tyrnow, Primaz dos búlgaros e dos valaquianos”. A emancipação da Igreja dava à Igreja Romena a possibilidade de desenvolvimento em diversas direções. Surgiram, então, os mais antigos mosteiros e igrejas locais. Sob a influência de famosos padres, como São Nicodemos, desenvolveu-se o hesicasmo. Floresce a cultura e a arte. Não é de se estranhar que nos anos 1389-1394 o bispado da Ungaro-Valáquia foi elevado ao nível de metropolia. A partir do ano 1396 a metropolia passa para a supervisão de Constantinopla. Em 1456 (depois da queda de Bizâncio em 1453) novamente volta para a supervisão de Orchryd.

Por volta do final do século XV o sultanato otomano abrangia toda a Ásia Menor, Península Balcânica até depois dos rios Sawa e Dunai, assim como estendia sua supervisão sobre a Valáquia (1396), Krymsk (1475) e Moldávia (1501). Durante o domínio turco a Igreja Romena conservou uma relativa independência. A Romênia situava-se no extremo do império otomano. Logo ao lado encontravam-se países europeus independentes que aguardavam o enfraquecimento da Turquia e procuravam pretextos para aumentar, às custas dela, seus territórios. Os mulçumanos não puderam, então, se permitir uma demasiadamente clara perseguição aos cristãos romenos. Entretanto, sufocaram sangrentamente os mais significativos sinais de insurreição. Tentaram islamizar o país, o que, porém, terminou em total fracasso.

No final do século XVII a Turquia cada vez mais intensamente tendia para o declínio. No ano de 1699, depois da guerra austríaco-turca, por força do acordo de paz de Karlowack, a Áustria recebeu uma grande parte do território romeno. A Igreja ortodoxa pode respirar aliviada do jugo mulçumano, mas ao mesmo tempo ficou sujeita a uma forte propaganda uniata. O país reconhecia apenas quatro confissões religiosas, todas ocidentais: católica romana, luterana, calvinista e uniata. Ao longo de todo o século XVIII de diversas maneiras induziram os ortodoxos à subordinação ao bispo de Roma. Esta mesma política, conduziram em Siedmiogrodz. A maior parte daqueles cristãos era formada de cristãos ortodoxos da Romênia. O clero ortodoxo foi rebaixado ao status de servos campônios. Em conseqüência das pressões, significativa parte dos romenos de Siedmiogrodz aceitou em 1701 a união com Roma. Os que permaneceram com a Ortodoxia ficaram privados de seus próprios bispos e entregues à supervisão do clero sérvio. Só em 1810 obtiveram seu próprio bispo, Basílio Moga (1810-1846).

No século XIX entre os romenos aumentava o desejo de independência. Encontraram solidariedade e apoio da Rússia e de países da Europa Ocidental. Sob as pressões destes países a Turquia consentiu, que em 1861 os principados de Moldávia e Valáquia unissem–se em um só país – a Romênia. Em 1864 o país chegou a uma revolução política, em conseqüência da qual todas as autoridades aceitaram a soberania do príncipe Aleksander Jan Kuza. Durante seu governo a Igreja Ortodoxa Romena proclamou sua autocefalia em 1865, que em novembro de 1878 foi confirmada, com decreto, pelo patriarca de Constantinopla Joaquim III. As determinações do decreto e ratificação final da autocefalia ocorreu somente em 25 de abril de 1885. Isto coincidiu com o Congresso de Berlim, que reconheceu a independência da Romênia e ao mesmo tempo aumentou o seu território anexando Dobrudz. Para a Igreja Romena haviam chegado os anos de muito trabalho interno em função da ampliação da estrutura das dioceses e desenvolvimento da atividade educacional e caritativa. Revitalizaram-se, também nesta época, os antigos mosteiros.

Depois da 1a. Guerra Mundial para a Igreja Romena tornaram-se incluidas as dioceses das terras anexadas à Romênia: Moldávia, Siedmiogrod, Transilvânia e Bukowina.

Em 4 de fevereiro de 1925 o Santo Sínodo do Patriarcado Ecumênico tomou a decisão de criação do patriarcado romeno com sede do patriarca em Bucareste. As Igrejas Locais expressaram sua concórdia para esta decisão.

Em 1925 o patriarca da Romênia participou na proclamação da autocefalia da Igreja Ortodoxa da Polônia.

Depois da II guerra mundial com relação à mudança das fronteiras nacionais, o patriarca perdeu a Metropolia de Bukowina e o arcebispado da Moldávia. Em 1948 retornaram para a Igreja Ortodoxa Romena os fiéis e clero uniata da Igreja Greco-Católica da Transilvânia.

