“A Ortodoxia manifesta-se, não dá prova de si”

ok

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

"Impaciência e seus sinônimos e significado "

Sofreguidão, ansiedade, avidez, pressa, urgência, irritação, ânsia, precipitação, leviandade, irreflexão, imprudência, prurido, comichão, coceira, tentação, cobiça, ambição, ansiedade, voracidade.

Um grande Mal dos nossos tempos, leva as pessoas a cometerem erros nas suas vidas e muitas das vezes pagando com ela ou diminuindo o tempo desta.

As maiorias das vezes acabaram por não mais podê-la controlar. Muitas das vezes em seu principio não sabemos que a possuímos, pois não damos ouvidos as pessoas que nos tentam alertar, pois achamos que isso seria uma situação natural. Estes preceitos se devem a inversão com que vemos o mundo e suas leis naturais.

Pesquisadores de uma universidade em Chicago (EUA) publicaram na semana passada, os resultados de uma pesquisa sobre as conseqüências da impaciência para a saúde das pessoas. Pessoas impacientes sofrem mais com problemas de hipertensão e têm mais probabilidades de contrair doenças cardíacas. Eles utilizaram algumas perguntas para avaliar se uma pessoa é impaciente: Você se aborrece quando tem de esperar? Você come depressa? Você costuma sentir-se pressionado no fim de um dia normal de trabalho? Costuma sentir-se pressionado pelo tempo? Aproveite e faça uma auto-avaliação.Você é uma pessoa impaciente?

A Bíblia afirma que a impaciência é uma manifestação de incredulidade e desconfiança. O profeta Isaías apresenta quatro atitudes geradas pela impaciência:

A impaciência leva-nos a substituir os planos de Deus pelos nossos. (Is 30.1)

A impaciência nos conduz a fazer coisas proibidas por Deus. (Is 30.1)

A impaciência gera frustrações e decepções. (Is 30.2-3)

A impaciência produz a rejeição do tempo ou do momento certo de Deus. (Is 30.4-5).


A impaciência, portanto, é danosa e prejudicial. Ela é uma evidencia clara da falta de fé em Deus. O profeta Isaías apresenta a solução para a impaciência: Porque assim diz o Senhor Deus, o Santo de Israel: Em vos converterdes e em sossegardes, esta a vossa salvação; na tranqüilidade e na confiança, a vossa força, mas não o quisestes (Is 30.15).

Três lições bíblicas para superarmos a impaciência:

1. Precisamos de conversão para Deus.
A conversão é voltar à mente e o coração para Deus. Ela é imprescindível no começo da vida cristã e indispensável no crescimento espiritual. Deus diz ao seu povo: Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra. (2Cr 7.14). Quando o apostolo Pedro estava tomado pelo pecado da soberba, Jesus lhe disse: Tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos (Lc 22.32).

2. Precisamos sossegar ou tranqüilizar o coração
A conversão a Deus sossega o coração. A fé tranqüiliza e nos dá acesso a paz de Deus: Tu, Senhor, conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito é firme; porque ele confia em ti (Is 26.3). E é na tranqüilidade que aprendemos quem é Deus, e o seu grande poder. O salmista declara que no contexto de turbulência e agitação, precisamos ficar quietos: Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus (Sl 46.10). Ore e transfira para Deus toda a sua ansiedade.

3. Precisamos confiar nas promessas de Deus
As promessas de Deus estão em sua Palavra. Confiar em Deus e acreditar na sua pessoa e naquilo que Ele diz. Aguardo o Senhor, a minha alma o aguarda; eu espero na sua palavra (Sl 130.5). Josué testemunha de maneira maravilhosa: Nenhuma promessa falhou de todas as boas palavras que o Senhor falara a casa de Israel; tudo se cumpriu. (Js 21.45). Deus nunca falhou ou descumpriu o que prometeu. Ninguém jamais ficou envergonhado em esperar no Senhor.

Vivemos dias agitados. Estamos sempre sob pressão. Neste contexto, a impaciência é considerada uma virtude, por muitos. A medicina e a Bíblia, porém, advertem: a impaciência é prejudicial a sua saúde física e espiritual.

O Prof Paulo Geraldo, prof. de português em Portugal nos escreve:

Reconhecemos, tal como já sucedia com os nossos antepassados, que estamos feitos para a felicidade, mas queremo-la no imediato. Não estamos dispostos a esperar por um além, do qual, aliás, nos acostumamos a duvidar. Paraísos... só se forem já e aqui.
Os antigos desconfiavam do imediato. Parecia-lhes pouco e pequeno. Encontravam dentro de si ânsias e desejos que nenhuma coisa daqui seria capaz de satisfazer. Parecia-lhes natural que um bem tão grande como aquele que pressentiam se fizesse esperar. Que custasse - em sacrifício - um preço muito elevado. Que se encontrasse, em plenitude, somente no final do caminho. Que estivesse tantas vezes escondido - como os tesouros.

Mas nós habituamo-nos a carregar em botões que fazem funcionar mecanismos que realizam - imediatamente e sem esforço da nossa parte - tarefas árduas e demoradas. Não cabe na nossa cabeça que não exista uma forma moderna, rápida e fácil de encontrar a felicidade.

Lançamo-nos, portanto, a procurá-la no que está perto, no que é fácil, no imediato.

Mas sucede - e todos vamos verificando isso - que não somos felizes. Que erramos o método. Que não existe modernidade neste campo.

Aquilo que está à nossa volta pode, sem dúvida, servir de caminho, fornecer pistas, funcionar como uma janela para o ponto de chegada. Mas não é o ponto de chegada.

Conseguimos apenas recolher prazer, satisfazer gostos e caprichos, saborear alguma comodidade - o que é muito, muito pouco. O nosso coração tem outras medidas. Por isso, continuamos a chorar por dentro, a sentir o desencanto e até a amargura.

Quem poderá descrever aquilo que existe dentro de nós?

Mas, para não termos de reconhecer o fracasso, chamamos a isso felicidade. Andamos emproados com as nossas roupas de marca, os nossos telefones celulares de último modelo, a nossa conta bancária, o nosso "poder de compra", a nossa ração diária de conforto...

Os resultados de confundirmos prazer com felicidade foram devastadores: animalizamos a sexualidade, desistimos da família, usamos as outras pessoas como nunca se tinha feito no planeta, tornamo-nos a nós mesmos semelhantes às coisas a que tínhamos entregado o coração.