No ano de 1946 a Frente Nacional-Democrática de diretriz comunista conquista a maioria dos mandatos na Assembléia Nacional. É proclamada a República Popular Romena. A situação do Patriarcado sob o seu governo foi favorável inicialmente. O país apoiava a reconstrução de tudo que havia sido destruído pela guerra, assegurava total tolerância e a igualdade de direitos. A partir da metade dos anos 60 inicia-se um período de martírio na história da Igreja Romena. No tempo do governo de G. Gheorghiu-Deja (até 1965) e N. Ceausescu (1967-1989) cai sobre o patriarcado as mais terríveis perseguições. Foram destruídas, neste período, igrejas e mosteiros, dioceses liquidadas e dos 10 mil clérigos de então, 5 mil foram presos acusados de inimigos do sistema. Foram proibidas as atividades editoriais e catequéticas. Dificultada a vida litúrgica. O patriarcado começa a revitalizar-se após a queda do regime de N. Ceausescu em 1989.

Atualmente o número de fiéis do patriarcado chega 20 milhões, o que constitui 86% da população do país. O patriarcado divide-se em 22 dioceses e 123 decanatos. A igreja possui 8941 paróquias com 12546 igrejas. A assistência pastoral é exercida por 40 bispos e aproximadamente 9400 padres e diáconos. A Igreja dispõe de 14 departamentos teológicos nas universidades federais, 33 seminários e 12 escolas para salmistas. Atualmente existem na Romênia 400 mosteiros e eremitérios, nos quais oram e trabalham 4100 monges e 4500 monjas.

Na liderança da Igreja Ortodoxa Romena está o patriarca que usa o título: Sua Beatitude Arcebispo de Bucareste, Metropolita da Ungaro-Valáquia e patriarca de toda a Romênia.

Atualmente o chefe da Igreja Romena e sexto patriarca da Romênia é Daniel. Nasceu a 22 de julho de 1951, na localidade de Dobrestia nas proximidades de Lugoj. Eleito em 12 de setembro de 2007, foi entronização em 30 de setembro na catedral patriarcal em Bucareste dedicada a São Constantino e Santa Helena, iguais aos apóstolos.

A Igreja Ortodoxa da Polônia foi representada pelo Arcebispo Jeremias de Wroclaw e Szczecin.


Sua Beatitude DANIEL
Patriarca da Romênia
Metropolita da Ungro-Vlachia
Arcebispo de Bucarest

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

OrtoFoto

Mosteiro de Gracanica - Kosovo
autor: Ziomek z Hanoi

“Sobre a última oração do Cristo pelos fiéis”

Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu, em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. (Jo. 17, 21)

Irmãos, a misericórdia de Deus é grande. Quando um justo a sente, chora; mas quando um pecador a sente, envergonha-se. Pela misericórdia de Deus, somos purificados, iluminados, salvos, adotados e unidos ao próprio Deus. Contudo ninguém deve deduzir que, por essa unidade com Deus, tornamo-nos da mesma Essência de Deus e iguais a Deus. Jamais seremos de uma só Essência com Deus, e nem iguais a Deus, do modo em que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são de uma só Essência e iguais em Ser. Para que todos sejam um, o Salvador diz ao Seu Pai em prol de Seus discípulos, como Tu, ó Pai, o és em Mim, e Eu em Ti; e aqui ele está pensando na unidade de amor, e não na unidade de natureza. Do amor fluem a obediência mútua, o auxílio mútuo, a misericórdia mútua, a mansidão, a humildade, a bondade, a boa vontade e o sacrifício. E quando o Senhor diz: Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus (Mateus 5: 48), Ele não quer dizer que os homens podem ser iguais a Deus, mas quer mostrar-lhes o exemplo supremo de perfeição em tudo o que é bom. Pois muitos mestres dos homens apontaram como exemplos de perfeição alguma coisa ou alguma pessoa, mas não Deus. Com demasiada freqüência, ensinaram aos homens o mal e o indicaram como exemplo de perfeição. É por isso que o Senhor ensina aos homens que tomem o Pai Celestial como exemplo de toda a perfeição e que trabalhem e se esforçem por essa verdadeira perfeição e não por alguma outra. Pela graça de Deus, somos todos adotados por Deus e nos tornamos um em Cristo Jesus (Gálatas 3: 28). Contudo, não nos tornamos deuses; não nos tornamos iguais às Pessoas da Santa Trindade. Não vos esqueçais do que dizem as Escrituras: Nem os céus são puros aos Seus olhos (Jó 15: 15). Nem as majestosas potestades dos céus são iguais a Ele; o que dizer então do homem? Todavia, pela graça de Deus e por causa dos sofrimentos do Senhor Jesus, os fiéis são exaltados à unidade com Deus, em amor e em espírito. Portanto esforcemo-nos para fazer a vontade de Deus, para que em verdade possamos ser exaltados a tais alturas majestosas.