E transmitimos tudo isso aos nossos filhos, pelo menos com o nosso exemplo ou com os nossos silêncios indesculpáveis. Ao mesmo tempo em que - como andávamos muito ocupados com os nossos prazeres rasteiros - os deixávamos abandonados num mundo que não é fácil de entender.

Teriam precisado de nós muito mais do que aquilo que de nós lhes demos. Em tempo, em sinceridade, em exemplos de virtudes, em verdadeira amizade. Teriam precisado, antes de mais, de que lhes déssemos irmãos, muitos irmãos - que são os grandes educadores e os grandes amigos para a vida.

Muitos deles também procuram agora a felicidade no prazer. Bebem, drogam-se, curtem. Freqüentam casas noturnas. Divertem-se em risos tontos e vazios. Tornaram-se bonecos nas mãos dos mercadores. Estudam como loucos para virem a ser ricos. Enfeitam-se extravagantemente por fora, porque ninguém lhes disse que se deviam enfeitar principalmente por dentro.

Tenho como certo que trazemos sobre os ombros o peso do sofrimento de uma geração. Se não nos emendarmos, a nossa saída de cena - não falta muito - será um alívio para o mundo.

Ficarão por aqui as vítimas da nossa impaciência. Hão de crescer amparados apenas uns aos outros; hão de errar muito e sofrer aquilo que não seria necessário sofrer. Mas encontrarão o caminho e serão homens.

Retornando ao nosso texto vemos o quanto aprendemos sobre a impaciência e indo procurá-la encontramo-la como sendo tão antiga quanto ao homem. O próprio Adão “impaciente” quis um resultado imediato e ouviu a Eva. Sabemos a conseqüência.

Nos tempos atuais vemos que as novas ciências não trouxeram nenhum alivio para ela, porem, tornou-a muitas vezes vestida de disfarces. Com isso dificultando a nossa tarefa de dominá-la.

Muitas brigas surgem motivadas por coisas sem sentido, mas que se avolumam e se inflamam com o calor da discussão. Isso porque algumas pessoas têm a tola pretensão de não levar desaforo para casa, mas acabam levando à prisão, ao hospital ou ao cemitério!

Por isso, é importante aprender a arte de não se irritar e encontrar uma saída inteligente. A pessoa que se irrita aspira o ar tóxico que exterioriza em volta e envenena a si mesma.

Ninguém discorda que é preciso amar para ser amado, e só quem ama de verdade cultiva os dons divinos que nos trazem graças em abundância. Os frutos da paciência são incontáveis em número, mas muito contados em histórias verídicas de amor ao próximo. A Virgem é o maior exemplo disso, por sofrer com paciência e confiança, aguardando a ressurreição.

Muitas pessoas falam a respeito de dosar a paciência. E de usar um pouco de impaciência para não ser confundido como conformista ou submisso e etc. Existem problemas que necessitam que a pessoa seja atirada e perca um pouco a paciência e com isso não cairá no que se diz, que tudo vem dos Céus. Dosar impaciência e muito difícil para uma pessoa impaciente seria mais fácil dosar a paciência para uma pessoa paciente. Devemos ter cuidado com o que ensinamos, pois poderíamos levar uma pessoa a desaprender tudo que conseguiu entender. Temos que nos lembrar o que Deus nos disse: “Tendes ouvido da paciência de Jó” (Tg 5:11).

Estou escrevendo sobre a impaciência, pois passei a perceber que as maiorias das pessoas não as possuem inclusive eu. E tenho certeza que muitas de nossas atitudes são regidas por ela e nos tornam pessoas vulneráveis e frágeis tanto na construção de nosso ser pessoal como no nosso relacionamento com o próximo, comprometendo inclusive aquilo que estamos desenvolvendo. Quisera aprender que Deus que está esperando julgar, não quando Sua paciência Se esgotar, mas quando o cálice da iniqüidade do mundo se encher. À hora do julgamento fica por conta da Sua vontade e não depende de maneira alguma da Sua paciência. Ele é infinito em paciência e o julgamento não será um ato de impaciência, mas de severa justiça. Deus nos revela que assim como tratarmos aos outros assim Ele nos tratará, e mesmo sabendo disso somos passiveis e tardos em mudar.

Continuaremos a escrever sobre este tema ate que um dia isto esteja escrito em nossos corações e que a razão já tenha sido superada.

Com ampor e com a vossa paciência em ler .

Presbítero Levy

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Metropolita Kirill de Smolensk e Kaliningrado é eleito Patriarca de Moscou e Toda Rússia

MOSCOU, RÚSSIA [OCA Comunicações] - Nesta terça-feira, 27 de janeiro de 2009, o Santo Sínodo Local da Igreja Ortodoxa Russa elegeu Sua Eminência, Metropolita Kirill de Smolensk e Kaliningrado como o 16º Patriarca de Moscou e Toda Rússia. O Patriarca-eleito Kirill nasceu em 20 de novembro de 1946, em Leningrado, atual São Petersburgo], onde seu pai servia como sacerdote. Formou-se no ensino secundário em 1964 e no Seminário Teológico Leningrado em 1970. Em Abril de 1969 recebeu o diaconato e foi tonsurado monge. Em junho do mesmo ano foi ordenado sacerdote. Em março de 1976 foi consagrado bispo de Vyborg e Auxiliar da Diocese de Leningrado. Em 1984 foi eleito bispo de Smolensk. Em 1991, foi elevado à cátedra metropolitana. Desde 1970, o Patriarca-eleito Kirill esteve envolvido em inúmeras atividades administrativas da Igreja Ortodoxa Russa, incluindo seu ofício de reitor do Seminário Teológico de Leningrado, de 1974 a 1984. Em 1989, foi nomeado presidente do Departamento de Relações Exteriores da Igreja, tornando-se membro permanente do Santo Sínodo da Igreja Russa. Em 6 de dezembro de 2008, após o repouso em Cristo de Sua Santidade o Patriarca Alexis II, o Metropolita Kirill foi eleito «locum tenens» Patriarcal da Igreja Ortodoxa Russa. Sua entronização como Patriarca será no próximo domingo, 1º de fevereiro de 2009, na Catedral de Cristo, o Salvador, em Moscou. Que o Senhor conceda ao Patriarca-eleito de Moscou e Toda Rússia muitos anos de vida e um fecundo ministério patriarcal. Axios!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

OrtoFoto

Polônia
autor: o.Serafim Telep

"Homilia sobre o Dia do Batismo de Cristo - São João Crisóstomo, Arcebispo de Constantinopla"

Diremos agora alguma coisa sobre esta presente festa. Muitas pessoas comemoram os dias festivos e conhecem seus significados, mas a causa pelas quais elas foram estabelecidas, elas não conhecem. Neste caso, a presente festa é chamada de Teofania – todos sabem; mas o que ela é, a Teofania, não sabem. É vergonhoso – celebrar-se o dia da festa, todo ano, e não saber-se sua razão.