Ó Senhor Jesus Cristo, nosso Deus, Que és o Deus de toda misericórdia e bondade, guarda-nos em Tua misericórdia até o fim, e não Te encolerizes conosco, mas antes perdoa-nos.

A Ti sejam a glória e o louvor para sempre. Amém.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Santo Igúmeno e Místico Sérgio de Radonége (+ 1392) - 25 set/08 nov


Sérgio foi um grande asceta, uma luz da Igreja Russa. Nasceu em 1313, em Rostov, de pais devotos, Cirilo e Maria. Após a morte de seus pais, Bartolomeu (pois esse era seu nome de batismo) tornou-se monge e fundou o Mosteiro da Santa Trindade nas florestas de Radonezh. Como um silencioso e gentil servo de Deus, conhecia apenas o trabalho e a oração. Por causa da pureza de seu coração, foi feito digno do dom da taumaturgia, chegando até a ressuscitar os mortos em nome do Cristo. A Santa Deípara lhe apareceu muitas vezes. Príncipes e bispos iam até ele em busca de conselho. Abençoou o Príncipe Demétrio Donskoy e predisse a sua vitória na batalha pela libertação da Rússia dos tártaros. Via o interior dos corações dos homens, bem como eventos futuros. Seu mosteiro era repleto de monges, já durante sua vida, e, século após século, tem se mantido como um dos mais importantes centros da vida espiritual e dos milagres de Deus. São Sérgio repousou no ano de 1392. Após seu repouso, apareceu muitas vezes a diversas pessoas.
Hino de Louvor
Venerável Sérgio de Radonége
Exemplo de mansidão orante
Desde sua juventude, o santo Sérgio
Amava Deus e a beleza de Deus
E instilava em si a serenidade e a bondade.
Encheu a selva com a oração incessante
E transformou a floresta num lugar santo de Deus.
Não se importava com a vaidade mundana,
Nem jamais se enraiveceu.
Totalmente calado e manso com todos,
Mas nada manso, porém, com o pérfido adversário.
Com o inimigo de Deus, o pai de toda a mentira,
Que busca devorar as almas dos homens,
Sérgio lutou com bravura uma dura batalha,
Incansável e potente até a vitória final.
Assim o ancião repousou, mas o santo ficou
Como uma coluna de fogo para o povo russo,
Rogando a Deus por todas as bênçãos
E trazendo as bênçãos do Céu a seu povo.
Santo Sérgio, não deixes de brilhar,
Não cesses de orar ao Deus Altíssimo
Pelo bem da Igreja, pelo bem da Rússia,Na glória do Cristo, ó São Sérgio!

Reflexão
Um santo não brilha exteriormente. Todas as suas riquezas são internas: estão em sua alma. Um camponês veio de longe ao mosteiro para ver São Sérgio. Quando perguntou aos monges pelo abade, disseram-lhe que trabalhava na horta. O camponês foi à horta e viu ali um homem em roupas pobres e esfarrapadas, cavando como qualquer outro camponês de fazenda. Insatisfeito, o camponês retornou ao mosteiro, achando que os monges haviam feito chacota dele. Assim, para deixar as coisas claras, perguntou mais uma vez pelo glorioso santo padre, Sérgio. Nesse exato momento Sérgio voltou ao mosteiro e deu as boas-vindas ao camponês, servindo-lhe à mesa. O santo vira o interior do coração do visitante e sabia do baixo conceito que ele tivera de sua aparência. Consolou-lhe prometendo que veria Sérgio dentro de pouco tempo. Então um príncipe e seus boiardos chegaram ao mosteiro e todos se prostraram perante São Sérgio, pedindo-lhe a benção. Os monges então retiraram o camponês do aposento a fim de acomodar os novos visitantes. Consternado, o camponês observava à distancia, verificando que aquele a quem procurava estivera por perto o tempo todo. O camponês se censurou por sua ignorância e ficou muito envergonhado. Quando o príncipe partiu, o camponês se aproximou depressa do santo, caiu aos seus joelhos e começou a implorar seu perdão. O grande santo abraçou-o e lhe disse: "Não lamentes, meu filho, pois és o único que descobriu a verdade sobre mim, considerando-me um nada; enquanto outros se iludiram, tomando-me por grande coisa."

terça-feira, 7 de outubro de 2008

“Sobre Deus Espírito Santo, que procede do Pai“

Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito da verdade, que procede do Pai, testificará de mim. (Jo, 15, 26)
Irmãos, as profundezas da Essência de Deus são impenetráveis. Mas Deus nem ocultou tudo de nós, e nem nos revelou tudo. Ele nos revelou tanto quanto nossa fraqueza pode suportar e o quanto é necessário para a nossa salvação. Sobre o Espírito Santo, foi-nos revelado que Ele procede do Pai e é enviado pelo Filho. Que ninguém busque mais que isso, para que não caia em erro. Dado que Ele procede do Pai, Ele é de uma só Essência com o Pai; dado que Ele é enviado pelo Filho para continuar a obra do Filho, Ele é igual ao Filho. O Senhor dissera antes: De Mim testifica (...) o Pai (João 8:18); e agora Ele diz do Espírito de Verdade que Ele testificará de Mim. Ambos os testemunhos são o mesmo: é por isso que o Senhor menciona um numa ocasião e o outro em outra ocasião. Aquele que testifica e Aquele que testificará são iguais em Essência – pois o Senhor não haveria de ter um testemunho futuro menor do que o testemunho passado. Dessa forma, falamos do tempo em termos humanos, mas na realidade os Três testificam eternamente no Céu, conforme as palavras do Evangelista: Porque Três são os que testificam no Céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes Três são Um (I João 5:7).

Há homens que afirmam que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho. Quem lhes revelou isso, e quando? Sabemos que o Espírito Santo procede do Pai, pois isso nos foi revelado pelo Filho de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, rejeitamos tal acréscimo à nossa Fé Ortodoxa, pois que não se coaduna com as palavras do próprio Senhor. E ainda: para que compreendamos verdadeiramente as palavras do Puríssimo Senhor, nossos corações têm que se tornar muito puros. Por conseguinte, temos mais que fazer esforços para purificarmos os nossos corações das paixões do que obedecer à vã curiosidade intrometendo-nos, com o coração impuro, nas infinitas profundezas infinitas do ser de Deus; pois os que o fazem caem na heresia e perdem as suas almas.

Ó Senhor Deus, grande e poderoso, damos graças a Ti por teres vindo a nós por meio de nosso Salvador Jesus Cristo; daí sabemos que não somos a prole das trevas, mas antes os filhos da luz.

A Ti sejam a glória e o louvor para sempre. Amém.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Festa da Concepção de São João, o Grande Profeta, Precursor e Batista de Nosso Senhor Jesus Cristo - 23 set/06 out

Neste dia, celebram-se a misericórdia, os milagres e a sabedoria de Deus. A Sua misericórdia para com os devotos e justos pais de São João, os idosos Zacarias e Isabel, que durante toda a vida desejaram e imploraram um filho a Deus; o Seu milagre, o da concepção de João no idoso ventre de Isabel; e a Sua sabedoria, na dispensação da salvação do homem. Deus tinha um desígnio especialmente grande para João, a saber: o de que ele fosse o Profeta e o Precursor do Cristo Senhor, o Salvador do mundo. Por meio de Seus anjos, Deus anunciou o nascimento de Isaac à estéril Sara, o de Sansão à estéril mulher de Manué e o de João, o Precursor, aos estéreis Zacarias e Isabel. Todos eram pessoas para quem Ele tinha planos especiais, e Ele predisse seus nascimentos por meio de Seus anjos. Como puderam nascer filhos de pais idosos? Quem deseja compreender isso não o deve perguntar aos homens, pois os homens não o sabem; nem estudar a lei natural, pois isso ultrapassa a lei natural. Deve antes voltar o olhar ao poder de Deus Onipotente, que criou o mundo inteiro do nada e que não precisou de pais – velhos ou jovens – para a criação do primeiro homem, Adão. Em vez de sermos curiosos, demos graças a Deus, que com freqüência nos revela Seu poder, misericórdia e sabedoria de maneiras que ultrapassam a lei natural (na qual estaríamos aprisionados sem esses milagres especiais de Deus, e cairíamos no desespero e no esquecimento de Deus).