Por causa disso, antes de tudo, é necessário dizer que não há uma Teofania, mas duas: uma atual, que já ocorreu, e a segunda no futuro, que acontecerá com a Glória do final dos tempos. Sobre uma e outra você ouvirá hoje de Paulo, que conversa com Tito, falando assim, do presente: “A Graça de Deus se há manifestado, tendo salvado toda a humanidade, decretando que rejeitássemos as iniqüidades e os desejos mundanos e habitássemos no tempo presente na prudência, na retidão e na piedade”. E sobre a outra, o futuro: “Na expectativa da bem-aventurada esperança e no aparecimento glorioso de Nosso Senhor Deus e Salvador Jesus Cristo” (Tit 2:11-13).Um profeta fala assim sobre Esta última: “O sol tornar-se-á em escuridão e a lua em sangue antes que venha o grande e iluminado Dia do Senhor” (Joel 2:31).

Por que o dia do nascimento de Cristo não é considerado o dia da Teofania? Mas exatamente no dia no qual Ele foi batizado? Porque neste dia Ele batizou e santificou a natureza da água. Por causa deste dia, nós obtemos água para levar para casa e guardá-la todo o ano. Desde este dia as águas ficaram santificadas e um fenômeno óbvio ocorre: estas águas em sua essência não se estragam com o passar do tempo, mas obtidas hoje, por um ano inteiro e freqüentemente por dois ou três anos permanecem incólumes e frescas e posteriormente por longo tempo, não deixando de ser água como aquelas obtidas nas fontes.

Por que então este dia é chamado Teofania? Porque Cristo fez-Se conhecer a todos não quando Ele nasceu, mas quando Ele foi batizado. Até este momento Ele estava desconhecido do povo E como o povo não o conhecia, quem Ele era, ouviram falar d’Ele através de João Batista, que disse “No meio de vós está um a quem vós não conheceis” (Jo 1:26). E não é uma surpresa que os outros não O conhecessem, pois mesmo o Batista não o conhecia até aquele dia. “E eu – disse ele – não O conhecia, mas o que me mandou batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito, e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo” (Jo 1:33).

Nisto está evidente que, há duas Teofanias, por esta razão é necessário conhecer uma e igualmente a outra. Primeiramente é importante falar sobre Seu amor sobre o último, de modo que aprendamos sobre o Criador.

Havia o batismo judaico, que limpava as imundices corporais, mas não removia pecados. Assim, aquele que cometia adultério, roubo, ou quem tivesse cometido qualquer espécie de crime, ele não o livrava da culpa. Mas aquele que tivesse tocado os ossos de um morto ou em uma comida proibida pela lei, que tivesse se contaminado ou contraído lepra, estando impuro até à tarde, após lavar-se, já estaria limpo. “Deixe que lave seu corpo em água pura – diz a Escritura – e se estiver impuro até à tarde, então será limpo” (Lev 15:5, 22:4). Não se tratava de fato, apenas, de pecados ou impurezas, mas de que: quando os judeus tornaram-se imperfeitos, Deus, manifestando nisso Sua grande piedade, preparou-os para a iniciação da observância das coisas importantes. Então, rituais judaicos não perdoam pecados, mas livram as impurezas corporais.

O mesmo não acontece conosco: ele é muito mais sublime e manifesta a poderosa Graça, por meio da qual Ele nos livra dos pecados, limpa o espírito e confere os dons do Espírito.

O batismo de João foi muito mais sublime do que aquele dos judeus, mas menos do que o nosso: ele foi como uma ponte entre dois batismos, fazendo passar por ele mesmo do primeiro ao último. Por qual razão João não nos indicou apenas a observância das purificações corporais, mas juntamente com elas ele nos exortou e advertiu à conversão dos vícios às boas ações e a confiar na esperança da salvação e na realização das boas ações, do que em diferentes lavagens e purificações pela água. João não disse: lavem vossas roupas, lave vosso corpo e tu ficarás puro, mas o quê?: “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento” (Mt 3:8). Desde então, o batismo de João foi maior para os judeus, mas menos para nós: o batismo de João não nos concedeu o Espírito Santo e não outorgou-nos o perdão pela Graça: ele deu os mandamentos para o arrependimento, mas não estava capacitado à absolvição dos pecados. Esta é a razão pela qual João também disse: “Eu vos batizo com água... Todavia, Aquele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Mt 3:11). Obviamente ele não batizou com o Espírito.

Mas o que isto significa: “com o Espírito Santo e com fogo?” Lembremos aquele dia no qual os Apóstolos “lá apareceu diferentes línguas como fogo que repousaram sobre cada um deles” (At 2:3). E que o batismo de João não concedera o Espírito e a remissão dos pecados fica evidente pelo que se segue: Paulo encontrou alguns discípulos e lhes perguntou: “Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes? ”Eles lhe responderam : “Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo”. Ele respondeu-lhes: “Em que fostes batizados?” Eles responderam: “No batismo de João”. Paulo então disse: “João de fato batizou com o batismo do arrependimento” – arrependimento, mas não remissão dos pecados; para quem ele batizou? “... dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo. E os que ouviram isto foram batizados em nome do Senhor Jesus. E impondo-lhes as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo” (At 19:1-6). Veja, como incompleto estava o batismo de João. Se este não estivesse incompleto, Paulo então os teria batizado novamente e colocado suas mãos neles; tendo realizado apenas o segundo ato ele mostrou a superioridade do batismo apostólico e que o batismo de João era inferior ao dele. Assim, deste modo reconhecemos a diferença dos batismos.

Agora é necessário perguntar: por quem Cristo batizou-Se e em qual batismo? Nem pelo Criador dos judeus, nem pelos os últimos – nós. Por acaso teve ele necessidade da remissão dos pecados, como isto foi possível para Ele, que não tem pecados? É dito nas Escrituras: “O qual não cometeu pecado, nem na Sua boca se achou engano” (1 Pe 2:22) e mais “Quem dentre vós me convence do pecado ?” (Jo 8:46). Se Sua carne estava privada do Espírito Santo; como poderia ser isto possível, quando ela no começo foi talhada pelo Espírito Santo? E deste modo, se Sua carne estava privada do Espírito Santo e Ele não estava sujeito aos pecados, então por quem foi Ele batizado?

Antes de mais nada é necessário conhecermos por qual batismo Ele foi batizado e então ficará mais claro para nós. Em qual batismo Ele foi de fato batizado? – Não no Judeu, nem no nosso, nem no de João. Por que Ele foi batizado não por causa do pecado e não havendo necessidade do dom do Espírito; no entanto, como demonstramos, este batismo estava ligado tanto a um quanto ao outro. É evidente que Ele veio ao Jordão não para o perdão dos pecados e não para receber os dons do Espírito. Mas deste modo, algumas pessoas daquele tempo não pensaram que Ele veio para o arrependimento como outros, ouvindo o que João prevenira. Eis o que ele falou a aqueles: “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento”; mas ouça o que ele disse a Ele: “Eu tenho necessidade de ser batizado no Teu (batismo) e Tua sabedoria vem até a mim? (Mt 3:8,14). Nestas palavras ele demonstrou que Cristo veio a ele não movido pelas mesmas necessidade que as pessoas vinham e que Ele estava muito distante da necessidade de ser batizado por esta razão – ele que é muito mais sublime e perfeitamente puro do que o próprio batismo.

Por que Ele foi batizado? Isto foi feito não por arrependimento, não pela remissão dos pecados, não para receber os dons do Espírito. Mas outras duas razões, na qual sobre uma o discípulo fala, e sobre a outra Ele próprio fala à João. João não declarou qual foi a razão deste batismo? Isto é, que o Cristo deveria ser revelado às pessoas, como Paulo também menciona: “João, portanto, batizou com o batismo de arrependimento, de modo que cressem naquele que viria” (At 19:4). Esta foi a razão do batismo. Se, ao contrário, João tivesse ido ao íntimo de cada um ou ficado na porta, proclamando o Cristo dizendo: “Ele é o filho de Deus”, tal testemunho deveria ser duvidoso, esta ação causaria extrema perplexidade. Mesmo ainda, se ele estivesse, em defesa de Cristo, ido às sinagogas e testemunhasse sobre Ele, este testemunho poderia ser suspeito de ser fabricado. Mas quando todas as pessoas invadiram o Jordão vindo das suas cidades e permaneceram às margens do rio quando Ele próprio veio para ser batizado e recebeu o testemunho do Pai pela voz do alto e pela descida do Espírito na forma de pomba, então o testemunho de João sobre Ele foi dado além de qualquer questionamento.
E desde então ele disse: “E eu não O conhecia” (Jo 1:31), Seu testemunho dado é digno de confiança. Eles eram parentes consangüíneos “pelo que Isabel, Sua parenta também concebeu um filho – disse o Anjo à Maria sobre a mãe de João (Lc 1: 36); se as mães foram parentes, então obviamente também foram as crianças. Apesar de parentes - não nos parece que João testificasse o Cristo por causa de seu parentesco; a Graça do Espírito formou-o com tal ardor, que João passara todos os últimos anos no deserto. Deste modo não parecia ter João dado seu testemunho devido amizade ou outra razão similar. Mas João, exatamente, como tinha sido instruído por Deus, assim anunciou sobre Ele, mesmo quando disse: “e eu não O conhecia”. Como tu o conheceste? “Ele me havia enviado a batizar com água, Aquele que me disse...” - “O que ele te disse ?” – “ Eu vi o Espírito descer do céu como uma pomba, e repousar sobre Ele. Este é batizado pelo Espírito Santo” (Jo 1: 32-33). Veja, o Espírito Santo não desceu como na primeira vez, abaixando sobre Ele, a fim de proclamar Sua inspiração – como através de um dedo, ele apontou-O a todos. Por esta razão Ele veio ao batismo.

E a segunda razão, sobre a qual Ele próprio falou – o que exatamente foi? Quando João disse: “Eu tenho necessidade de ser batizado por Ti, e Tu vens a mim?” Ele lhe respondeu: “Deixa por ora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça” (Mt 3:14-15). Por justiça compreendemos o cumprimento de todos os mandamentos, como é dito: “ambos eram justos, andando sem repreensão nos mandamentos do Senhor” (Lc 1:6). O cumprimento da justiça era necessário para todo o povo – mas nenhum deles guardava-o ou cumpria-o – Cristo veio então e cumpriu esta justiça.

E que justiça está lá, alguém diria, em ser batizado? Obediência a um profeta era correto. Como Cristo estava circuncidado, sacrifício oferecido, guardava o Sábado e observava as festas judaicas, assim Ele também acrescentou este gesto tradicional, sendo obediente ao ter sido batizado por um profeta. Foi a vontade de Deus então, que todos fossem batizados – após ter ouvido João, que disse: “Ele me enviou para batizar com água” (Jo 1:33); assim também disse Cristo: “os publicanos e o povo de Deus realmente justificaram Deus, tendo sido batizados com o batismo de João; os fariseus e os doutores da lei rejeitaram o conselho de Deus em relação a eles próprios, não sendo batizados por ele” (Lc 7:29-30).

Desse modo, se obediência a Deus significa justiça, e Deus enviou João para batizar a nação, então Cristo também cumpriu isto juntamente com os outros mandamentos. Considerar que o mandamento da lei é o ponto essencial entre dois valores: dívida, esta, que nossa raça precisava pagar; mas nós não a pagamos, e fracassados diante de uma acusação, ficamos contidos na morte. Cristo veio, e nos encontrando aflitos por esta dívida – pagou – realizou o necessário e ligou aqueles que não foram capazes de pagar.

Por esta razão Ele não disse: “é necessário para nós fazer isto ou aquilo”, mas “cumprir toda justiça”. “É da Minha responsabilidade, sendo o Mestre – Ele disse – fazer o pagamento do que é necessário”. Tal foi a razão do Seu batismo – por conseguinte, eles puderam ver, que Ele cumprira a lei – tanto esta quanto a outra, sobre a qual Ele falara antes. Por isso também o Espírito desceu como uma pomba: porque onde houver reconciliação com Deus – também haverá uma pomba. Deste modo, também na arca de Noé a pomba trouxe um ramo de oliveira – um sinal do amor de Deus pela humanidade e da cessação do dilúvio. E agora, na forma de pomba, e não num corpo – este particular merece ser notado – que o Espírito desceu, anunciando a universal Misericórdia de Deus e mostrando com ela, que o homem espiritual necessita ser gentil, simples e inocente, como Cristo sempre diz : “Se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos céus” (Mt 18:3). Mesmo como aquele arco, após o término do dilúvio, permaneceu sobre a terra; este arco, após a cessação da fúria, é colocado no céu, e agora este Imaculado e Imperecível Corpo é colocado à direita do Pai.