domingo, 5 de outubro de 2008

OrtoFoto

Polônia
autor: Marek Lach

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

História Resumida do Patriarcado da Sérvia

Calendário Litúrgico da Igreja Ortodoxa da Polônia de 2003
Tradução do Rev. Ighúmeno Lucas

O Cristianismo nos territórios da atual Sérvia começou a desenvolver-se já no primeiro século de nossa era. A Tradição fala que a Boa Nova trouxeram aqui os próprios apóstolos, durante suas viagens missionárias: Apóstolo André e o Apóstolo Paulo, que para os Bálcãs enviou seu discípulo Tito. No século IV nos Bálcãs já havia o arcebispado de Tessalônica e a Metropolia de Sirmijum. As posteriores invasões dos Awar quase totalmente destruíram a, então existente, estrutura da Igreja. No século VII a cristianização destas terras rivalizava entre si Roma e Constantinopla. Até o ano de 732 a Sérvia encontrava-se na jurisdição da Igreja do Ocidente. Em 732 o imperador Leão III, Isáurico realizou nova divisão do império, em conseqüência da qual a Sérvia passa para a jurisdição do Patriarcado de Constantinopla.

Posteriormente, o cristianismo fortaleceu-se com a atividade missionária dos irmãos Cirilo (826-869) e Metódio (820-885). Em 869 por recomendação do imperador Basílio dirige-se para a Sérvia um grupo de clérigos gregos. Em 879/880 sob o governo do príncipe Mutimir, ocorre o batismo oficial da nação sérvio. Foi aberto, então, o bispado com capital em Ras, subordinado ao patriarca de Constantinopla. Em conseqüência da conquista da Sérvia pelo rei búlgaro Simeão I, o Grande (893-927), a Igreja sérvia tornou-se parte da Igreja búlgara. No ano de 1018, depois da derrota da Bulgária pelo imperador bizantino Basílio II, o Matador de búlgaros o bispado foi anexado ao arcebispado independente de Ochrid do patriarcado de Constantinopla.

Significado decisivo na história da nação sérvia e da Igreja foi o governo do rei Estevão I Nemani (1159-1195). Ele facilitou a reconstrução tanto da independência do país quanto da Igreja. Ele apoiou o desenvolvimento da Igreja, fundou mosteiros, templos, hospitais e asilos. O rei Estevão em 1196 recebeu os votos monásticos com o nome de Simeão e estabeleceu-se no Monte Atos. O poder transmitiu a seu filho Estevão, o Jovem. Junto com ele no Monte Atos esteve seu segundo filho – São Sawa. Juntos construíram o mosteiro sérvio de Chilandar no Monte Atos. Depois de 20 anos de trabalhos no mosteiro, São Sawa voltou ao país para enterrar o pai, morto no ano de 1200.

Em 1219, São Sawa foi elevado à dignidade de bispo e tornou-se, de fato, o criador da Igreja Sérvia independente. Ele dirigiu a Igreja por 14 anos. Este é o período mais esplendoroso do desenvolvimento da cultura religiosa sérvia. Em 1221 no dia da Ascensão do Senhor, São Sawa coroou seu irmão Estevão, o Jovem como primeiro rei da Sérvia.

Em 1346, no concílio em Skopije com a presença de arcebispos búlgaros e de Ochrid assim como de monges do Monte Atos, foi criado o patriarcado sérvio com capital em Pecz. O primeiro patriarca eleito foi Joanicio II (1346-1354). A criação do patriarcado ocorreu sem negociações com Constantinopla e por isso Calisto, o patriarca de Constantinopla, não apenas não reconheceu a criação do patriarcado sérvio como também o excomungou em 1352. Somente depois de conversas e negociações, em 1353, as decisões do concílio em Skopije foram aceitas como canônicas.

O patriarcado sérvio usufruiu um período muito curto de independência. Depois da sofrerem derrota pelos turcos no Kosovo em 1389 a Sérvia praticamente deixou de existir em 1459 e tornou-se parte do país turco. A Igreja encontrou-se em situação muito difícil e ficou privada de seus direitos e da proteção do estado. A maioria das igrejas foram transformadas em mesquitas. Foram fechados mosteiros e as atividades educacionais e editoriais vinculadas a eles suspensas. A Igreja Sérvia tornou-se uma jurisdição subordinada ao patriarca de Constantinopla. Os cristãos ortodoxos eram compelidos a converterem-se ao islamismo à força ou com pressões administrativas.