Tendo feito menção sobre o Corpo do Senhor, direi um pouco sobre Ele e então concluiremos esta conversa.

Muitos agora se aproximarão da ceia por ocasião da festa. Mas alguns se aproximarão não com tremor, mas empurrando, ferindo uns aos outros, em fúria de raiva, gritando, blasfemando, asperamente com seus companheiros, com muita confusão. Com o que, meu amigo, estás preocupado? O que o inquieta? Certamente assuntos urgentes te chamam. Até esta hora tu estás particularmente consciente do que estes assuntos te lembram, que tu estás situado sobre a terra e que tu pensas realmente em se unir com as pessoas? Mas não pense com a alma igual a uma pedra, que neste caso tu estarás sob a terra e não exultante com os Anjos, com os quais levantamos uma vitoriosa canção a Deus. Por isso Cristo representou-nos como Anjos, dizendo: “onde estiver o corpo, ali se reunirão as águias” (Mt 24:28). Deste modo devíamos subir ao céu e elevarmo-nos às alturas, tendo ascendido nas asas do Espírito; mas, ao contrário, como cobras, nós nos arrastamos sobre a terra e comemos sujeiras. Tendo Deus nos convidado à ceia, tu, embora saciado com muitas coisas, não ousaria deixar antes estas coisas enquanto elas estão ainda sujeitas? Enquanto os acontecimentos sagrados continuam, tu passarias por tudo, exatamente no meio, e irias embora? É por uma desculpa merecida? Que desculpa poderia ser? Judas tendo traído no final da tarde, naquela última noite, deixou-os apressadamente enquanto todos os outros, calmos, ainda reclinavam. (...).Se ele não tivesse ido embora, não teria concluído a traição; se não tivesse deixado seus co-discípulos, não teria perecido; se não tivesse se retirado do rebanho, o lobo não o teria agarrado e o devorado sozinho. Por esta razão, ele (Judas) permaneceu com os judeus, e aqueles (os apóstolos) foram embora com o Senhor. Veja atentamente, de qual maneira a oração final após a oferta do sacrifício é finalizada.

Nós devíamos, amados, lembrados disso, ponderar, receosos do julgamento que haveremos de ter. Nos aproximaríamos do Sacrifício Sagrado com grande respeito, com uma piedade adequada, de modo que venhamos a ter a benevolência de Deus, para limpar nossas almas e recebermos as bênçãos eternas, das quais todos nós seremos dignos pela Graça e Amor de Nosso Senhor Jesus Cristo, pelos homens, juntamente com o Pai e o Espírito Santo, tenham Glória e Poder.

Eternamente agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

"Boletim Interparoquial jan 2003, Tradução Irmã Irene"

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

OrtoFoto

Rússia
autor: Ринат

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Santo Protomártir e Arcediago Estevão (+ 34) - 27 dez/09 jan

Estêvão era parente do Apóstolo Paulo e um dos judeus que viviam nas províncias helênicas. Estêvão era o primeiro dos sete diáconos a quem os santos apóstolos ordenaram e designaram para o serviço da assistência aos pobres em Jerusalém. Por isso era chamado de Arquidiácono. Pelo poder de sua fé, Estêvão operou grandes milagres entre o povo. Os pérfidos judeus discutiam com ele, mas eram sempre vencidos pela sua sabedoria e pelo poder do Espírito, Que agia através dele. Então os infames judeus, acostumados a calúnias e à difamação, incitaram o povo e os anciões do povo contra o inocente Estêvão, acusando-o caluniosamente de ter blasfemado contra Deus e contra Moisés. Rapidamente se encontraram falsas testemunhas para confirmar isso. Estêvão então se pôs perante o povo, e todos viram o seu rosto como o rosto de um anjo (Atos 6:15), isto é, seu rosto estava iluminado com a luz da graça, tal como outrora o rosto de Moisés quando falou com Deus. Estêvão abriu a sua boca e enumerou as muitas boas obras e milagres que Deus realizara no passado pelo povo de Israel, bem como os muitos crimes e oposição a Deus por parte desse povo. Censurou-os especialmente pela morte do Cristo Senhor, chamando-os de traidores e homicidas (Atos 7:52). E enquanto eles rangiam seus dentes, Estêvão presenciou e viu os céus abertos e a glória de Deus. Aquilo que viu, declarou aos judeus: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus! (Atos 7:56). Então os homens maliciosos o levaram para fora da cidade e o apedrejaram até a morte. Entre seus perseguidores estava seu parente Saulo, mais tarde o Apóstolo Paulo. Naquela ocasião a Santíssima Deípara, de pé sobre uma rocha, à distância, com São João, o Teólogo, testemunhou o martírio desse primeiro mártir da verdade de Seu Filho e Deus, e orou a Deus por Estêvão. Isso aconteceu um ano depois da descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos. Gamaliel, um príncipe dos judeus e cristão em segredo, tomou clandestinamente o corpo de Santo Estêvão e o sepultou em sua própria quinta. Assim este primeiro dentre os mártires cristãos repousou gloriosamente e tomou posse de sua morada no Reino do Cristo Deus.

Hino de Louvor
Rumo a Estêvão, iluminado pelo Espírito,
Os assassinos judeus acorreram.
O ensangüentado Estêvão ajoelhou-se
E em alta voz clamou a Deus:
"Ó Senhor, Que da Cruz perdoaste
O maior pecado que jamais abalou a terra,
O maior pecado que o céu jamais contemplou:
Perdoaste Teus assassinos.
E agora, ó Graciosíssimo, perdoa-me a mim também!
Este crime – que é comparado àquele?
E eu, que sou, comparado ao meu Senhor?"
Dizendo isso, entregou seu espírito a Deus.
Os anciões furiosos, covardes feios,
Dispersaram-se depois de o matarem.
Então do céu desceram anjos
Ao redor do corpo do Protomártir.
Cantaram em coro um hino a ele
E levaram ao Paraíso a sua alma paradisíaca.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

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Sérvia
autor: Slobodan Simic

"Sobre a Santíssima Virgem, a Deípara"

Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor (Lucas 1:38).

Aqui de fato, irmãos, está uma verdadeira serva do Senhor! Se uma serva é aquela que substitui completamente a sua vontade pela de seu Senhor, então a Santíssima Virgem é a primeira dentre todas as servas do Senhor. Se uma serva é aquela que com intenção e toda a atenção contempla o seu Senhor, então novamente a Santíssima Virgem é a primeira dentre as servas do Senhor. Se uma serva é aquela que mansa e silenciosamente suporta todos os insultos e provações, esperando somente a recompensa de seu Senhor, então ainda uma vez mais a Santíssima Virgem é a primeira e a mais excelente de todas as servas do Senhor. Ela não se preocupou em agradar ao mundo, mas somente a Deus; nem se preocupou em justificar-se perante o mundo, mas apenas perante Deus. Ela é a própria obediência; ela é o próprio serviço; ela é a própria mansidão. A Santíssima Virgem podia, em verdade, dizer ao anjo de Deus: Eis aqui a serva do Senhor. A maior perfeição e a maior honra que uma mulher pode atingir na terra é a de ser uma serva do Senhor. Eva perdeu essa perfeição e honra no Paraíso sem esforço, e a Virgem Maria atingiu essa perfeição e essa honra fora do Paraíso com o seu esforço.

Pelas orações da Santíssima Virgem Deípara, ó Senhor Jesus Cristo, tem piedade de nós.

A Ti seja a glória e o louvor para sempre. Amém.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

MENSAGEM DE NATAL DO SANTO SÍNODO DE BISPOS DA IGREJA ORTODOXA AUTOCÉFALA DA POLÔNIA

Para o venerável clero, reverendos monges e todos os cristãos ortodoxos que amam a Deus.

“E sem dúvida alguma grande é o mistério da piedade: Aquele que se manifestou em carne, foi justificado no espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, e recebido acima na glória”. (I Tm 3, 16)

Estas palavras ditas pelo Apóstolo Paulo, anualmente no período da Festa do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo nos lembram o grande mistério – o Mistério da Encarnação do Filho de Deus, que salvou do pecado e da morte o gênero humano. Com este objetivo Jesus aceitou o corpo e sangue humanos (Hb 2, 14) e denominou-nos seus irmãos (Hb 2, 11). Pela sua vinda à terra, não apenas aproximou-se do homem, mas também tornou-se nosso Salvador. A encarnação de Deus é um grande mistério que revela ao homem o Reino de Deus. Este Reino está entre nós e em nós (Lc 17, 20).

São Gregório, o Teólogo em sua homilia para o Natal diz: “.... agora nasceu Cristo e no mundo resplandeceu a luz espiritual. Deus desceu à terra para que os seres humanos se elevem até Ele ....Este que é o clarão da glória do Pai, Imagem de Sua Hipóstase e imagem de misericórdia, com vistas à nossa salvação aniquilou-se a si mesmo, encarnou e nasceu de uma Virgem”

Irmãos e Irmãs!
A realidade da Encarnação de Deus dependia da “aniquilação e auto-limitação” do Filho de Deus, que tomou para Si finalmente nossa pequenez – tomando a forma de servo (Fp 2, 7). O Salvador curou as feridas infligidas ao homem pela flechas do diabo (irmos da 6ª ode, 2º cânon) e removeu a mortalidade da peçonha da víbora, destruidora de tribos e nações. (1º tropário, ode 4, cânon 3). O Senhor se tornou fonte interna de transformação espiritual do homem e de libertação moral do pecado. Cristo realizou através de seu sacrifício, esforço salvífico, que se iniciou a partir de sua Encarnação.

Irmãos e Irmãs!
O Nascimento de Cristo, hoje celebrado, revelou o caminho da criação do novo homem. Aquele que reina sobre os Céus sendo Verbo imaterial, aceita o corpo humano de modo a atrair para Si o homem e fortalecê-lo qualitativamente através desta nova comunhão. Esta comunhão realiza-se pela concepção na Mãe de Deus do Verbo, que nasceu dela sem violação do selo da virgindade.

Grande é o dia de hoje e grande é nosso amor ao Senhor recém-nascido e, também, à nossa Santíssima Virgem Maria. Por isso, também, adequadamente, com profunda fé e em silêncio estaremos diante da manjedoura de Cristo e meditaremos sobre o irrepetível mistério do Seu Nascimento. Desta maneira nos aproximaremos de Cristo e estaremos com Cristo e em Cristo, e isto significa amar e cumprir seus mandamentos. Guardando Seus mandamentos favorecemos a ordem no mundo e a paz em nossos corações e, também, a paz em torno de nós. E isto é muito importante, estar em paz, porque o Senhor nesta vida passageira nos envia numerosas experiências e dores. A Igreja, nossa Mãe compartilha as dores e alegrias da comunidade inteira, assim como, os sofrimentos de cada homem. São eles provocados pela falta de ordem, pela pobreza, doenças, ódio e falta de paz, isto tudo existe muito no mundo de hoje. A Igreja, enriquecida pelas experiências históricas, proclama a eterna Verdade, é a Divina embarcação que navega pelas ondas da vida, pelas tempestades e experiências, sendo conduzida por Cristo para um porto seguro.

Irmãos e Irmãs!
Nossa Santa Igreja vivenciou muitos momentos tempestuosos em sua história. Nos anos 2007 e 2008 relembramos em orações os difíceis momentos de sua vida, a chamada “Ação Vístula”, quando há setenta anos atrás ocorreu a destruição de templos ortodoxos em nossa pátria. No ano de 2009 que se inicia completam-se os setenta anos da eclosão da 2ª Guerra Mundial, em conseqüência da qual a vida da nossa Igreja ficou totalmente destruída. Na Igreja restaram apenas um metropolita e um bispo. Mais tarde, em 1948 o metropolita Dionísio foi afastado da direção da Igreja pelas autoridades nacionais e condenado à prisão domiciliar em Sosnow.

Apesar de tudo isso, a Igreja Ortodoxa na Polônia, guiada pelo Espírito Santo, hoje vive e cumpre sua missão, convocando a todos a se tornarem membros do Reino de Deus, que está em nós e entre nós. Cumprem-se as palavras do cabeça da Santa Igreja, Jesus Cristo: “.....edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18). Hoje a nossa Igreja conta com um metropolita e vários bispos, um quadro de clérigos jovens, que receberam formação e educação em nossas escolas teológicas e alegra-se com a plenitude de sua vida eclesiástica.

Por todas estas alegrias e tristezas agradeçamos a Deus e tenhamos a esperança, que, também, no futuro Ele conduzirá a nau da nossa Igreja pelas ondas do agitado mundo contemporâneo.