Os sérvios não se renderam e lutaram pelo direito à independência política e liberdade de confissão da fé de seus antepassados. No tempo do patriarca Macário Sokolowicz (1557-1571) a Igreja Sérvia gradualmente revivifica-se e consegue independência. Foram feitas, também, tentativas no sentido de reinstalar o patriarcado. Os turcos entenderam que a fé é a força espiritual da nação e assim querendo lutar contra ela em 1594 queimaram nas proximidades de Belgrado as relíquias do primeiro arcebispo sérvio São Sawa. Entretanto, isto não refreou as aspirações de libertação nacional. Revoltas e insurreições explodiam a cada dezena de anos até metade do século XIX.

As autoridades turcas, todo o tempo, aspiravam destruir a independência religiosa sérvia. A liquidação final da autocefalia aconteceu a mando do sultão Mustafá III no dia 11 de setembro de 1766, no tempo do patriarca Samuel I de Constantinopla. O patriarcado de Pecz foi degradado ao nível das menores metropolias subordinadas ao patriarca de Constantinopla. Iniciou-se um tempo de dinâmica helenização da hierarquia, e posteriormente de toda a Igreja e nação sérvia. Os bispos sérvios ficaram privados de suas cátedras, e em seus lugares foram enviados gregos. A língua litúrgica passou a ser o grego. Foram proibidas as homilias em sérvio. As perseguições por parte dos turcos e fanariat 1 obrigou muitos sérvios emigrar.

Depois da guerra turco-russa (na qual os turcos foram derrotados) à força das decisões do Congresso de Berlim de 1878, a Sérvia obteve a independência política. O novo governo e as autoridades da Igreja enviaram moção ao patriarca Joaquim III solicitando a concessão da autocefalia. Em 1879 o patriarca concede a autocefalia à Igreja Sérvia, entretanto não para todos os territórios do antigo patriarcado. No ano de 1882 depois da formação do Reino Sérvio seguiu-se a reforma da lei interna. A finalização da formação administrativa da estrutura da Igreja Sérvia aconteceu em 1890. As novas regras não garantiam, entretanto, na medida do possível uma vida normal de Igreja, porque o país estava esfacelado politicamente. Diversas de suas partes encontravam-se sob o patronato de vários países (Turquia, Áustria, Hungria), e em conseqüência os bispados também, o que desfavoravelmente afetava a percepção da nova lei e condução da política de unidade da Igreja. Foram criadas metropolias distintas, por exemplo, Montenegro, e as Igrejas Autônomas na Bósnia, Herzegovínia e na Macedônia.

Na composição do patriarcado sérvio, então, entravam 21 dioceses. As dioceses foram divididas em três metropolias. Além delas a Igreja exercia proteção canônica sobre mais algumas poucas dioceses no Canadá, América do Norte e nos territórios da atual República Tcheca.

Em 1918, ocorre a unificação da Sérvia, Herzegovínia, Montenegro e Bósnia. Em 1919, uniram-se a esses países a Croácia e a Eslovênia. Assim surgiu o reino dos sérvios, croatas e eslovenos. O novo país recebeu o nome de Iugoslávia.

No dia 30 de agosto de 1920, no concílio em Sremsk Karlowca foi anunciada a restauração do patriarcado. O metropolita de Belgardo tornou-se o chefe da Igreja. Apesar do silêncio inicial o patriarca de Constantinopla ratificou este ato com decreto em 1921.

No ano de 1941os fascistas alemães atacaram e dominaram o território da Sérvia. Dominaram-na, aliados com as turbas croatas. O controle do país foi tomado por Ante Paveli. Este período foi para os sérvios o mais duro de toda a sua história. Os sérvios eram perseguidos pela sua fé e nacionalidade, porque a única fé permitida no país era a católica romana. Neste período sucumbiram um milhão e setecentos mil ortodoxos. Particularmente e ativamente combateram a hierarquia ortodoxa. O extermínio estava relacionado com a re-cristianização que foi conduzida com o uso da força. Freqüentemente a aceitação do batismo latino era a única saída para evitar a morte. O terror durou até a libertação da Iugoslávia.

Depois da guerra, as autoridades da Iugoslávia encontraram-se diante de um sério dilema, no território da Iugoslávia estavam em contato grandes grupos religiosos: ortodoxos, católicos romanos e mulçumanos. De modo a conduzi-los a uma convivência pacífica, já em 1946 foi registrado na constituição um artigo inteiro sobre as bases da Igreja no país.

O final dos anos oitenta foi um período de renascimento da Igreja. Os ortodoxos constituíam o mais numeroso grupo religioso na Iugoslávia. O número de ortodoxos ultrapassava os 10 milhões. A Igreja contava, então, com 21 dioceses no país e 10 na Europa Ocidental, USA, Canadá e Austrália. Em 3000 paróquias encontravam-se 4200 templos (no território do país), em torno de 200 mosteiros, nos quais viviam cerca de 1000 monges e monjas. A Igreja possuía 4 seminários (com capacidade para cerca de 600 alunos) assim como um departamento de teologia na universidade de Belgrado. Esta estrutura quebrou-se em 1991, quando explode na Iugoslávia a guerra civil. Ao longo das atividades de guerra, como também em conseqüência do fanatismo descontrolado, muitos templos foram destruídos. Quando a Croácia torna-se um país independente, a Igreja Ortodoxa não abandonou seus fiéis que permaneceram naquele território. A Igreja apelou para um perdão mútuo das culpas e a reconstrução de casas e igrejas.

Em 1999 explode novo conflito, desta vez entre a Sérvia e o os albaneses. Isto levou a uma intervenção da OTAN no Kosovo. Em conseqüência de ataques aéreos destruidores mais igrejas, templos, monumentos de arte sacra foram danificados ou totalmente destruídos. Depois da guerra a Igreja, novamente, renasce, entretanto, constantemente acontecem ataques de membros do Exército de Libertação do Kosovo em mosteiros e igrejas ortodoxas. Segundo dados da Igreja Ortodoxa Sérvia, no período de junho a outubro de 1999 foram danificados e saqueados 76 igrejas e mosteiros, 64 foram incendiados, 39 minados e o alicerce de 5 minados.

O patriarca atual da Igreja Sérvia é sua Santidade Patriarca Paulo, que é o 44o. patriarca na história da Igreja Sérvia. Nasceu em 11 de setembro de 1914, em Slavonia. Foi elevado à dignidade de bispo em 22 de setembro de 1957. Foi eleito, em 1 de dezembro de 1990, chefe da Igreja Ortodoxa Sérvia e a entronização ocorreu no dia seguinte.

O chefe da Igreja Sérvia tem direito a usar o título de oficial de: Sua Santidade Patriarca Sérvio, Arcebispo de Belgrado-Karlowac. A residência do patriarca e sua catedral dedicada ao Arcanjo Gabriel situam-se em Belgrado. Sua Santidade, Patriarca Paulo realizou visita à Igreja Ortodoxa Autocéfala da Polônia em 2001.

Sua Santidade PAULO I
Patriarca da Sérvia,
Arcebispo de Belgrado-Karlovci

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

OrtoFoto

Sérvia
autor: Sasa Lazarevic

“Sobre o sofrimento do Cristo”

Agora, a minha alma está perturbada; e que direi eu?
Pai, salva-me desta hora; mas para isso vim a esta hora. (Jo. 12, 27)

Nada mais real veio a este mundo terreno do que o Senhor Jesus Cristo: nada mais real enquanto Deus e nada mais real enquanto homem. Em verdade, perante Jesus Cristo, este mundo inteiro é como uma miragem. Nem a terra, nem a água, nem o ar, nem a luz sequer chegam perto de Sua realidade. Eis que tudo isso passará, mas Ele permanecerá. De fato, Ele é a pedra fundamental do mundo eterno e imperecível; e somente Ele e aqueles que se apegarem a Ele tomarão parte nessa realidade eterna e imperecível. As tumultuosas mas impotentes ondas do tempo furiosamente assaltaram (e continuam a assaltar) a realidade da divindade do Cristo e até da Sua humanidade. Assim como muito esforço foi necessário para que os cristãos abrissem os olhos dos pagãos e provassem a Divindade do Cristo, tanto foi igualmente necessário para abrir os olhos dos hereges e provar a Sua humanidade. O onisciente Espírito Santo previu isso e, através dos Evangelistas, preparou as armas dos guerreiros cristãos. Agora a Minha alma está perturbada. Sentiria o Senhor aflições, se não fosse um verdadeiro homem, sujeito a todas as fraquezas da natureza física, exceto o pecado? E Ele haveria de sentir não apenas aflição, mas também medo: Pai, salva-Me desta hora! Isso é dito pela fraca natureza humana que teme a morte (pois se refere à morte). Entretanto, Sua natureza humana não era pecaminosa, mas impecável, pois nosso Senhor imediatamente acrescenta: Mas para isto vim a esta hora. Vedes quão importante é a morte de Cristo? Por ela é que somos redimidos e por ela é que somos salvos. Portanto, que ninguém pare nos ensinamentos de Cristo; mas, antes, dirija-se ao Gólgota e contemple com horror o sacrifício sangrento na Cruz, que foi oferecido pelos nossos pecados, pela nossa salvação das imundas mandíbulas da serpente do hades.