Cordialmente cumprimentamos o venerável clero, monges, jovens, e crianças e todos os fiéis da nossa Igreja na grande Festa do Nascimento de Cristo e no Ano Novo de 2009.

Que o Filho de Deus Encarnado ilumine com a luz plena de Graça do Seu nascimento nossas almas e corações, que ilumine nossa razão e fortaleça nossa vontade em direção à realização do bem.

Que a alegria dos pastores de Belém e dos sábios do Oriente permaneça entre nós. Que o Ano Novo de 2009 seja um tempo abençoado por Deus para a nossa Santa Igreja, para a nossa pátria e para cada um de nós.

Que as Bênçãos do Cristo menino esteja com todos vocês.

CRISTO NASCEU, LOUVAI-O!

Humildemente:

+ Savas, Metropolita de Varsóvia e toda a Polônia,

+ Simeão, Arcebispo de Lodz e Poznan

+ Adão, Arcebispo de Przemysl e Novo Sacz

+ Jeremias, Arcebispo de Wroclaw e Szczecin

+ Abel, Arcebispo de Lublin e Chelm

+ Mirão, Bispo de Hajnówka

+ Tiago, Bispo de Bialystok e Gdansk

+ Gregório, Bispo de Bielsk Podlaski

+ Jorge, Bispo de Siemiatycze

+ Paísios, Bispo de Piotrkow

+ Chrisóstomo, Arcebispo do Rio de Janeiro, Olinda e Recife

+Ambrósio, Bispo do Recife
Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, 2008/2009.
Vársóvia

"Sobre o Nascimento do Senhor, o Filho de Deus"

Saí do Pai, e vim ao mundo (João 16:28).
O Filho Unigênito de Deus, irmãos, gerado na eternidade do Pai e sem mãe, nasceu no tempo de uma mãe e sem pai. Aquela primeira geração é um mistério insondável da Santa Trindade na eternidade, e o segundo é o mistério insondável do poder de Deus e de Seu amor pela humanidade no tempo. O maior mistério no tempo corresponde ao maior mistério na eternidade. Sem adentrar nesse mistério máximo com a pequena vela de nosso entendimento, contentemo-nos, irmãos, com o conhecimento de que a nossa salvação se originou não do homem e nem da terra, mas das máximas alturas do invisível mundo divino. Tão grande é a misericórdia de Deus e tão grande é a dignidade do homem que o próprio Filho de Deus desceu da eternidade ao tempo, do Céu à terra, do Trono da glória à gruta do pastor, apenas para salvar a humanidade, para purificar os homens do pecado e reconduzi-los ao Paraíso. Saí do Pai, onde tinha tudo, e vim ao mundo, que nada pode Me dar. O Senhor nasceu numa gruta para mostrar que o mundo inteiro é uma gruta escura que somente Ele pode iluminar. O Senhor nasceu em Belém – e Belém quer dizer "a Casa do Pão" – para mostrar que Ele é o único Pão da Vida digno de homens verdadeiros.

Ó Senhor Jesus, Filho Pré-eterno do Deus Vivo e Filho da Virgem Maria, ilumina-nos e alimenta-nos Contigo.

A Ti sejam a glória e o louvor para sempre. Amém.

NATAL DE NOSSO SENHOR, DEUS E SALVADOR JESUS CRISTO - 25 dez/07 jan

Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho (Gálatas 4:4) para salvar a raça humana. E quando decorreram nove meses da Anunciação, na qual o Arcanjo Gabriel aparecera à Santíssima Virgem em Nazaré, dizendo: Salve, agraciada; (...) eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um Filho (Lucas 1:28-31), naquele tempo baixou-se um decreto de César Augusto ordenando que todo o povo do Império Romano fosse recenseado. De acordo com esse decreto, cada um deveria se dirigir à sua própria cidade e se registrar. É por isso que o justo José veio com a Santíssima Virgem a Belém, a cidade de Davi, pois eram ambos da linhagem real de Davi. Uma vez que muitos desceram a essa pequena cidade para o censo, José e Maria não conseguiram encontrar alojamento em casa alguma e procurarem abrigo numa gruta que os pastores usavam como redil. Nessa gruta, na noite de sábado para domingo, em 25 de dezembro, a Santíssima Virgem deu à luz o Salvador do mundo, o Senhor Jesus Cristo. Tendo dado-O à luz sem dor, tal como fora Ele concebido sem pecado pelo Espírito Santo e não por homem, ela mesma O envolveu em panos, adorou-O como Deus e deitou-O numa manjedoura. Então o justo José aproximou-se e adorou-O como o Fruto Divino do ventre da Virgem. Em seguida os pastores vieram dos campos, por ordem de um anjo de Deus, e O adoraram como Messias e Salvador. Os pastores ouviram uma multidão de anjos de Deus cantando: Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens (Lucas 2:14). Naquela ocasião, três sábios chegaram do Oriente, conduzidos por uma estrela prodigiosa, trazendo presentes: ouro, incenso e mirra. Adoraram-No como Rei dos Reis e ofereceram-Lhe seus presentes (Mateus 2). Assim entrou no mundo Aquele cuja vinda fora predita pelos profetas e que nasceu exatamente como havia sido profetizado: de uma Virgem Santíssima, na cidade de Belém, da linhagem de Davi segundo a carne, no tempo em que não haveria em Jerusalém um rei da linhagem de Judá mas antes quando Herodes, um estrangeiro, reinasse. Após muitos tipos e prefigurações, mensageiros e arautos, profetas e justos, sábios e reis, enfim apareceu Ele, o Senhor do mundo e o Rei dos Reis, para realizar a obra da salvação da humanidade, que não poderia ser realizada por Seus servos. A Ele seja a glória e o louvor eternos! Amém.

Hino de Louvor
Por amor ardente, Tu vieste dos céus;
Da beleza eterna, desceste à dor monstruosa;
Da luz eterna, desceste às espessas trevas do mal.
Estendeste Tua mão santa aos sufocados no pecado.
O Céu deslumbrou-se, a terra tremeu.
Bem-vindo, ó Cristo! Ó nações, rejubilai!
Por amor ardente, pelo qual criaste o mundo,
Como escravo rebaixaste-Te para alforriar os escravizados,
Para restaurar a casa que Adão destruíra,
Para iluminar os obscurecidos, libertar os pecadores.
Amor que não conhece temor nem humilhação –
Bem-vindo, ó Cristo! Mestre da Salvação!
Por amor ardente, ó Rei de toda beleza,
Deixaste o resplendor dos belos querubins,
Desceste à gruta da vida humana,
Aos homens desesperados, com uma tocha e paz.
Como conter-Te? – a terra se apavora.
Bem-vindo, ó Cristo! O Céu Te resiste!
A belíssima Virgem esperou em Ti por longo tempo.
A terra a eleva a Ti, para que por meio dela desças
Do trono elevado, da cidade celestial,
Para trazer a saúde e livrar o homem do pecado.
Ó Santa Virgem, Turíbulo de Ouro –
A Ti sejam a glória e o louvor, ó Mãe cheia de graça!