Ó Senhor Jesus Cristo, que sofreste por nós e pela nossa salvação, tem piedade de nós, agora e sempre.

A Ti sejam a glória e o louvor para sempre. Amém.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Santo Pont. e Conf., Eumênio, Arcebispo de Gortina–Creta (+ séc. VII) - 18 set/01 out

Desde a juventude, Eumênio seguia ao Cristo de todo o coração, libertando-se de dois pesados fardos: o fardo da riqueza e o fardo da carne. Ficou livre do primeiro fardo distribuindo toda seu patrimônio aos pobres e necessitados; e do segundo jejuando com rigor. Deste modo, ele primeiro curou a si mesmo, e depois começou a curar os outros. Livre das paixões e cheio da graça do Espírito Santo, Eumênio brilhava com uma luz que não podia ser escondida. Conforme está escrito, não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte (Mateus 5:14), assim o santo Eumênio não podia ser escondido do mundo. Testemunhando sua bondade, o povo o elegeu Bispo de Gortina e ele governou o rebanho do Cristo como um bom pastor. Era um pai para os pobres, riqueza para os necessitados, consolação para os aflitos, médico para os enfermos e um prodigioso taumaturgo. Por suas orações, operou muitos milagres: dominou uma serpente venenosa, expulsou demônios e curou muitos doentes – e isso ele o fez não somente em sua própria cidade, mas também em Roma e na Tebaida. Numa época de seca na Tebaida, obteve de Deus a chuva pelas suas orações. Ali na Tebaida terminou a sua vida terrena e tomou posse de sua morada na casa eterna de seu Senhor. Viveu e labutou no século VII.

“Sobre o Senhor Ressuscitado e Vivo, que é a Ressurreição e a Vida”

Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida;
quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá, (Jo. 11,25)

O Senhor Jesus Cristo falou essas santas palavras. Não apenas as falou, como também as comprovou com Seus atos. Ressuscitando a filha de Jairo, o filho da viúva de Naim e o Seu amigo Lázaro, Ele provou que é a ressurreição e a vida, o Ressuscitador e o Vivificante. E mesmo assim Ele as comprovou melhor pela Sua própria Ressurreição dentre os mortos. Pois estar vivo e assim ajudar os mortos eram coisas de que já se ouvira antes. Mas estar morto e enterrado, jazer no túmulo por três dias e dar a vida a si mesmo, isso era inaudito até a Ressurreição de Cristo. É o milagre dos milagres e a prova de um poder acima de qualquer outro poder. Esse milagre foi operado pelo nosso Senhor. O nosso Senhor manifestou esse poder. Logo, verdadeiras são Suas palavras, Eu sou a ressurreição e a vida: verdadeiras, santas e consoladoras para todos nós que viajamos rumo à inescapável morte do corpo e esperamos viver além do túmulo e ver o nosso Senhor Vivo em glória.

Entretanto, o Senhor não é somente o Ressuscitador do corpo mas também o Ressuscitador da alma. Durante Sua vida sobre a terra, ressuscitou apenas uns poucos corpos humanos, mas incontáveis almas -- para demonstrar que a ressurreição da alma é muito mais importante do que a ressurreição do corpo. Quase todas as almas humanas estavam mortas quando Ele veio ao mundo; e Ele ressuscitou inúmeras almas pelo Seu poder e imbuiu nelas a Sua vida. Tanto os judeus quanto os pagãos estavam mortos em alma e Ele avivou a uns e a outros. Meus irmãos, deixemos de lado todas as preocupações com a ressurreição de nossos corpos e batalhemos, enquanto ainda temos tempo, pela ressurreição de nossas almas. Pois se as nossas almas não ressuscitarem e não forem avivadas pelo Cristo ainda sobre a terra, não esperemos nenhum júbilo pela ressurreição de nossos corpos no Dia do Juízo, o Dia da Ira. Pois nessa ocasião os corpos de nossas almas mortas serão ressuscitados, não para a vida, mas para o tormento eterno.

Senhor Jesus Cristo, nossa única ressurreição e vida, ajuda-nos pelo Teu poder e pela Tua misericórdia, para que sejamos ressuscitados e avivados por Ti para a salvação e a vida eterna.

A Ti sejam a glória e o louvor para sempre. Amém