Reflexão
O Senhor Jesus, nascido em Belém, foi adorado primeiro por pastores e sábios (astrólogos) do Oriente – os mais simples e os mais sábios deste mundo. Ainda hoje, aqueles que mais sinceramente adoram o Senhor Jesus como Deus e Salvador são os mais simples e os mais sábios deste mundo. A simplicidade pervertida e a sabedoria aprendida pela metade foram sempre os inimigos da divindade do Cristo e de Seu Evangelho. Mas quem eram esses sábios do Oriente? Essa questão foi estudada em especial por São Demétrio de Rostov. Ele sustenta que eram reis de certas regiões menores ou cidades individuais na Pérsia, na Arábia e no Egito. Eram, ao mesmo tempo, versados no conhecimento da astronomia. Essa estrela prodigiosa apareceu a eles, anunciando o nascimento do Novo Rei. Segundo São Demétrio, essa estrela lhes apareceu nove meses antes do nascimento do Senhor Jesus, isto é, no instante de Sua concepção pela Santíssima Deípara. Consumiram nove meses no estudo dessa estrela, na preparação para a jornada e na viagem. Chegaram a Belém pouco depois do nascimento do Salvador do mundo. Um deles se chamava Melquior. Era velho, com barbas e cabelos brancos e compridos. Ofereceu ao Senhor o presente de ouro. O segundo chamava-se Gaspar; tinha o rosto rosado, era jovem e imberbe. Ofereceu ao Senhor o presente de incenso. O terceiro chamava-se Baltazar, era de tez escura e tinha uma barba muito densa. Ofereceu ao Senhor o presente de mirra. Depois de suas mortes, seus corpos foram levados a Constantinopla, de Constantinopla a Milão e de Milão a Colônia. Pode-se acrescentar que esses três sábios eram representantes das três principais raças de homens, que descendem dos três filhos de Noé: Sem, Cam e Jafé. O persa representou os jafitas, o árabe representou os semitas e o egípcio representou os camitas. Assim pode-se dizer que, por meio desses três, toda a raça humana adorou o Senhor e Deus Encarnado.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

"Sobre o Justo José"

Então José, seu marido, como era justo (...) fez como o anjo do Senhor lhe ordenara (Mateus 1:19,24).

Deve-se temer mais a Deus do que aos homens e deve-se obedecer mais a Deus do que aos homens. Essa é a lição da vida do Justo José, o parente e guardião da Santa Virgem Maria. Ele viveu na época da junção entre a Lei e a graça, e foi fiel à Lei até a graça aparecer; e então, quando a nova graça de Deus apareceu, fez-se fiel à graça. Obediente à letra da Lei, quis rejeitar a Santa Virgem quando ela concebeu o Salvador do mundo em seu puríssimo corpo. Mas quando um anjo de Deus lhe anunciou que Maria havia concebido do Espírito Santo (Mateus 1:20), abandonou sua intenção e não a rejeitou, antes fez como o anjo do Senhor lhe ordenara. Não raciocinou consigo mesmo, mas obedeceu a vontade de Deus. Por isso Deus o fez digno de grande glória, tanto na terra como no céu. Quieta e secretamente ele serviu a Deus; e Deus o glorificou abertamente. Não apenas ele foi feito digno do Reino de Deus, mas também seus filhos e filhas. Que pai desejaria algo mais além de que seu filho fosse um apóstolo de Cristo? E José teve dois filhos que foram apóstolos. É assim que Deus glorifica aqueles que O temem e O obedecem.

Ó grande Senhor, Deus do justo José, ajuda-nos também a nós pecadores a amar a Tua justiça e a temer somente a Ti.

A Ti sejam a glória e o louvor para sempre. Amém.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

OrtoFoto

Romênia
autor: Florina Stan

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

"Sobre Davi"

E disse Davi a Natã: "Pequei contra o Senhor" (II Reis 12:13).
Minhas lágrimas têm sido o meu pão do dia e da noite (Salmo 41:4).

O Rei Davi pecou contra Deus e se arrependeu, e Deus o perdoou. O pecado do rei foi grande, mas ainda maior foi o seu arrependimento. Ele era culpado perante Deus de dois pecados graves: adultério e homicídio. Mas quando Natã, o profeta de Deus, o censurou, ele exclamou angustiado: Pequei contra o Senhor! Dessa forma ele confessou seu pecado e se arrependeu amargamente, muito amargamente. Prostrado pelo pesar, orava a Deus chorando, jejuando, jazendo em terra e suportando mansamente os terríveis golpes que Deus mandava contra ele, sua casa e seu povo por causa de seus pecados. Em seus salmos penitenciais, ele diz: Eu sou verme e não homem (Salmo 21:7); Pela voz de meu gemido, o meu osso aderiu à minha carne (Salmo 101:6); Vigilei (...) pois comi cinzas como pão e misturei com lágrimas minha bebida (Salmo 101:8,10); Meus joelhos enfraquecem pelo jejum (Salmo 108:24). Aqui está o verdadeiro arrependimento; aqui está um verdadeiro penitente! Ele não se empederniu no pecado nem caiu em desespero; mas, esperando na misericórdia de Deus, arrependeu-se incessantemente. E Deus, Que ama o penitente, usou de misericórdia para com este modelo de penitência. Deus o perdoou e o glorificou acima de todos os reis de Israel; Ele lhe deu a grande graça de compor as mais belas orações penitenciais e de profetizar a vinda ao mundo do Santo Salvador, que viria da sua estirpe. Irmãos, vedes quão maravilhosa é a misericórdia de Deus para com os penitentes? Tanta misericórdia Deus teve para com esse penitente Davi que Ele não se envergonhou de tomar para Si a carne da estirpe de Davi. Bem-aventurados os que não se petrificam no pecado, nem caem em desespero por causa do pecado. O arrependimento salva do mal tanto um como o outro.

Ó Senhor Misericordioso, abranda nossos corações com lágrimas de arrependimento.

A Ti sejam a glória e o louvor para sempre. Amém.